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29 de outubro de 2010

"Um Lugar só de Mim" em um bilhete.

   Você sentiu o gosto amargo que um tanto de esforço jogado fora deixou na boca. E como o pressuposto, olhou para a linha do horizonte sorrindo, antes mesmo que uma gota de lágrima salgasse-lhe os lábios. Um dia estava nascendo, como talvez há 2(3)8 anos. Como talvez dos dias em que você se reinventou para curar o lado doente, que consigo levava um sentimento de revolta pelos ralos de tantas privadas sujas de vômito seco, dentre uma ou outra noite gasta em caminhos escuros.
   O cara é bom nisso. Ele se maltrata, ele se coloca em pedaços, junta tudo e taca na parede com força. Explosões de impulso em atos, gritos, afagos e carinho. O cara é bom nisso, contente com essas coisas que ele próprio se impõe em vida, curando mil feridas, só para ter o prazer de depois se arrebentar. A queda, a ida em direção ao choque traz a sensação de estar vivo. O impacto, o osso quebrado e o amor de vidro. Isso tudo o faz acreditar que pode segurar tudo, suportar tudo de apenas um jeito: superando, se adentrando, inquieto.
   O Super-Homem em quadrinhos, era seu sonho de menino. O homem de aço sempre dava um jeito. Assim como John Rambo, que travou guerras e mais guerras, sozinho contra seus fantasmas e mais de 200 homens bem armados ou talvez, o Rocky Balboa que apanhou de todos os grandalhões, segurando socos, indo à lona e levantando. Sempre pronto para mais um round.
   No chão se sente sujo, incapaz. Sobre as próprias pernas inseguro e poderoso. Por dentro, pisando em núvens, por fora confuso. Vai com tudo cara, chegou a sua hora de ser. E se alguém quiser lhe perguntar o porquê de tanta intensidade, diga que não é drama. Diga que esse é o seu único jeito de não desistir. Se matando, renascendo, reinventando o amor em cada rosto, gosto e abraço. Manda pra longe aqueles que te querem por perto pelo egoísmo de saber do quê você é feito e do quanto é capaz de se doar. Se alguém quer ser cercado de vida, que seja pela vida em si e por si só, dividindo o ar que vive, não por uma energia que seja a sua - "...e nem a de outro!", ele diz. Lá todo mundo é feliz enquanto aqui, é e sempre pra sempre será apenas, aqui : "um lugar só de mim."
   Que te tenham por perto aqueles que te têm apreço e não, apego. Que te tenham por perto os que te desejam bem, mesmo que você a eles não faça bem, porque bem, somos todos bons e maus buscando o mesmo bem, através de bens. Que te tenham por perto aqueles que por você são amados. E quanto ao resto, bem: o resto é o resto. E que esse pedaço de gente nem se dê o trabalho de deixar, ao menos um recado. Porque será lido e rasgado. Talvez depois, de um jeito grosseiro seja colado e junto a troféus de solidão, guardado. Assim como em uma colcha de retalhos rasgada em pedaços, feridas em abraços. Forte abraço, que você enfrente as suas derrotas e que não perca pelo cansaço mas sim, pela vontade de querer melhor - nada demais ou de menos, apenas melhor.

13 de outubro de 2010

Um jeito, uma descoberta.

