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13 de maio de 2025

Os Caras Legais Talvez Não Existam

   Existem caras que escrevem, compõem, transpiram libido, pintam, desenham e falam de emoções além da fome de conquistar as coisas - sabemos, parece a coisa mais interessante do mundo. Mas a gente perde a graça depois de 2 semanas ou 3 meses, a gente não é só isso, a gente é conflito interno, é caos, é disturbio de intensidade, é de carne, é de sentimento. Sempre tem alguem mais saradinho, sempre tem alguém que oferece mais vantagens.
 As pessoas passeiam entre as camas e bares, querem lapidar a nossa existência com suas referências egoístas, pra fazer a gente caber num terninho de principe guardado lá no armario da intimidade, juntando mofo ao longo das frustrações mascaradas de causas coletivas e rotina agitada, junto a tanto lixo emocional.   Aparentemente, eu só tenho visto, vivido e revivido reafirmações de que ninguem mais acredita no quê a TV nos vendeu de 1950 a 2013 quando começaram os streamings, de que a gente tem que viver só pra gente e deixar a vida surpreender de vez em quando. Haja pai e mãe de pet, haja Tinder, Bumble, Hppn, haja anestesia, haja esquete de roteiro teatral do mesmo personagem com as mesmas performances nos encontros, trocando o lençol, trocando as fronhas, o endredom, o cenário mas nunca abandonando a playlist que embala nossa tentativa de acalmar tudo aquilo que se repete semana após semana. 
  A gente se sente um desperdício porque o problema está no "como" e não no "quê", nem no "aonde" ou em "quem". Quase uma doença social que não existe pelas emoções e sim, apesar delas. Viver pelo coração significa que todo dia escolhemos preservar o amor que nos plantam e não, as pessoas em sí. Escolhendo a distância pra tentar preservar aquilo de bonito que nos despertam, sem lhes dar tempo de murchar nossos refúgios de paz.