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23 de agosto de 2011

O PSEUDO-roqueiro.

   Bom, já que o a palavra “pseudo” foi colocada em destaque, eu gostaria começar levantando a importância das diversas ramificações que sustentam esse mundo quase que fantasioso e idealizado chamado de cenário do rock.  É fácil poder dizer que a música definida como rock em todo o seu universo propõe revoluções, rompe barreiras e expõe idéias que são cantadas ou gritadas em palco. Seja também em estúdio e até mesmo em praça pública, através de estilos que aparecem em roupas, palavreados e nas paredes dos quartos/casas de cada um.
   Indiscutivelmente, podemos dizer que os tipos de som que nos atraem são os eleitos para habitar os nossos players portáteis e nossos HDs. Sendo assim, nós ouvimos dia após dia nossas músicas preferidas admirando o estilo, as roupas e todo o resto de nossos eleitos. Em algum momento, até carregamos as ideologias que em suas letras estão presentes.
   Talvez ainda, essas idéias que nos são passadas de música em música, de distorção em distorção, escalas e afinações nos deixem um tanto mais a vontade para interagir e socializar com pessoas que nos entendem. Pessoas que de alguma forma sabem o que significa ser parecido em algum ponto com aquilo tudo que uma banda pode significar. E quando algo bom sai disso, nos damos conta de que o lugar está bom, a música está boa e as pessoas estão no lugar certo.
    Como exemplo posso dizer que por minhas passagens nesses variados cenários (que se dividem em cerveja nos bares da Rua Ceará, shows no antigo Beco da Bohemia, Caxanga, Rock de Areia do Empório - Vicente, Deus o tenha.) sempre pude me deparar com situações perigosas, rodas memoráveis, bandas já extintas e gente estranha.
   Esse é o ponto: gente estranha. Não julgo pela aparência, pelo cabelo grande (que hoje não tenho porque infelizmente o trabalho exige cortado), pelas roupas escuras, calças rasgadas. Julgo pela falta de conhecimento. Pela falta de sensibilidade e até pela “forçação”.  Gente que finge “curtir” o som que eu e muitos admiramos. Gente que decora nomes de banda e seus respectivos álbuns e não sabe sequer o que a música que ele toca com sua banda cover realmente diz. Gente limitada.
   Não sei o quão é justo julgar pela falta de opinião. Porém acredito que muitos hoje fogem do que é chamado movimento POP sem se dar conta que Black Sabbath, Nirvana e mais alguns estão mais populares e banalizados que muitos Mcs fajutos. Uma música se torna POP quando ela é “da galera”, quando está no topo das paradas e não quando possui uma boa distorção e um baterista grosseiro.
    Muitas pessoas se dizem fãs fanáticos de Guns N Roses e não sabem sequer reconhecer uma música que não seja Welcome to the Jungle ou Sweet Child o’ Mine. Tudo bem: temos mais famosas como Paradise City, Dont’ Cry e Patiance. Pros muitos Fãs de Nirvana eu gostaria de perguntar o nome do baixista da banda (não vale olhar o Google) ou ainda dizer que muita gente não sabe que o baterista da banda hoje é vocalista do Foo Fighters.  São situações tão engraçadas quanto ver dois roqueiros de carteirinha na porta da saudosa Bunker 94 dizer que a música “Plush” do Stone Temple Pilots é de fato do Pearl Jam, ainda alegando ter o CD com a faixa.
    Um rótulo faz um pseudo-roqueiro ou mesmo um pseudo-cult. Então fica a dica: quando você disser que uma banda é legal, que uma música é irada, tenha certeza de não estar ouvindo alguém cantando “estupre-me, estupre-me, meu amigo”. Fica ridículo e desonesto com seu próprio ser e geralmente isso é consertado com anos de terapia. Algumas horas um simples “nossa que som maneiro, que banda é essa?” vai te deixar mais próximo de uma tribo “descolada”, ao invés de você fingir ser o cara que curte o som que geral se amarra.
   Nos dias de hoje é claro, observando esse estilo de comportamento e postura ao meio de tanto lutador e “playboy retardado”,é até engraçado pensar que em boa parte desse movimento os seres mais afeminados e “bem vestidos” nos anos 80, conseguiam mais atenção, fama e as mulheres mais gatas. Desse jeito fica fácil afirmar que a moda e o descolado mudam de figura e de década pra década, de ano pra ano.
   Pois bem, para os leitores que vivem nos anos 80 de forma saudosa (saudosa pelo fato de já fazerem 30 anos que não estamos mais nessa década), ao ponto de carregarem isso em sua postura de vida e todo o  resto que acompanha o indivíduo no dia-a-dia, eu pergunto: o quanto essa tribo de roqueiros "glan" seria descriminada por malandros que admiraram Noel Rosa na década de 60/50? Ou mesmo, quão careta pode ser considerado um senhor de meia idade vestido de Élvis? E ainda: como pode ser dito elegante um Idoso de terno azul, querendo ser parecido com Erásmo Carlos? Minha dica: pense um pouco mais antes de chamar alguém de alguma coisa.
   O quê acho importante deixar claro e explicado é que as gerações se divergem em diversos aspectos e níveis de entendimento. Sendo assim, quase que como em um tom religioso uma discussão pode ser iniciada: “o estilo que eu curto é melhor que o seu”, “eu sou bem vestido, você é brega”, “meu Deus é melhor que o seu”. E quando menos se espera, Bang! Matamos o romantismo presente na música, que é a liberdade de expressão em notas, e começamos uma guerra de tribos.
   Eu como observador posso até estar enganado, quando digo que esse tipo de desarmonia não se resume a playboys e roqueiros  como  também se estende às guerras entre tribos de grunges e metaleiros, satanistas e punks e até mesmo entre evangélicos e pagodeiros.
   Rótulos. Sim, são abomináveis não somente quando inibem o gosto de cada um, como também julgam o que no entendimento único de cada indivíduo se resume a uma escolha por afinidade e gosto.
E pra terminar meu recado deste dia de rock sem rótulos é: Viva o glan! Salve, salve a Jovem Guarda! Élvis não morreu! Cazuza está vivo e a bossa-nova é o Jazz brasileiro!