Um dia branco, se branco ele for.
   O sol nasceu e a  lua de algum jeito ainda continuava no céu. As cores do dia pouco a pouco se faziam vivas e meu pedaço de chão começou a se estender como em um tapete de água salgada, em final de onda quebrada me tocando o fio da canela. Assim, reparei o azul anil como em tempos, eu não via.
   Havia esquecido de reviver o que é preciso, o prazer de abraçar o desconhecido e pelas areias a fora, colecionar sorrisos. Sorrisos em rosto e de beleza sem nome, que talvez com meia hora de conversa resultassem em mais um telefone esquecido em agenda. Pele salgada de mar, um sol amarelo brilhante, vivo em calor. Descanso em banhos de silêncio e companhia de boas músicas coreografando leitura, onde tudo se parecia com um filme que acabara de começar juntamente com o nascer do sol, depois de uma noite quase-bem-dormida.
   Ansiedade, vontade, paixão pela vida. Tudo que se faz presente é enriquecido por tudo que escolhemos viver. E escolhendo um pedaço de vida que me fiz por merecer, sozinho digo que reaprendi a gostar de viver, pois sei que dentro de tudo que há de desgostoso em cada passo dado, existe algo que me faz rumar direção de um homem construído em cima de superações.
   Paixões, talvez confesse. Em diferentes proporções, em diferentes lugares, em diferentes caminhos e olhares sugo tudo o quê pode ser retirado do mundo, sentindo e transformando em um presente para os que me cercam. Seja podre ou seja lindo, o que vêm de fora é sentido e volta de maneira intensa. Mas tudo aquilo que vem de dentro de alguma forma simples, apenas por ser, me faz perceber que o homem lindo que muitos me julgam ser, se construiu em cima de uma essência entranhada. Enquanto o podre, veio em pedaços de estímulos transformados em vaidade, que me faz gritar para saciar o meu lado mais humano e egoísta de não querer ser contrariado.
   Vontades surgidas, sementes de sonho em terra fértil, sol amarelo brilhando em céu azul anil, como dissera. Eu comigo mesmo, embalando uma ponta de sanidade antes de confessar não saber de onde surgiu tanta paz. E que o mundo se acabe em tragédia, porque eu prefiro uma cadeira de praia, meus óculos escuros e minhas conversas com meu pensar diante das ondas, que rimam com “amar”. Pois aprendi outra noite, que ondas podem ser chamadas de respiração do mar.
   Mar onde me deito, me calo em boca e grito em paixão. Fez de mim um homem, não por sentir os anos, mas por sentir o próprio coração.

11 de outubro de 2010

Me usa.

   Aquilo que é chamado de saudade entra pelos olhos, vem de fora. É exalado pela pele, guardado no abraço, em gestos, músicas cantadas e sorrisos de confusões em vontades reprimidas. Ligações recebidas, encontros forçados e esforços contrários para se prender à alguma coisa que não da sustento, que apenas descansa a falta, que acaba com a fome, que tira o pesar do pensamento e dos olhos. Acalma.
   Palavra proferida, atos em contraversão, ditados populares, frases de efeito vindas de inspirações de momentos e músicas de Chico e samba. O que muitos e ela chamam de saudade, eu dou o nome de segurança. Ali estando para o conforto, para acalmar aquilo que é difícil se desfazer, jogar fora. Talvez o que devesse ser feito, seria trocar a poesia do samba pela calma-fúria do Jazz, desacorrentando meu coração. Assim como fez Ray Charles. Desistir para ser livre. Faz parte.

9 de outubro de 2010

Doces Bárbaros, Chico, Caetano, Urina. E por debaixo de caracóis de pensamentos, uma estória pra contar.

   Como em um nascer do sol, onde as estrelas se escondem pouco em pouco no céu com tons leves de rosa e azul-anil. Como das vezes em que me sinto vivo apenas por ser, em paz por estar e pertencer. Os olhos brilhando procuram, vagam, sentem. E antes mesmo que um suspiro se torne em um grito de felicidade, é possível saber que um sonho se fez de flor ainda em botão. Quase a flor da pele.
   
   Cinco de cada um deles. Ouviu dizer que assim, uma outra alguém queria. E da maneira mais sensata se perguntou por que a felicidade apenas era esperada de algo que ele possuía, mas não daria. Sorriu com brilho, sol e vento. Alegria, alegria! Cantou o blues de seu coração em uma conversa de pensamento e consciência, concordando. Porém de um jeito simples-quase-terno, não disse que para o ano ser feliz apenas era preciso um de cada dois. E não uma vez por semana, mas sim uma vez por cada eternidade.
    
