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15 de fevereiro de 2024

Gipsy

 Geralmente mulheres livres são condenadas a incompreensão dos olhos do mundo. Não sei se são as luzes de neon em uma noite urbana, o verde e o cheiro de lavanda em qualquer dia ensolarado de outono... não sei dizer se são as referências de tudo aquilo que lhes toca o peito e o coração, não consigo explicar a inquietação que a pele vai aos poucos expulsando pelos poros, atravessando os pelos finos refletindo a meia luz incandescente. Movidas pelo todo do corpo que se mexe em lençóis com cheiro de Giovanna Baby na pele suada em uma noite quente de verão, seguem escutando a cabeça reclamando dos sonhos que precisariam de 2 ou 3 vidas para serem tocados. Elas respiram, viajam pra dentro de sí e respiram mais e mais fundo, seguindo as emoções mais instensas, se perguntam quando foi a última vez em que se sentiram vivas, mesmo que a vida lhes esteja latente em cada gesto ou trejeitos. É nessa hora em que o pensamento acelera e ainda sim, o corpo vívido, suado e vestido com blusas folgadas e qualquer calcinha de 2 anos atrás -  descansa. As incertezas assustam enquanto seguem transpirando poesia, abrindo caminhos, sorrisos, não se impressionando com facilidade e bebendo em uma caneca de independência sem açúcar, as lágrimas de todo e qualquer homem que prove de suas essências. Os mais livres dos espiritos te enchem o peito de paixão pela vida em sua natureza, abusam do seu sexo e da sua carne, bagunçam a sua vida, os seus sentidos, te dão um tapa na cara, um abraço apertado, um beijo no rosto, um sorriso sincero e por fim, somem nas entrelinhas da vida e dalí pra frente, deixam um gosto de saudade nos pensamentos de quem por fim aprende a olhar pra vida e entender do quê ela é feita.

Caminhos de Outra Noite

 Sobre o vazio de uma noite sem sorrios

Eu me pego aqui lembrando de momentos de paixão
Talvez o mundo e a realidade se transformem numa gota de orvalho
Ou melodias que compús.

E as lembranças vão surgindo como notas de saudade assim simplória
Me tirando os pés do chão
Eu subo aos céus e numa núvem rubro-rosa
Eu largo no meu mundo construido de emoção

De risos, lágrimas, ternuras de mil anjos
Que rodeiam assim meus sonhos que habtitam o coração
 E pelos campos, as folhas secas de outono como um tapete
Cobririam os caminhos de amor

E onde estaria a rosa linda de paixão
Pra quem dou as minhas notas, uma flor ainda em botão
E o teu perfume é trazido pelo vento que perturba o meu sossêgo
E me faz querer chorar

E o telefone vem me dar a tua voz que vem falando ao pé-do-ouvido
Mil motivos pra sonhar e sem mais desculpas eu atendo o teu pedido
Agindo assim como um menino
Que quer abrigo quer buscar

Pelo caminho o vento bate no meu rosto
Que não sente o desconforto de na chuva caminhar
Seu jeito fofo de olhar me dexa bobo
Me fazendo uma criança que não sabe o que falar

E ja do seu lado eu te guardo no abraço
Ja Não lembrando mais de nada
Que a minutos divaguei.