14 de agosto de 2011

Ao Grabrica.

    Eu não tenho dúvidas de que esse olhar é construído em cima de uma via de estrelas em mão dupla. Talvez, daqui ha um tempo você se pergunte porque algumas fases da vida passam tão depressa. Parece injusto esse lance da dependência ter que acabar. Mas cara, eu ja tive um pai vivo. Sei como é. A entrega e o abraço parecem que não são suficientes nunca. E cada gesto de carinho e ternura ficam registrando um caleidoscópio de memórias sem tamanho. E enquanto as suas princesas vão crescendo, eu vou vendo com orgulho um cara que eu vi ainda sem cabelos debaixo do braço e feliz por ter dado o primeiro beijo, sendo o pai que ele sempre sonhou em ter por perto.
    Cara, eu amo você. Amo tudo o quê você representa e tudo o que a nossa amizade tem sido ao longo desses anos todos. Eu não sei qual vai ser o desfecho disso tudo e nem sei ainda, se há de ter um fim essa nossa história. Penso em tudo o quê meus filhos um dia vão poder aprender com as suas crias, os seus tesouros.  
    Gabriel..., hoje eu senti uma falta sem tamanho de um cara que pra mim foi o meu herói, o meu espelho. E só de ver você sendo esse vencedor que se tornou, abraçando e cuidando das suas filhas, sendo tudo o que meu pai é pra mim, eu fico com um sentimento de conforto enorme. Um sentimento que se confunde entre a melancolia das lembranças misturadas com o que sei do nosso passado. Do que foi crescer do jeito diferente e unido que crescemos. Lembro do quanto você e meu corôa brigavam e riam um do outro quando rolava um Flamengo e Vasco. Lembro de você me zoando quando te enchia o saco, falando igual ao meu pai quando era aporrinhado. Lembro das vezes que seu avô passava pela portaria do prédio aonde a gente aprendeu tanta coisa, buscando você pra subir e tomar banho ou mesmo, te dando 5 pratas pra torrar com fandangos e refrigerante. Maracanã, Clube, Mc Donald's, Méier...
   A gente colecionou Comandos em Ação, a gente gostava das mesmas meninas e a gente sem ter motivo, acabou escolhendo carregar essa coisa sem tamanho que eu chamo de fraternalidade. Fazer aniversário no mesmo dia e nascer na mesma hora, só podia ser mero acaso.
   Pouquíssimas pessoas, muito poucas mesmo, viram meu pai me defendendo na rua quando eu apanhava de um fanfarrão mais velho. Pouquíssimas pessoas, conviveram com ele dentro da minha casa e viram o tanto que ele foi meu demônio e o meu Deus, meu anjo, a minha esperança. Eu me lembro daquele sorriso todos os dias. Do jeito que ele te chamava de Grabrica e das vezes em que ele chegava da padaria com um pão a mais.
   Foi-se o tempo cara. Passou. E quem vive no passado são os anjos que nos tem amor em vida, carregando esse sentimento nobre de proteção. Mesmo estando eles, em algum lugar mais bonito, melhor. Meu pai cara..., meu pai e seu avô tomando um scotch 12 anos, na beira da praia olhando pela gente e dizendo: "lembra daqueles dois com aquelas pranchas pra la e pra ca??". Nós dois, que estamos com bem mais de 5 ou 6 anos, construindo hoje um caminho cheio de carinho pra um dia, os nossos filhos fazerem o mesmo. E o que mais da pra fazer? Bem, a gente guarda a saudade nos olhos e no peito vazio, sendo preenchido por boas e eternas lembranças.