   Sorriu daquela vez como se fosse a última, e com seu passo tímido pôs-se em prova que a maior prova de que um conto escrito em prosa chegava ao fim, era o fato de ser visto pelos olhos de seu desejo como alguém que já era percebido diferente.  Foi chamado de menino em um olhar de desencanto que cortava feito faca amolada. Irene sorrindo e encantada com o mundo devolveu-me o chão no fim de uma queda. E foi quando meu coração finalmente quebrou-se em pedaços. Espatifou-se.
  
  Gargalhadas, risos, devaneios, urina e lágrima. Nesse instante foi quando parou pra descansar como se fosse sábado, tropeçando no céu como se fosse um bêbado às quase-oito horas da manhã. Se percebeu na construção de um castelo de areia banhado pela fúria de uma poesia de Caetano, fazendo com quê da maneira mais doce, o seu lado rústico e bárbaro aflorasse. Assim, eu vi pelo retrovisor do carro indo na direção contrária do vento, sem lenço e sem documento que o mundo me esperava. E que como Peninha cantava, eu faria o mesmo do meu jeito: sozinho.

  Sorte dos que sentiriam a falta, porque nesse momento fez-se o dia. E mesmo depois de quase morrer na contra-mão atrapalhando o tráfego, o primeiro que foi ele, portando um broche de ametista, como quem chegou do bar a chamando de perdida. Percebeu que não havia muito tempo que o coração da luz das acácias tinha sido por ele partido. Sentiu-se perdido e sem escolha, pois o terceiro a ela chegaria, e nada perguntaria. Chegaria sorrateiro, deitaria em sua cama e colocaria fim nas esperanças do homem lindo que se acaso a sina fosse continuar a amá-la, assim o faria. Enquanto outro a chamaria de mulher.

   Como em um eclipse oculto, surge um soluço e uma vontade de ficar mais um instante. Por toda a eternidade e em cada pôr-do-sol, que na areia branca como seus pés, nunca irá tocar. Janelas e portas se abririam para ver ela chegar, jamais chegaria. E assim, se sentindo em casa, sorrindo irá chorar. Apenas por na memória guardar histórias pra contar de um mundo tão distante.

Nesse dia, respirando poesia, eu desacreditado afirmei: um sonho morreu.

5 de outubro de 2010

Pela noite



Sabe quando no meio de uma viagem, dessas que a gente faz de noite, ta rolando aquele silêncio e um fone de ouvido toca aquela musica que meche com a gente por dentro? Que faz a gente sentir vontade de sair voando pelo meio de um céu azul escuro iluminado por pontinhos brilhantes????

Pois é.... ...é de noite.

Na noite e pela noite por onde as lembranças vagam. É onde os sentidos se escondem e é onde tudo dorme. Dorme pra descansar na saudade...

É quando o dia, cansado de ter sido um pouco diferente pra cada ser vivo, deita nas mentes sonhadoras de cada um e finalmente descansa.

De noite..., é onde as sombras se abraçam, é onde a Lua aparece e é onde se esconde a vontade de estar um pouquinho mais perto daqueles que amamos.

É quando o vento tem outro significado, é quando as musicas soam diferentes e quando nossos sonhos começam a nascer.

De noite, é quando talvez o seu ou meu telefone tocam, é quando eu olho pras festas e me pergunto por onde você andaria. É quando me digo tanto faz e quando hora quero ou não voltar atrás.

De noite..., é quando eu deixo tudo pra lá..., é quando eu abraço o mundo olhando pras estrelas. É quando tudo fica mais bonito..., em um outro sentido.

É de noite quando eu gosto de mirar na lua os meus cinco sentidos e receber do mundo juras de amor ao pé do ouvido.

De noite é quando eu me sinto desprendido. É onde eu conto meus segredos e onde eu amenizo as minhas angústias.

