As pessoas passeiam entre as camas e bares, querem lapidar a nossa existência com suas referências egoístas, pra fazer a gente caber num terninho de principe guardado lá no armario da intimidade, juntando mofo ao longo das frustrações mascaradas de causas coletivas e rotina agitada, junto a tanto lixo emocional. Aparentemente, eu só tenho visto, vivido e revivido reafirmações de que ninguem mais acredita no quê a TV nos vendeu de 1950 a 2013 quando começaram os streamings, de que a gente tem que viver só pra gente e deixar a vida surpreender de vez em quando. Haja pai e mãe de pet, haja Tinder, Bumble, Hppn, haja anestesia, haja esquete de roteiro teatral do mesmo personagem com as mesmas performances nos encontros, trocando o lençol, trocando as fronhas, o endredom, o cenário mas nunca abandonando a playlist que embala nossa tentativa de acalmar tudo aquilo que se repete semana após semana.
A gente se sente um desperdício porque o problema está no "como" e não no "quê", nem no "aonde" ou em "quem". Quase uma doença social que não existe pelas emoções e sim, apesar delas. Viver pelo coração significa que todo dia escolhemos preservar o amor que nos plantam e não, as pessoas em sí. Escolhendo a distância pra tentar preservar aquilo de bonito que nos despertam, sem lhes dar tempo de murchar nossos refúgios de paz.