Feliz dia dos pais. Sei lá..., você é pai todo dia. Mas acho que por conta da mídia, eu quis dizer isso hoje.

Beijo no coração.

Valeu...

12 de agosto de 2011

No ano em que eu ainda sou "jovem".

   Estranho como o significado de lazer da galera que ta substituindo nós que temos quase trinta, mudou de uns tempos pra ca. Agora são só lugares lotados com gente preocupada em se entorpecer de qualquer jeito. Só se divide entre pessoas que querem gastar mais ou menos, brigar ou não brigar, se drogar ou beber. Todo mundo parece inseguro, afobado e meio forçado. Não me refiro nem à época dourada em que a juventude vivia aquele lance mais "Cazuza", mas mesmo pra nós que estamos passando a tocha adiante, conseguir ver que há um tempo o cenário era outro, fica fácil: o "Empório" não era SÓ um antro de droga, puta e desocupado, a gente curtia rodas memoráveis no "Caxanga" e no "Beco da bohemia"! Cara... me lembro deu dançar fazendo passe de "funk melody" ao som do "Steve B", dançando por dançar - claro que pegação é legal mas não é tudo.
   Pegar onda..., surfar! E não tirar onda e brigar. O baseado nesses tempos era pra brindar a juventude..., hj ja é movimento político cheio de bagagem envolvendo arma, gente ruim.
   Mas que seja, bola pra frente e pra essa galera que ta chegando eu só deixo a minha saudade. Só porque ser adulto hoje em dia, mesmo pra mim que sou um eterno moleque, tem sido mais legal.

10 de agosto de 2011

Eu prefiro somar as alegrias. Porque ninguém precisa me completar.

   Há tanto tempo havia sentido, que até então, há pouco tempo me vi sorrindo. De novo e não sei por quanto tempo, mas hoje me vejo feliz. Mãos se tocando, dedos entrelaçados e passos distribuídos em um tapete de conchas abandonadas pelo mar. Passo a passo na direção de uma ponta de praia. Uma ponta de sonhos que ali eram plantados despretensiosamente, assim como faziam de maneira sutil, as ondas que beijavam os pés de um par composto de dois corpos, de dois corações.
    
   Subi o olhar ao mapa do Brasil em forma de nuvem no azul de Angra e, pensando em ganhar o mundo, deixei o emaranhado de idéias ir até o infinito pra buscar o que em outros tempos menos coloridos, eram até ali resumidos à capacidade duvidosa de não mais amar.

   Outrora, minhas neuras, meu pensar. Noites em que escrevi a raiva com sangue em cicatrizes, distribuindo o meu medo em murros de rebeldia e desgosto em cada beco escuro por onde passei, por onde escolhi me perder. Pelos buracos em que não caí, e que sim, me joguei. Em parcelas morri: cuspi no chão e no chão sujo me deitei. Meu gosto era o do desgosto, e minha missão era esquecer. E foi assim que quase esqueci que sou feito de emoção, que música é o chão.
    
   E dos céus e pelo espaço-tempo, voltei de uma viagem ao passado de outros dias sofridos, onde meu coração foi arranhado e ferido. E naquele momento me vi tão mais homem, tão menos menino e agora - naquela hora, pisava no lugar onde muitos sonhariam estar: nas areias de uma praia, pisando sobre conchas esculpidas pelo mar. Segurando as mãos do meu destino, da minha chance de ser feliz como o homem que sou, e não como um menino que por vinte e quase-nove anos fui. Somando e não sugando. Caminhando lado a lado, jamais sendo carregado.
   