É quando eu componho minhas notas..., tão simples como o reflexo de uma estrela sem muito brilho. Brilho de sorrisos que vagam pelos céus e procuram abrigo no meu coração.

De noite..., é quando o Natal fica mais bonito.., quando o frio fica aconchegante..., é quando o verão fica mais fresquinho e é quando no outono a chuva trás de volta a vontade de abraçar. é quando nas noites de primavera os casais se amam e os filhos nascem.

De noite..., é quando fica difícil segurar o choro e o riso. É quando geralmente escrevo tudo o quê sinto. É quando alguns acham que tudo acaba e é quando eu acho que tudo começa de uma outra maneira.

Na noite..., nas nuvens que encobrem a Lua... ou talvez nas estrelas aqui dentro.

Eu jogo meus versos ao vento.

E digo que a cada amanhecer eu sou um pouco mais cheio de vida.
Talvez, feliz.

O antigo quase novo. Então chamemos de "usado" que ainda veste.

Divagar é sonhar, ou esquecer de algo que faz sentido?

16/12/07
Então vamos de novo. Mais uma vez. Só por mais uma vez. Quem sabe a última, quem sabe? O calor de um novo-velho tempo, onde não sabemos distinguir mais as faltas ou as vontades. As mentiras e as verdades. E como em tantos outros contos, tantas outras falas: quem se importa? – a pergunta não é quem, mas o quê. O quê realmente importa?

Como um pedaço de carência escondido em cada abraço. Como um tapa no vento. Como a falta de algo que não se sabe se falta faz, como a falta de algo que não se sabe que se teve.

Esquece. Deixe. Vague. Pra longe ou pra perto. Em cada olhar que se cruza ou abraço negado.Beijo roubado e um tanto de lembranças. Guardo hoje na esperança, que o sol me traga algo diferente de um trago, um pedaço de fumaça pra deixar tudo um tanto mais nublado. Escondido. Confesso: pausado ou quase estagnado.

Talvez alguns digam: fechado pra balanço. Eu prefiro o nome “descanso”.

Descansar de tudo que é pesado. Que torna o todo complicado e um tanto mais amargo.

Deixa... deixa....

...Larguem-se as lembranças lá atrás. Pra quem sabe saber ou descobrir onde o novo se esconde. Só porque a rebeldia ta em falta no sangue. Só porque ser rebelde depois dos 20 não tem mais graça.

Então a gente pode combinar: entre um cigarro, um pedaço de peixe cru e o cheiro de perfume entranhado numa roupa suja de sábado, as mágoas ficam afogadas no suor seco de um kimono de segunda. Usado. Surrado.

Cansado?

Como se faz pra se cansar estando cheio de disposição? Se isso é ficar velho, eu prefiro que seja com alguém do lado.

Do meu lado.

Até o próximo sábado. Até o próximo cigarro.

Eu continuo correndo atrás.

Parado.

2 de outubro de 2010

Como um dos Oceanos.

