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7 de julho de 2023

Sede


Pele macia
Língua molhada.
Lençóis sujos de prazer.
Noite de medo,
Aceitações e mudanças.
Perdidos em esperanças
De não ser esquecido,
como um distante velho amigo.
Que pelas ruas perdido
Descobriu o corpo-querer,
pois na solidão foi se satisfazer.
Sexo suado.
Prazer em dois 
Cabelos, nuca e chão.
Horas depois
Um pedido de perdão.
 Perdão pra si mesmo
Por viver bem sem par.
Seu temor é que seja
Um simples desistir de amar.
Tanto faz, não custa tentar.
Já lhe levaram o chão
Só lhe resta esquecer
Da culpa que carrega
Por ainda querer o quê não se pode ter.
Deixar livre e deixar o agora,
Ser tudo aquilo que pode ser.
Pecado bruto em corpo suado.
Em braços cruzados,
pernas enroscadas.
Gotas de sorriso em olhos
Com bocas de libido salgadas.
É só o corpo pedindo.
É o imaginar agindo.
É matar a ânsia presente em pesares
Com a falta de outro verso punindo.
Punição cruel
Pois não manda nos sonhos
Quando acaba dormindo.
Quando o "bom sentir" vai embora.
Lhe carregando o desejo
Trazendo o elemento cruel
Chamado de "tempo agora".
Tempo de viver sozinho.
Chora.
Chora.
Mais nada porém.
Chora.

16 de junho de 2023

Carnaval Fora de Época

Máscaras de um Pierrot, papel marchê.
Um gole, e um suspiro inspira um trago.
Em pensamentos deito, me viro
Não me suporto, não me inspiro.
Me limito.
Sei que estou, sei que quero
Sei que posso, sei que consigo
Mas desdenho, estou vivo.
Delírios em sementes de angústia
Noites de calor em céu estrelado e lua.
Mais um gole, e agora um trago.
Em homenagem ao bêbado,
Em homenagem  ao desagrado.
Quase um desgraçado.
Menino-homem  em abandono
Largado ao vento de mudanças,
Colombina? Sem esperanças.
Pierrot escolhe o bloco
Vestindo-se em um palhaço.
Um gole.
Mais um, só mais um e depois outro.
Outro trago, seguido de mais 1/4.
Um escarro de veneno
Um carro
Um estrago
Um puta estrago
Um carro sem puta e amasso
O quê de um palhaço foi tirado, aprisiona.
Prende em um recanto que há muito fora abandonado.
Um pedaço de chão e riso de criança sem calor de pai
Esculpidos em descasos dentre laços maternos.
Em afagos e cuidados memoráveis.
Compostos de sangue sem par, fraternos.
Um templo solitário que os medos traz à tona
O limite do horizonte, que em recantos de versos simplórios dormia
Se pôs em  linha tênue, entre a razão e a melancolia.
A fronteira frágil que trouxe o palhaço, àquilo que não queria.
Ele, ele mesmo e o Espelho, como João Nogueira dizia
Se sentiu pequeno, se fez grande.
Gritou, bateu, apanhou e se desfez.
Se entregou a dor pra morrer sem demora
E não percebeu que o amor sobrevivia
Do crepúsculo à aurora.
Renascendo em um pedaço de chão-sozinho
Pelas ruas abarrotadas, seguiu chorando
Seguiu sorrindo.
Em um sopro de poesia esquecido
Em lírios cantando versos sofridos
Em um campo infindado de sonhos quebrados,
Cuidadosamente esculpidos
Desgarrados, quase desgraçado.
Pierrot e Colombina
Eles, um mito.
Ele, um grito.
Ela, sorriso.
Separados, ora pois.
É a história.
Triste pra um.
Talvez, só talvez - triste pra dois.
Mesmo que Arlequim não haja, ora bolas.
Há lágrima por dentro em um.
Há saudade presente em dois.
Sorrir, sorrindo, sorria.
O palhaço veste a fantasia.
É mesmo sem ser, carnaval sem luz do dia.
Viver sem o egoísmo de trocar, ora pois
O sofrimento só de um, pelo fracasso de dois.
Prosas em preces, minha velha amiga, 
Estou sofrendo, todos sabem!
Está claro com o dia, 
Nos lençóis da intimidade
Era o seu nome que eu dizia
Pois disseram que a falta do riso em chuva 
O Pierrot sabe bem reconhecer.
Transformando dia em noite
E noite em dia,
Gritou pedindo ao povo da rua 
Implorando pra lhe dizer,
Desejou toda a felicidade do mundo a você.
E pediu pelo direito de em paz, conseguir sofrer.






15 de junho de 2023

O simples direito de não mentir em meu sentir.

Vontade de faltar
Vontade de não ter
Vontade de quebrar.
Ser sem me querer
Enfraquece o meu existir
Me fortalece o ego e chão
E me tiram a solidão
De pedaço em pedaço
Um poetinha vagabundo
Aos poucos rouba meu espaço
Sendo o que é,
Fazendo o que seu jeito manda.
Ele apenas existe entre mim
E a mulher que não me ama.
Eu distorço minha forma de olhar
Para essa mulher que não me tem mais querer
Eu me ponho entre o casal e o mundo
Pois só sou aquilo que sei ser
Se não posso assim cativar
A mulher que não me quer mais
A menina de meio sorriso
Que se faz inteiro nos pelos
Do rosto de outro rapaz
Sim faz, meu pranto cair
Minha revolta crescer
E meu amor morrer.
Olho, entendo, percebo
Enfrento de frente e sem medo
Pois sei que esse sentimento apodrece
Por mais que a paixão seja linda
Ele, em cada farelo não a merece
Eu berro,
Meu grito em imagens de terror e sangue
Funcionando como prece
Que acalma o coração, querendo a dor
De esquecer no agora
A quem jamais se esquece.
Faça-se a vontade divina
A vontade que não é minha
Deixar de querer sem deixar de amar
Mesmo com sexo
Meu amor não haverá de se esgotar
Eu a chamo de puta
Sabendo que puta ela não é
Eu o quero amputado
Pedaço em pedaço
Membros, pênis e braço
Apenas por tocar com prazer
O meu tesouro mais bonito
Que ele não ama
Mas penetra com querer.
Não me engano
Esse rancor deve cessar
Pois sei que amo
E esse amor vai me matar
Em punhado de lágrimas
Escondidas em sorrisos
Vou calar.
Porque o quê fora guardado
Não há de ressuscitar.
Ela está suja
Meu tesouro tocado
Meu jardim que o inverno estragou
Meu refúgio que o abrigo a mim recusou
Minha dor que jamais esquecerei
Uma mulher que em meus braços dormiu
De um jeito que de novo não dormirei.
Saia do meu pensar
Saia agora.
Eu te ordeno,
Não te desdenho
Mas não te quero em meu querer
Eu te condeno no meu prazer
Jamais será igual
Não importando quanto tempo se passe
Não importando o quanto de seu amor ficasse
Você sujou sem querer
Com a vontade de não me ter
E cabendo a um outro em seu posto de prazer.
Não me encoste em tato
Apenas guarde meu cheiro.
Pois será esse o mais próximo que chegarás.
Me ver passando longe
Com máscaras de sorriso em rosto
Com um abraço em direção ao teu conforto
Vestindo o puro ódio por trás.
Não porque deverias me amar para sempre
Mas porque meu amor foi desprezado
Como um dia tantos ja fizeram,
Como  hoje você faz.
Como não irei aceitar.
Como?
Não sei, porém sei
Não mais.
Nunca.
Nunca.
Nunca mais.