   A vida havia parado de se arrastar e meu sorriso se fez independente, contente. Pronto para de novo acreditar nos bons frutos que se pode colher, ao se cultivar o “amar”.  E assim, depois de re-aprender a rezar, me veio enviado dos céus um anjo caído: de cinta-liga e chicote em punhos. Olhando no fundo dos meus sonhos de amor puro, safado, puto e risonho. Jogando em meu abraço um presente de valor sem tamanho: o coração da mulher que faz as minhas cores serem mais vivas, fazendo o mundo ser escrito em realidades que não se acabam em feridas. Em amor selado com afago, tato, carinho e saliva. Quase um demônio apaixonado... e sim: meu lado humano grita pro horizonte ansioso pelo lado bruto e selvagem das paixões.
   
   Dos amores ideais, eu fico com aquele que faz a realidade estar abaixo do meu caminhar, compondo um mundo de sonhos em brisa e maresia. Eu cuido do que é meu porque estou completo, e ela..., bem, ela apenas soma com alegria na minha vida.

31 de julho de 2011

Barco sem rumo, sem vela. Cavalo sem cela.

   Dias se passaram e um sopro de vento mudou o rumo de uma canoa sem remos. E quem via de longe o marinheiro sem rumo, hoje vê um ponto ficando cada vez menor na linha do horizonte. Talvez uma direção que vai de encontro a algum lugar mais bonito. E quem por ali passou, fez vista grossa à feiçao de medo, fingindo não ouvir os gritos de pedido por um remo, por uma direção. 
   O vento, por sua vez, escutou a lágrima em tom de prece, e o curso natural da vida assim fez-se de leme em suas velas, soprando rumo ao novo, ao desconhecido: "Quem sabe lá para onde esse vento está me levando, alguem me ouça cantando em um mundo de carinho a compartilhar." - pensou molhando os pés  na maré mansa. E assim com o sol poente naquela tarde de domingo, o marinheiro, agora menos menino, se condecorou com orgulho, capitão. Naquela noite sabia que logo, logo, finalmente dormiria mais tranquilo. Longe dos ouvidos surdos e dos olhos que apenas viam seu rosto robusto e grosseiro, esquencendo que talvez ele tivesse um coração precisando de um abraço e não, de julgamento.

19 de julho de 2011

Força da infância.

Ventos em tons de azul
Paixão escrita em chuva,
Tempo meu.
Presença de peso em força
Fez seu sono ser tranqüilo
Despertando em um afago
O sonhar do anjo ali dormindo.
Por calçadas de mãos dadas
O velho e seu menino.
Olhou pra baixo com prazer
Ensinando a cor das ruas
Olhar de frente
Paixão nua, crua
Contente.
Deita no mundo
Se jogando em aprender
Ganha um chiclete
Pois sorriu por merecer.
Força da infância
Lembra com orgulho,
E hoje encara pelas ruas
Olhares brutos, sujos.
E quando passa pela cena
De outra cria e seu adulto
Cumplicidade assiste em tato
Abraça o infinito,
Espera a sua vez,
Mudo.

14 de julho de 2011

20 e quase nove anos e a prova da minha esperança.


Vários lugares diferentes. Já lidei com diversos tipos de pessoas com temperamentos, índoles e valores. Já vesti boa parte dos esteriótipos que expressam revolta, idéias de questionamentos existencialistas. Lí livros, sou uma "puta" pra tudo o quê a música pode e não pode oferecer, presenciei violência gratuita, assisti muita televisão e ja fui parar em cada fim de mundo e em cada situação que dariam ótimos roteiros do Tarantino ou Kubrick. Viaje,i hora usando maconha e hora estudando a história das mais diversas culturas da humanidade e de outros povos. Descobri lições de bondade justiça em religiões, pisando em muitas e abraçando outras. Fiz teatro, passeei por bocas de fumo, favelas, baixadas, bairros nobres e condomínios de luxo. Conquistei um bacharel e tenho inglês fluente, e mesmo tendo sido expulso de alguns colégios, eu  estou me pós graduando em economia.

   Talvez isso tudo me mostre o quanto eu sou insignificante e o quanto eu tenho pra aprender sobre a vida e a natureza do ser humano.Sim, as pessoas ainda me assustam com seus lados podres. Mas por outro lado, eu vejo que em cada sentimento tenebroso de revolta agressva e explosiva, geradas pelas gorfadas de nojo do lado sujo que descubro nos outros, e vejo o quanto eu ainda tenho esperança na bondade dos seres humanos. Eu vejo que essas decepções e frustrações afirmam o quanto a minha fé na bondade das pessoas ainda faz parte do meu dia a dia, não me deixando ser pior do que meu lado ruim pode ser.