   Descobri esses dias que mesmo com a falta de tudo, tudo eu tenho dentro de meus próprios delírios causados por drogas que me matam em corpo e me libertam em pensamento: sentimentos. Eles saem de dentro de mim, vão em direção a todos os que percebem o que se passa, fazendo do claro fumaça. 
   Eu sei sorrir e não quero perguntas, nem palavras... quero gestos. Quero olhares... música ou talvez um abraço. Pode-se se dizer que nem sei ao menos o que quero, mas aqui ainda espero. Pra saber se algum dia poderá haver a soma de nada. Nada e mais nada. Somado a nada. 
   Digam-se elogios, palavras de conforto. Matam-se a carência em beijos mortos e em palavras que falam de algo sujo entre bocas com gosto de menta. Com cheiro e carne morta, não minto. O morto me atrai. Faz de mim um "feliz-triste" que chora e sabe que a felicidade existe. E coloco tudo pra fora em doses homeopáticas de risos, brincadeiras de dedo em ombro e nariz, besteiras, entorpecentes e muita poesia. Simplesmente porque a vida é linda e eu... bem, eu também.
   Diria eu que pontas feriram como espinhos, num repetitivo e conhecido saber e conhecer da dor. Sobre dor e para dor. Não digo o que diz mais nada além do que quer dizer: Não mais existe. Foi-se com passado, e quando voltar apenas vou sentir o cheiro, mas não o toque. Porque o passado não volta. 
   O mundo não acaba em ausência ou vácuo. Ele começa. Livre aqui estou, para começar..., para reaprender a amar e dizer que meus sonhos voltaram para meus braços, meu colo e meus cuidados. Tudo meu. Reconstruídos..., e tão lindos como penas de pavão ou um por-do-sol na linha vermelha do horizonte. Um sopro de outono rumando ao encontro do brilho esbranquiçado do inverno. Com agua salgada de mar. 
    Com a energia de uma tempestade, pretensioso faço de meu mundo um oceano. Revolto, inconstante, calmo, pacífico, gélido, índico, pulsante, quente. Abrigando geleiras, abrigando vulcões. Contendo partes desconhecidas e intocáveis.
    E para quem vê de fora, que se deliciem com a fúria de minhas ondas, que sintam-se encantados com a beleza do sol vindo de mim, se escondendo em mim. Da noite se encobrindo de estrelas em nuvens, me encostando com seu choro em chuva. Da lua buscando abrigo com seu reflexo sobre meu espelho d'água. Sem esquecer dos ignorantes que sujam o que é meu, com seu lixo e pedaços que não me fazem parte. O que me pertence está dentro, o que não quero já virou, vai virar: deserto.


E visto como um todo...


...lindo. Pretensioso por si só. Pois existe, cheio de vida.

O passado, uma noite, um jantar, um motel. E o dia seguinte de 7 meses atrás.

Em um desses dias em que a sensibilidade a flor da pele fica, um vento soprou do lado de dentro de um sonho que não me trouxe aroma, que não me carregou notas e tão pouco tormentos.  Mudanças. De algum modo fica entranhado na voz emudecida, o tato passado de pele em pele em um toque sutil de nuca arrepiada. Guardados em um sonho bom de uma noite em que a terra parou de girar.
Assim sei, que o mundo volta em suas voltas a simplesmente não nos tornar apegados a mutações, a mudanças. Mudar de cor, sair dos tons de azul. Experimentar as cores avermelhadas de um pecado bruto, onde alguns chamam de maluco qualquer menino apaixonado escondido em um rosto envelhecido e maltratado por lâminas.
Redescobrir a vida dentro dos melhores sorrisos, deixar o afago de um carinho sereno se perder em bons momentos eternizados em músicas de bom gosto, compondo a trilha de um banho quente de espuma.
 No dia em que eu voltei a ver a terra girar, o sol se escondeu em um dia cinza que foi testemunha absoluta de que eu construí algo tão grande quanto Constantinopla ou o próprio Império Romano.  Tão mais alto que a imensidão dos maiores templos que tentaram ao longo da história alcançar Deus. A preciosidade de um olhar correspondido me sussurrou em uma doce voz chegada por de trás do meu pescoço, um segredo cantado em lá menor que dizia em voz serena "amo você".
E eu respondi em pensamento que todos os dias, esse amor vai me dar um pedaço de sonho novo que vai fazer assim com que meu sentimento continue a ser o mais bonito. Sincero, despretensioso e nada devoto. Puro, fiel e sem correntes. Amo. É só tudo isso e mais nada.  

1 de outubro de 2010

Quase "Desprezo".

