
Indiscutivelmente, podemos dizer que os tipos de som que nos atraem são os eleitos para habitar os nossos players portáteis e nossos HDs. Sendo assim, nós ouvimos dia após dia nossas músicas preferidas admirando o estilo, as roupas e todo o resto de nossos eleitos. Em algum momento, até carregamos as ideologias que em suas letras estão presentes.
Talvez ainda, essas idéias que nos são passadas de música em música, de distorção em distorção, escalas e afinações nos deixem um tanto mais a vontade para interagir e socializar com pessoas que nos entendem. Pessoas que de alguma forma sabem o que significa ser parecido em algum ponto com aquilo tudo que uma banda pode significar. E quando algo bom sai disso, nos damos conta de que o lugar está bom, a música está boa e as pessoas estão no lugar certo.

Esse é o ponto: gente estranha. Não julgo pela aparência, pelo cabelo grande (que hoje não tenho porque infelizmente o trabalho exige cortado), pelas roupas escuras, calças rasgadas. Julgo pela falta de conhecimento. Pela falta de sensibilidade e até pela “forçação”. Gente que finge “curtir” o som que eu e muitos admiramos. Gente que decora nomes de banda e seus respectivos álbuns e não sabe sequer o que a música que ele toca com sua banda cover realmente diz. Gente limitada.
Não sei o quão é justo julgar pela falta de opinião. Porém acredito que muitos hoje fogem do que é chamado movimento POP sem se dar conta que Black Sabbath, Nirvana e mais alguns estão mais populares e banalizados que muitos Mcs fajutos. Uma música se torna POP quando ela é “da galera”, quando está no topo das paradas e não quando possui uma boa distorção e um baterista grosseiro.

Um rótulo faz um pseudo-roqueiro ou mesmo um pseudo-cult. Então fica a dica: quando você disser que uma banda é legal, que uma música é irada, tenha certeza de não estar ouvindo alguém cantando “estupre-me, estupre-me, meu amigo”. Fica ridículo e desonesto com seu próprio ser e geralmente isso é consertado com anos de terapia. Algumas horas um simples “nossa que som maneiro, que banda é essa?” vai te deixar mais próximo de uma tribo “descolada”, ao invés de você fingir ser o cara que curte o som que geral se amarra.
Nos dias de hoje é claro, observando esse estilo de comportamento e postura ao meio de tanto lutador e “playboy retardado”,é até engraçado pensar que em boa parte desse movimento os seres mais afeminados e “bem vestidos” nos anos 80, conseguiam mais atenção, fama e as mulheres mais gatas. Desse jeito fica fácil afirmar que a moda e o descolado mudam de figura e de década pra década, de ano pra ano.

O quê acho importante deixar claro e explicado é que as gerações se divergem em diversos aspectos e níveis de entendimento. Sendo assim, quase que como em um tom religioso uma discussão pode ser iniciada: “o estilo que eu curto é melhor que o seu”, “eu sou bem vestido, você é brega”, “meu Deus é melhor que o seu”. E quando menos se espera, Bang! Matamos o romantismo presente na música, que é a liberdade de expressão em notas, e começamos uma guerra de tribos.
Eu como observador posso até estar enganado, quando digo que esse tipo de desarmonia não se resume a playboys e roqueiros como também se estende às guerras entre tribos de grunges e metaleiros, satanistas e punks e até mesmo entre evangélicos e pagodeiros.
Rótulos. Sim, são abomináveis não somente quando inibem o gosto de cada um, como também julgam o que no entendimento único de cada indivíduo se resume a uma escolha por afinidade e gosto.
E pra terminar meu recado deste dia de rock sem rótulos é: Viva o glan! Salve, salve a Jovem Guarda! Élvis não morreu! Cazuza está vivo e a bossa-nova é o Jazz brasileiro!