   Muitas pessoas são assim. E se eu fosse um Deus (cristão ou pagão) vestido de Capitão Nascimento, eu diria: 

"É por isso que eu não coloco o fim do mundo na conta do Papa."

11 de julho de 2011

Muito a declarar, preguiça de gritar.

Talvez eu deva lembrar mais vezes do ano em que eu nasci. Talvez eu deva lembrar com mais constância daquilo que eu tenho e daquilo que eu quero ter. Talvez eu não deva dar menos importância pra tudo aquilo que eu já tive e entender, que tudo muda ou simplesmente acaba. Talvez eu só queira um lugar onde eu me sinta bem, sem precisar chamá-lo de meu.
Um tanto de “talvez” escrito em certezas e logo, um tanto de certezas escrito de “porém” em “porém”. Aprendizado posto em verso e em brasas de prosa. Se tornando cinzas jogadas ao vento, que de maneira livre e despretensiosa deixam pegadas espalhadas.
O mundo fica menor perto da terceira dezena, porém torna-se menos idealizado e mais real. Sensação de fim de festa, corpo bem disposto e mente cansada. Vontades e anseio de realizações no que chama de aprender. Frustrações dão vazão à novos sonhos enquanto metas apontam para oportunidades cada vez mais únicas. Esperança e fome no que chama de viver. Coração calejado no que chama de sentir. Preguiça de pessoas, do coletivo e do mundo. Até de mim.

13 de maio de 2011

Me dei a chance de sorrir pelo sol e não pela lua.

Tempo que arrasta, juventude sendo gasta. Chuva que cai, cama vazia e saudade escassa. Dia em noite, noite em noite, caminho que segue, vida vivida, vida sem graça. Passa longe, passa entregue, passa distante. Passa alegre. Passa no descaso. Pouco a pouco, passa. 
Passe logo, faça o favor de passar.
Ser egoísta, que desdenha e cativa. Que sabe e não e não sabe. Vista grossa condena e faz. E nos sonhos cada pegada vai sendo apagada, numa estrada de areia lavada por agua salgada.
Ontem sofri, hoje falta um pedaço em mim. Com um sorriso no rosto, não sofrerei por lembranças de trás. Ontem eu vi morrer um pedaço amor, porque matei.
E para morrer de vez, hoje de certo e até quando for, mais desse amor matarei.

10 de maio de 2011

Vamos brincar de fazer desenhos em núvens....

"amar vc tem se tornado menos pesado... de um jeito ou de outro, mais calmo... quase que como um sentimento sem pressa
q horas eh tão ruim q da vontade de chorar pra dentro... e q horas eh tão bom q da vontade de desenhar corações com estrelas no céu..."

.

28 de abril de 2011

Um garoto, que acreditava em fábulas.

Conto este começo em forma de uma quase poesia. Uma historia longe do real, ao mesmo tempo perto dos lindos sonhos repentinos de melancolia. Presente em muitos, por serem inalcançáveis em tamanha realidade sem prazer.