Em cada pedaço de chão percorrido, ficam as lembranças do que já foi bonito. Foto e pegadas são registros. Porém o que mantém o passado vivo, são o pensamento e sentimento brigando em parceria. E esses por sua vez, andam por diferentes mundos em velocidade inalcançável.
Transparência que expulsa algo que chega torto, arrebatado e matando. De frente para o tronco, o chicote acerta o fingido de morto. E pouco em pouco o carrasco perde a força. 
Tornando assim aparente, o que um escravo sempre foi: forte, imponente e impotente durante tempos.
Até que uma certa princesa uma lei assinou.
Os dias se passaram longos, mas a liberdade chegou.
Um processo, uma questão de tempo.
O peso do amar.
Se pondo em tronco e tortura para a liberdade alcançar.
O chicote do "desprezo" deixa marcas, mas a um escravo não pode matar.
Não arrebata, chega torto.
Pouco em pouco.
Livre.

30 de setembro de 2010

Porque eu quero assim.

Se vc parar um minuto ou dois pra reparar que eu vou estar aqui esperando pra segurar uma das suas mãos e te mostrar, que por onde eu passo eu deixo pegadas. Riso, ternuras e lágrimas. Me largando nesse mundinho infinito que mora aqui dentro, entre a cabeça e o coração. Bem ali, onde mora aquele nozinho que da na garganta, quando me falta carinho ou quando eu me sinto sozinho sem colo de mãe.
Eu prefiro muitas vezes acreditar que a vida é uma estrada de tijolos amarelos...  e descobrir que tenho coração, inteligência e um tanto de medo. E que no fim desse caminho cheio de tanta coisa sem valor eu vou encontrar meu mundo construído.
Talvez... ...do lado da Terra do Nunca, onde as crianças esquecidas voam, brincam e não querem saber de nada que não seja brincar. Brincar de ser feliz. Talvez nas nuvens perto desse lugar eu consiga um terreno, pra na minha casa morar, e no meu mundo pra sempre estar. Quem sabe até que a solidão do meu jardim de flores azul-anil me dissesse em tom de segredo ao pé-de-ouvido, que alguém suspirou um sorriso e está vindo pra caber no meu abraço.
E quando o pranto me chegasse aos olhos, em forma de saudade simplória largada pelo pôr-do-sol de cor vermelho-rosa, eu deixaria que minhas lagrimas virassem chuva, que deixariam assim as crianças da minha terra vizinha brincando de pega-pega como anjos molhados de alegria inocente.
Nunca, nunca deixei de percorrer meus caminhos deixando sequer um tijolo amarelo de sonho faltar na minha estrada. Eu? Eu vendo o lado simples da vida em forma de um desenho colorido de jardim da infância, onde eu sei que tantos sonhos têm o nome de esperança, onde sei que nem sempre se realizam. Mas que isso me torna humano.

O céu é o chão. E o que nos leva a tocar os sentimentos é musica presente na vida - que muitos tocam e poucos escutam. Se quiser você pode vir atrás de mim, seguir minha direção. Mas com seus olhos, com seus sonhos. Sua estrada, seu refugio, sua brigada. Talvez pelo meu caminho, que vai estar logo ao lado do seu, até  dê pra se achar bonecos de chumbo andando de mãos dadas com princesas-bailarinas. Como a história não deixa. Do jeito que eu prefiro: um contos de fadas.

29 de setembro de 2010

Sonhar nos leva ao longe. E nada mais distante do que ficar parado no mesmo lugar.

Eu quero....


Eu quero meu pijama folgado de calças largas e azul-bebê depois do banho..., quero meias bem quentes e um copo de achocolatado antes de dormir. Quero caminhar com sono e de olhos entreabertos pela minha casa sendo guiado pelo barulho do meu ar condicionado, que deixou meu quarto geladinho. Quero bagunçar a roupa de cama e deitar a cabeça no meu travesseiro macio. Talvez, deixar a tv falando sozinha enquanto eu viro pro lado pra pegar no sono e começar a sonhar por baixo de um edredom quentinho.

