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27 de novembro de 2018

Redenção


Se eu te falasse do meu mundo colorido
O seu sorriso, o meu sentir e nada mais
A testa baixa, um olho roxo e minha libido
O sol nascendo e o meu mundo se desfaz.
Se eu te falasse dos meus sonhos de menino
Se eu te falasse do meu filho que se foi
Recompondo alguns dos versos mais antigos
Meio inquieto eu deixo o sono pra depois
Os meus fantasmas me perseguem em pensamento
Broto de sonhos que morreu, se decompôs
O silencio anunciando uma tormenta
A madrugada deixa o choro pra depois
Verso por verso, eu te procuro aqui dentro
Jogo pro vento a vontade de te ter
Aqui comigo, acalmando o meu "por dentro",
Teu cheiro em mim é tão dificil de esquecer

Se eu pudesse abraçaria as coisas lindas
Desenho flores sobre a tumba do meu pai
Minha mãe chorando procurando margaridas
Podando magoas pra deixar tudo lá atrás.

Seu te falasse que um dia ja fui rei,
Se eu te falasse que um dia tive paz.
Te contaria sobre o tapa que levei
E da mulher que hoje é mãe e não quis mais
Eu lembro dela, de um aborto e tantas outras
Sonhos de um, "o meu amor não é pra nós."
Quantos anos você teria hoje?
Quem eu seria sem a marca de nós dois?

Se eu te falasse que amei o sol e a lua
E que escrevi canções  tão belas sobre amor
Se eu falasse que esqueci da minha saúde
Cruzando mares, ruas pra fugir da dor  
Talvez se eu algum dia eu resolvesse perguntar
Deus me diria ou alguém viria me contar
Sobre a saudade que insiste em sussurrar
Palavras doces, sobre o belo, sobre amar

Vem aqui, me abraça forte
Me dá teu cheiro, e ensina a me doar
Pra entender que eu posso amar, que mundo é lindo
Pra entender que não preciso me matar

Verso por verso, essa agonia me atenta
Quebrei a casa e engoli meu coração
O silencio anunciando a morte lenta
Sobrevivi, deixando manchas no colchão
Todas as noites, como eu faço pra dormir?
Deus me perdoe, pois tentei, nao consegui.
A praia, o mar, o verde e o céu azul anil
Um poeta aprendendo a ser gentil

O peito dói, mas não só porque amei
O peito dói pelos sonhos que matei
O peito dói, mas não só porque amei
O peito dói pelos sonhos que matei

21 de novembro de 2018

Arroto e Elis

'Caía a tarde feito um viaduto,
Azar a esperança equilibrista', calma.
Não pula estrofe,
Verso por verso
Escrevo, rezo.
Violão e TOC
Nada de toque,
Não me toque.
Não pense em respirar, deixa sair.
Pega fôlego, o mar ta grande.
Pega andando, mas pega esse bonde.
Não da pra acompanhar,
Não pode seguir.
Perguntar aonde foi,
Explicar o tamanho.
Homem que é homem não prova
Não toca, se entoca
E uma vez na toca,
Chora.
Curando, o bordão vira jargão
E o jargão uma piada,
Uma piada de mal gosto.
Cansado,
Calado.
Era uma vez, mais uma vez
Um poeta falido
Aguardando a sua vez
De consertar o coração partido
De redescobrir caminhos
Sempre apontando
As ruínas da terra prometida.
O sonho americano
E um punhal afiado com carinho me perfura
Meu bucho, meu coração
Bruto.
Brutus, até tu.
Desde o primeiro dia esperei,
Não me assusto
E ainda disposto, me deito.
Vai dar jeito,
As linhas tortas das tantas areias
'Por onde andei vestido de cetim'
Queria eu, 'por onde for, ser seu par'.
Despido, fugiu da encruzilhada
O anjo caído
Já não queria acordos e almas
Ou mesmo, consolo.
Seus olhos e pele gritavam por amor.
Por paz.
E o som que se ouvia distante,
Era um arroto.
Via-se pela via, ainda morno, em trilha.
O sorriso blasé
O sangramento escondia.