Quando a primeira nota musical soou, um Homem surgiu. E logo o anjo da felicidade sussurrou em seu ouvido a palavra carinho. E esse foi seu nome: Carinho.
Carinho a cada pôr do sol sentava-se em beira de um penhasco coberto por um tapete de grama tão verde quanto as folhas das arvores na primavera. Dali via apaixonado o crepúsculo. Sua solidão era imensa, porém quando esvaziava sua mente diante de uma das poucas belezas que os olhos seus enchia de água levemente salgada, Carinho via que seu destino não estava ali, simplesmente não estava. O vento que soprava do oceano causou em Carinho um estranho frio, e as nuvens que o sol cercava, descreviam em sua mente o vazio. 
Ao mesmo tempo, quando a primeira gota de orvalho caiu, regou uma flor de pétalas azuladas, que desabrochando, deu vida a uma Mulher. Olhando para baixo, a mulher percebeu que um pássaro havia sido ferido pela dor. Então derramou uma lágrima que em seguida caiu sobre o ferimento, curando-o. E antes de voar em direção a liberdade, o pássaro murmurou a palavra ternura. E assim ficou seu nome: Ternura.
No auge das tardes de outono, Ternura passeava por entre muros de arvores seminuas e de casca dura, por um caminho de terra morena encoberta por um manto de folhas alaranjadas, que a cada passo dado, compunham uma sinfonia junto ao canto entristecido de aves anônimas, que em direção ao vazio voavam. No momento que a brisa leve do outono balançou as poucas folhas da velha árvore, a primeira gota de uma forte chuva de sonhos melancólicos caiu por dentre os seios de Ternura, causando-lhe um estranho frio.
Os dois a procura do destino, caminharam dias e noites em direção ao vazio. Até que o ciclo das estações cessou. Neste momento a caminhada em busca do mesmo vazio acabou. E ali ficaram, um perante o outro. E quando olhou para os cristalinos olhos azuis de Ternura, Carinho sentiu levemente o lindo calor que o fazia chorar a cada anoitecer no principio do oceano, no mesmo tempo em que Ternura suavemente sentiu o perfume do outono acariciar seu olfato. Sim, era verdade: o frio estava de fato por cessar. Os dois olhares se cruzaram, e seus pensamentos esvaziaram-se, como a cada passeio e cada fim de tarde. E um abraço forte enterrou seu frio dentro de um manto de pele em afago.
Foi então que ao se separarem do forte abraço, surgiu uma pequena mala a seu meio, com a palavra “pensamento” bordado em seu couro. Carinho teve medo de machucar-se ao abrir a mala, e afastou-se. Logo Ternura aproximou-se da mesma, e explicou a Carinho que pensamentos puros não sabem o que significa a Dor. Explicou-lhe também que os pensamentos podem manter o vazio bem longe. Assim sendo Carinho aproximou-se, e pondo-se ao lado de Ternura, ajudou a abrir a mala.
O primeiro a ser de dentro retirado foi um riacho de águas translúcidas. Com pedras de textura lisa e peixes de pequeno tamanho nadando no abrigo de leito. Em seguida o chão foi forrado por um campo de flores que se espalharam até a linha do horizonte. Montanhas de picos congelados ficavam ao fundo. Uma pequena estrada de terra foi o caminho retirado por Ternura da mala, para ligar uma aconchegante casa a uma floresta de eucaliptos portando aroma de afeto e cuidado. Do lado esquerdo de uma casa em madeira cor-de-verniz, Carinho lembrou-se de pôr uma castanheira para fazer sombra nos dias quentes de sol amarelo-dourado.
E seu mundo seguiu surgindo: Ternura e Carinho logo forraram os céus com estrelas. Deram formas as nuvens cor-de-rosa nas auroras campestres. Da mala, Carinho tirava madeira seca para acender o fogo da lareira, deitando-se em seguida ao lado de Ternura que descansava nas noites frias de inverno em frente ao fogo, acolhida pelos afetos de seu querido. Ternura permanecia ali apenas longe da melancolia, apenas longe das lagrimas. Apenas ao lado de Carinho.
Foi então que na primeira manhã de primavera Ternura acordou por entre os braços de Carinho e viu-se lado a lado pele em pele com um menino, e um novo sentimento nasceu. Ternura e Carinho tiveram um momento para olhar para seus corações e quando o fizeram, falaram ao mesmo tempo uma palavra que mudaria o significado do mundo e da beleza que por ali ainda seguia sua existência sem batismo: Amor. E assim ficou seu nome.
Como não havia sentido em querer explicar o significado de tamanha maravilha... ...Carinho, Ternura e seu filho Amor resolveram da mala tirar todos os seus sonhos, na esperança de encontrarem um significado pra tão puros sentimentos. Até que da mala tiraram uma fotografia em que estou ao seu lado, no verso da foto estavam escritas as nossas iniciais. 
Seus sonhos se multiplicaram, pois agora, já entendiam sua origem. Sabiam que no vazio do coração de um menino triste, uma nota musical fez nascer um homem carinhoso, Carinho. No mesmo tempo em que uma flor de pétalas azuladas, enraizada no coração de uma menina sem sonhos, fez nascer uma mulher terna, Ternura. E logo descobriram que tudo que haviam tirado de dentro da mala pertencia aos pensamentos de Nemer e Milena, uma pura união que caminhou muito tempo pelo vazio, olhando sempre para seus sonhos, sem nunca sequer toca-los. Que não mais como crianças, viviam sempre deixando seus corações repletos de sentimentos. Assim, para sempre poderem estar em seus cenários paradisíacos longe do vazio e eternamente tendo Carinho, Ternura e seu filho Amor tirando da mala o que deixaria a sua união mais concreta e longe do real.

Nunca deixarei a ternura se acabar enquanto juntos sonharmos. Do mesmo modo, o carinho jamais se extinguirá de meus atos. O fruto de estarmos juntos é o amor. 
O que me faz descrever esse final apenas pensando em você Milena, é a crença que não há sentido para realidade se não existir o “além da realidade”. O Homem adora viver de sonhos, porém o que alimenta seus sonhos é a vivência em amor.