Quero que em meus sonhos eu esteja andando por jardins parecidos com os campos de Petrópolis, onde canteiros cheios de cores compõem uma paisagem bucólica aonde nascem os amores. Por debaixo das sombras, dos lírios, das margaridas ou azaléias. E talvez, após colher uma flor e colocar entre as suas orelhas, ir em direção ao lago confundido com espelho d’água segurando um balão. Andar de pedalhinho mostrando um sorriso bobo, igual aquele que dei quando disse "você é muito lindinha". Tudo bem, pedalhinho cansa. Talvez andar de mãos dadas, vestindo casacos de moletom e calça jeans seja mais gostoso. Talvez ficar abraçado em um banco de madeira embaixo da sombra de uma castanheira seja mais aconchegante.

Quero abrir os olhos e me sentir saudoso. Abraçar o travesseiro e tentar voltar a dormir para sonhar de novo. Acordar de manhã, e antes que bebesse água e escovasse os dentes, ligaria pra você e diria que você estava no meu sonho. E que sem maldade nenhuma e com todas as peças de roupa no devido lugar, eu segurava a sua mão e te dava um abraço com o sorriso de uma criança descobrindo o amor. Eu quero que você me chame de bobo, quero levantar da cama e começar meu dia dizendo que tudo vai ser como eu quero. Como eu digo. Como eu espero.

Eu quero..., talvez não seja muito: pegar meu carro popular e colocar uma mochila ao meu lado pra subir a serra. Ouvindo musicas dos tempos de juventude, aquelas que só eu gosto e que só eu curtia. Quero que ao chegar em sua cidade, eu veja no seu olhar de espanto que ainda está linda, que seus olhos estariam brilhando, ver que seus pais estão bem e que seu irmão casou. Quero ver que na praça, a nossa árvore ainda está riscada, com nossas iniciais ao lado de tantas outras...., quero olhar pra você e ver que ainda existe uma adolescente faminta de desejo e simplicidade, usando aparelho e falando bobagens....

...bobagens que um dia me fizeram sonhar o sonho que tive outra noite. A outra noite que fui dormir lendo seu ultimo bilhete com letra de menina..., a noite em que dormi me lembrando de você: ainda escrevendo poesias de colégio em sua agenda, atrás da minha foto com cabelo despenteado, camisas folgadas e fazendo careta. Quero responder que nunca te esqueci, caso você pergunte.

Quero que depois de um mês ou ano, as nossas conversas ainda tenham paixão. Quero ver seus olhos contentes ao me ver falando de casa, filhas e pizza no domingo. Ao me ver te pedindo novamente em namoro, perguntando se comigo, você gostaria de namorar pra sempre. Pra sempre sendo meu tesouro. Pra sempre. Sempre.


26 de setembro de 2010

Deixa pra lá.
           O que se vai, se acaba. E o que fica só serve de bagagem,  com formações de ego ou, lições de vida tiradas de algo que não deu certo.  Pensamos, sentimos a perda. Seguimos em frente. Nada de novo, sozinho com aquele que já conheço. Indo em frente com meus sonhos, sustentando o peso da falta que me faz com a força da minha esperança.
           Minha esperança em mim. Em saber que eu mereço, em saber o que eu valho. E cada pedaço de descaso me prova que o amor ditado, não se prova em migalhas. Prova que o amado merece a presença e que as lembranças remetem ao carinho. E o carinho, faz um cadáver se arrastar. Um cadáver composto de dois mundos que se separam pouco a pouco, com o surgir de outros gostos, com o toque de sentimentos postos em prova.
          Uma ponta de liberdade que nasce de pouco em pouco. De choro em choro, de lagrima em lagrima, eu seco meu rosto. Guardo o velho em um cemitério belo, composto de músicas, anjos e bosques de solidão. Em meu coração, um campo aberto de guerras, luz e trevas, sonhos e desilusões. Conquistas, perdas.
          Tudo aqui. É fruto do meu impulso, do meu descaso, do meu desespero e da minha serenidade.

         É meu...
         
         ...presente pro mundo.

Que eu guardo sozinho. Pra mim.

Mudo.