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31 de julho de 2011

Barco sem rumo, sem vela. Cavalo sem cela.

   Dias se passaram e um sopro de vento mudou o rumo de uma canoa sem remos. E quem via de longe o marinheiro sem rumo, hoje vê um ponto ficando cada vez menor na linha do horizonte. Talvez uma direção que vai de encontro a algum lugar mais bonito. E quem por ali passou, fez vista grossa à feiçao de medo, fingindo não ouvir os gritos de pedido por um remo, por uma direção. 
   O vento, por sua vez, escutou a lágrima em tom de prece, e o curso natural da vida assim fez-se de leme em suas velas, soprando rumo ao novo, ao desconhecido: "Quem sabe lá para onde esse vento está me levando, alguem me ouça cantando em um mundo de carinho a compartilhar." - pensou molhando os pés  na maré mansa. E assim com o sol poente naquela tarde de domingo, o marinheiro, agora menos menino, se condecorou com orgulho, capitão. Naquela noite sabia que logo, logo, finalmente dormiria mais tranquilo. Longe dos ouvidos surdos e dos olhos que apenas viam seu rosto robusto e grosseiro, esquencendo que talvez ele tivesse um coração precisando de um abraço e não, de julgamento.

19 de julho de 2011

Força da infância.

Ventos em tons de azul
Paixão escrita em chuva,
Tempo meu.
Presença de peso em força
Fez seu sono ser tranqüilo
Despertando em um afago
O sonhar do anjo ali dormindo.
Por calçadas de mãos dadas
O velho e seu menino.
Olhou pra baixo com prazer
Ensinando a cor das ruas
Olhar de frente
Paixão nua, crua
Contente.
Deita no mundo
Se jogando em aprender
Ganha um chiclete
Pois sorriu por merecer.
Força da infância
Lembra com orgulho,
E hoje encara pelas ruas
Olhares brutos, sujos.
E quando passa pela cena
De outra cria e seu adulto
Cumplicidade assiste em tato
Abraça o infinito,
Espera a sua vez,
Mudo.

14 de julho de 2011

20 e quase nove anos e a prova da minha esperança.


Vários lugares diferentes. Já lidei com diversos tipos de pessoas com temperamentos, índoles e valores. Já vesti boa parte dos esteriótipos que expressam revolta, idéias de questionamentos existencialistas. Lí livros, sou uma "puta" pra tudo o quê a música pode e não pode oferecer, presenciei violência gratuita, assisti muita televisão e ja fui parar em cada fim de mundo e em cada situação que dariam ótimos roteiros do Tarantino ou Kubrick. Viaje,i hora usando maconha e hora estudando a história das mais diversas culturas da humanidade e de outros povos. Descobri lições de bondade justiça em religiões, pisando em muitas e abraçando outras. Fiz teatro, passeei por bocas de fumo, favelas, baixadas, bairros nobres e condomínios de luxo. Conquistei um bacharel e tenho inglês fluente, e mesmo tendo sido expulso de alguns colégios, eu  estou me pós graduando em economia.

   Talvez isso tudo me mostre o quanto eu sou insignificante e o quanto eu tenho pra aprender sobre a vida e a natureza do ser humano.Sim, as pessoas ainda me assustam com seus lados podres. Mas por outro lado, eu vejo que em cada sentimento tenebroso de revolta agressva e explosiva, geradas pelas gorfadas de nojo do lado sujo que descubro nos outros, e vejo o quanto eu ainda tenho esperança na bondade dos seres humanos. Eu vejo que essas decepções e frustrações afirmam o quanto a minha fé na bondade das pessoas ainda faz parte do meu dia a dia, não me deixando ser pior do que meu lado ruim pode ser.

   Muitas pessoas são assim. E se eu fosse um Deus (cristão ou pagão) vestido de Capitão Nascimento, eu diria: 

"É por isso que eu não coloco o fim do mundo na conta do Papa."

11 de julho de 2011

Muito a declarar, preguiça de gritar.

Talvez eu deva lembrar mais vezes do ano em que eu nasci. Talvez eu deva lembrar com mais constância daquilo que eu tenho e daquilo que eu quero ter. Talvez eu não deva dar menos importância pra tudo aquilo que eu já tive e entender, que tudo muda ou simplesmente acaba. Talvez eu só queira um lugar onde eu me sinta bem, sem precisar chamá-lo de meu.
Um tanto de “talvez” escrito em certezas e logo, um tanto de certezas escrito de “porém” em “porém”. Aprendizado posto em verso e em brasas de prosa. Se tornando cinzas jogadas ao vento, que de maneira livre e despretensiosa deixam pegadas espalhadas.
O mundo fica menor perto da terceira dezena, porém torna-se menos idealizado e mais real. Sensação de fim de festa, corpo bem disposto e mente cansada. Vontades e anseio de realizações no que chama de aprender. Frustrações dão vazão à novos sonhos enquanto metas apontam para oportunidades cada vez mais únicas. Esperança e fome no que chama de viver. Coração calejado no que chama de sentir. Preguiça de pessoas, do coletivo e do mundo. Até de mim.