O que sinto por você não existe, entende?

18 de março de 2011

Só mais um dia.

É fácil lembrar
Tão difícil esquecer.
Espero dia após dia
A coragem me suprir
Para conseguir fazer
Aquilo que me faz temer
Temer por não mais sentir
Temer por não mais ser
Mas talvez assim me faça cessar
A vontade  de chorar
A vontade de gritar
De assim por sua vez fizer
O vazio se calar.
Assim me calo, por certo
Em meu futuro porém incerto
Não vejo as cores do sol.
Banho meu mundo de preto
Em um personagem vestindo sorriso e medo
E indo de contra tudo aquilo 
Que não se compra com dinheiro
Conseguir ser feliz.
Conseguir ser sozinho.
Conseguir se bastar.
E no agora, apenas sou
Capaz eu, que sou de pensar
Estou infeliz 
Sou menino
Não vou morrer
Vou me mat...
...deixa pra lá.
É melhor não rimar.
Vamos beber
Vamos trepar
Vamos fumar
Se arrastar em viver
Para talvez assim
Fazer isso passar.
Ir embora de mim
Pois não consigo aguentar
Minha face no espelho
Refletindo meu desejo
De dar a ela meu todo amar.
Calma porra!
Vai passar!
Não pensa!
Não faça desgraça!
Esqueça a cachaça.
Porque o diabo atenta,
E no teu ouvido te fala
"Desiste, se rende!"
Mas tente!
E do seu pensar assim, sai fumaça
Se faça feliz, se faça contente!
E a carne?
Bem, a carne é fraca.
Só por hoje, não pense
Não tome cachaça.
Não faça desgraça.
Tente aguentar.

17 de março de 2011

Esquecer de esquecer de amar.

Esqueço do tempo em um minuto
Em um segundo,
Em pedaços de solidão escassa.
Faz de mim um homem,
Faz de mim criança com a carne fraca.
Coloca meu chão a prova
Com remédios, com cachaça.
Me coloco em tremores
Aumentando os horrores
De graça.
Sendo assim sei, que o entorpecer
Acalma o pensar
Faz ir embora o querer
Faz esquecer.
Esquecer de amar.
Só por hoje
Não hei de chorar.
Amanhã chegando
Me dou o trabalho de lembrar.
Que amei, que sorri.
Que sangrei, que morri.
Que quero tudo de novo
Em um outro rosto
Em um outro corpo e gosto
Até não haver mais o querer
Esquecer de sofrer.
Até saber que sou feliz 
Até saber que vou continuar a ser
Até o fim dos tempos.
Até meu corpo envelhecer.

10 de março de 2011

Choro mimado.

Vou pedir pra você ir embora
Vou pedir pra você ficar
Vou bater
Vou chorar
Vou xingar
Vou tentar odiar
Vou desistir de conseguir
Vou deixar o tempo passar
Vou matar ele pra ele não me matar
Vou beber
Vou tragar amargo
Vou tentar o descaso
Vou me sentir desolado.
Vou crescer pequeno
Calado.
Vou ficar calejado
Vou parar de olhar pra trás
Vou olhar para os lados
E se do meu lado alguém não estiver
Será esse o meu sonho alcançado.
Amar e ser amado em um.
Um sozinho em sí.
Sem me sentir descartado.
Substituível.
Sem ser indesejado por mim.
Pois ao ser, serei eu mesmo
O meu príncipe encantado.
O ex-namorado do sonho quebrado.
Pois o fato dela se importar
Não a faz querer tentar,
Assim não me fazendo falar de amor.
E isso não faz meu choro cessar
Tão pouco ameniza a dor.
Vai apenas me fazer pensar
Que a amo e não quero
Que a amo e não quero
Deus, como não quero!
Não quero,
Mas amo.
Com tudo o quê posso
Com tudo o quê tenho.
Mas hei de deixar.
Não de viver
Não de lembrar,
Mas sim de sofrer
Sofrer por amar.
Amar a quem já não diz que me ama.
Amar a quem me quer longe,
Amar a quem expulso chamando o nome.
Beija outras bocas por escolha
E diz que o encaixe não é o meu
Mas a cada passo dado
No rumo do lado-a-lado
Me faz crescer pavor.
Me faz querer deixar de querer.
Pois ela dizia o amor
E não está mais do meu lado.
Moleque mimado sem brilho?
Com amigos do lado e opaco?
Menino-homem sozinho hei de ser
Fazendo de palavras espinhos
Buscando esquecer.
Pois sei que ela vai,
E ela sabe também
Acalmar a dor não nos braços do seu amor,
Mas nos braços de outro alguém.
Do meu maior medo uso a fobia
Quase como anti-terapia,
Estou entregue como refém.
E nada pode acalmar isso.
Apenas ela.
Talvez eu.
Só ela.
Ela.
E mais ninguém.

A boemia e o terror do coração quebrado.

Possíveis caminhos
Adentrando entre rosas e espinhos
Pele riscada, 
Alma nua e solitária
Encontra paz naquilo que não lembra
Atenta para o amanhã, atenta!
Amanhã será bonito 
Carnaval sem chuva
Dias com sol
Com riso.
Nada de pesares passados
Nada de emoções em atrito
Tudo para provar e beber
Tudo para contemplar.
Tudo pela frente e de frente viver
Nada de lembrar e doer.
Meu pensar
Meu íntimo calado
Que grita desesperado
Aclama por paz.
De maneira nada eficaz
Surta em um pulo sagaz
Que finda em um quê de qualquer
Chance de se estar mais perto
Daquilo que não alcança
Abraços, troca de afeto
Ser sozinho, se bastar.
Sem perder o medo e a esperança.
Ainda criança, engatinha
Com marcas de vivência íntima
Colecionando emoções tão lindas
Perdidas no passado.
Se perguntando a razão do porquê 
De tudo ter que um ciclo encerrar.
Já é de manhã
Hora de dormir
Hora do ciúme calar.
Hora de esquecer do pensar.
Pois o medo sim, deita ao lado 
Medo de ser abandonado
Por quem ja se foi.
Por quem só deixou uma pulga 
Ao lado de lembranças em retrato
Que em plena manhã fica encubido
Pelas ruas com drogas e libido
Acabando em mais sofrer.
Sofrer por ainda não saber
O que deve ser feito.
Talvez esquecer.
Talvez se deixar envelhecer.
Talvez, só talvez
Por mais uma vez
Uma certeza única.
Continuar a viver.
Do jeito que der 
Do jeito que der pra ser.

6 de março de 2011

Metade de 2 é 1. E 1, é sozinho.

Compostos de um,
Espelho em metade de mim.
Pingos de chuva em chão
Arrasta, lava, impõe a lama.
Sozinho, “fala sério”.
Por carona.
O feito de dois virando um
Fez-se a escolha de não ter soma
“Um”, é sozinho. “Pode crer”.
Perde a cor, perde o brilho.
Perde amor.
Vais pra longe amanhecer
Pois quando chegas me arruínas
Pois quando vens começa o dia
Que somente por si mesmo termina.
O inteiro de dois
Torna-se em metades.
Divisões de lugares
Em um mundo
Onde tudo é longe,
Lado a lado.
Tal distância se faz fardo,
Brotando em abismos
Sementes de descaso.
Flores de condeno
Por seres quem és.
Mas nada fizeste
Além de concordar em viver
Sem piso e com pés.
Do “tudo” ao “nada”.
E nada, deixaram de nada.
Nada.
Um tapa na cara,
Com jeito de afago.
Nada somado a nada.
Resultando em um.
Composto de um.
Espelho em metade de mim.
Metades de dois em balança
Lado a lado.
E a distância se faz fardo,
Brotando em abismos
Sementes de descaso.
Descaso afagado.

3 de março de 2011

Bloco do Eu-quase-sozinho

Não lembrar
Não saber
Não sonhar
Apenas sentir.
A falta de um todo
Um todo só de mim.
Vem do vazio, vem do pensar
Vem frio, do cansaço de amar.
Me calo, me mato. Me arranco um pedaço.
Silêncio! A banda está a passar.
E minha loucura sente a presença
De um rosto esculpido em faces mil
A falta de dois, sofrida por um
Há chuva escura nas praias, há seca no Rio.
Uma luz, uma mão para guia
O chão sujo das ruas, é carnaval.
Apenas o vento.
Não me lembro aonde ia.
Esqueci de esquecer,
De como era não ter.
O tempo morre em minha mão
Assassinato sob a luz do dia.
Bares, drogas e sujeira
Brigas,
Minha vez na fila.
Mascaram a vida que mais temia
A vida de ser livre, de ser solto
A vida de gostos todos
A vida de um carnaval
Nas cores de uma tarde vazia.
Lágrimas de euforia
Enquanto eu bebia.
Não posso chamar de alegria.
Não posso gritar tristezas.
Só posso cair na folia.
Sorria, é carnaval.
Sorria.