14 de fevereiro de 2024

A Crônica de Carnaval de um Poeta Falido

  Meu sol se pôs no dia 21 de janeiro em meio aos dias em que as horas se arrastavam passando como se assim fossem minutos, tateando a rotina do vazio de tantas faltas, tanto porém e "deixa pra depois", porque eu tô cansando, porque não, porque sim. Não sabia direito quando ele viria, mas sabia que era hora de trocar o Depacote e as luzes de led em RGB por algo que envolvesse um pouco mais do sol que brotava dentre as persianas por volta da hora do almoço. 
  As pessoas que vivem em nossa cidade sabem dos melhores horários, a direção das tribos, aonde o sol nasce, aonde a água da praia é mais limpa, aonde comer bem, aonde ir pra respirar e recuperar o fôlego - Incrivelmente, nós nos acomodamos em nossos círculos e poucas vezes nos damos chances de ver as mesmas coisas de uma perspectiva diferente. 
  Até que em algum momento, as visitas chegam, admirando a nossa piscina construída no quintal da nossa casa, a piscina que um dia tanto sonhamos e batalhamos pra ter: trabalhamos muito, rodamos por alí e por lá, mas resolvemos nos estabelecer aqui. Vimos, sentimos, nos apaixonamos, escolhemos ficar pra viver na casa equipada e completona que nós apenas queríamos ter tempo pra curtir mais - sim, eu sei: o  Rio de Janeiro tem esse poder de ser uma incrível casa de privilégios que pouco nos esforçamos pra aproveitar de verdade, em alguns momentos.
  O ar condinicionado estava no máximo, limpo e gelando bem. A roupa de cama composta de lençóis egípcios e edredom suede de inverno cobria um colchão de casal em espuma maltratado pelos seus 3 anos de uso, no armário faltava uma porta que não resistiu a frustrações, enquanto luzes de led em rosa neon iluminavam o chão do quarto com a penumbra da tv. O dia tinha acabado de começar, eram 5:30h da manhã e me dei a chance de ir. Assim como quem tomava um remédio sem vontade. Um sábado de carnaval em Santa Teresa, sol, amigos e uma multidão aglomerada em prol do caos organizado pela harmonia de pessoas em sinergia. Suor, glitter, libido, álcool, fumaça em ritmo de quem se torna um andarilho da própria cidade. Fazendo as pazes com o quintal de casa, recebendo as visitas com sorriso.
  Bastou-me um dia que acabou no dia seguinte para que eu assim, procurasse a minha bolha, um lugar que me reconhecesse e aonde pudesse contar com a presença de um cinzeiro, em uma mesa confortável. Talvez eu quisesse um pouco de calma, pra poder realmente ver o pouco de paz que havia encontrado.
  O dj residente colocava Strokes pra gritar enquanto eu molhava a garganta seca de planta com água gaseificada, gelo e laranja. As pessoas começavam a chegar dos blocos de carnaval com as suas pernas cansadas, procurando talvez o mesmo que eu, que você e tantos outros. Enquanto um camarada de bar falava qualquer coisa sobre engenharia musical, um sotaque mineiro me pediu um isqueiro, assim: de forma tímida, como quem não quer nada, como alguém que chegou aonde queria sem saber direito como. Eram cores diferentes espalhadas pelo rosto e corpo melado de suor seco, em forma de glitter, compondo um quadro perfeitamente pintado em uma blusa rosa de alcinha, saia preta, sandália são francisco acomodando os pés, pernas torneadas em tom dourado de sol.
  Não me lembro direito se foram 20 ou 40 minutos de conversa, se foi um cigarro ou se foram dois. Sei que as histórias que ela contava eram engraçadas, ela falava sorrindo das suas viagens e aventuras. Foi quando em algum momento criei coragem de buscar o quê eu queria, mesmo encabulado, mesmo sem saber o quê falar. As línguas se encaixaram, os rostos se encostavam trocando suor enquanto as mãos, reconheciam cada pedaço de duas pessoas que pareciam brigar pra se engolir. 
  As figuras locais envolviam um médico federal, bem relacionado, pai. Ele cheirava toda a cocaína que conseguia e alí, equanto se apresentava oferecendo aquilo que não queríamos, tentando não enrolar a língua, uma garota doida de sei lá o quê fazia de tudo pra tentar beija-la e o "Xerequinha" oferecendo um chop, nos chamou pra pista de dança aonde ela se afastou das mãos do meu amigo tarado e enroscou nossas bocas em nossos pescoços, misturando baba, suor e todas as cores de glitter, se espalhando pelo nosso busto, enquanto ela arranjava um jeito de se encaixar na minha cintura, me fazendo sentir o seu sexo pulsando através da saia e da calcinha, nos jogando de um lado pro outro fezendo nascer os roxos que marcariam as nossas peles no dia seguinte.
  Sentamos pra descansar as varizes em uma mesa debaixo das palmeiras da Maria Quitéria e um pouco mais longe do som ouvi historias sobre a Europa, relacionamentos acabados, Ésse-pê e sua adolescência em Minas. Até que larguei seu pé direito que a essa altura, já estava quase com o dedão em esmalte vermelho na minha boca. Segurei sua mão, descemos a rua, nos engalfinhamos em um beco escuro, fomos andando pela orla e sentamos de frente pra areia esperando o sol começar a subir. Fiz massagens em seus pés, coxas, ombros, costas e seios. Tudo aquilo fazia minhas pernas tremerem, meus sentidos ficarem aguçados, rígidos e reagindo ao toque de forma pulsante. Foi quando deitei na areia, colocando suas coxas sobre meus ombros, deixando os pelos da minha barba melados por todo aquele suco de vontade que escorria pela virilha com cheiro de pele suada, enquanto o meio das suas pernas babava na minha boca, me deixando passear com a língua em movimentos de baixo pra cima, engolindo cada gota enquanto as suas mãos me puxavam pra dentro e suas pernas se abriam mais e mais, até seus dedos do pé se envergarem pra dentro, como quem tentava perdurar o ápice.
  Ela relaxou, respirava ofegante, me levantei, sentei ao seu lado e relaxada, ela me apalpava, desviando o seu olhar do meu, encarando o volume da minha bermuda, mordendo os lábios, me apertando com força. Já estava claro e as pessoas começavam a passar correndo ou com seus cachorros na beira do mar, saboreando o sol, vivendo o dia. E então disse a ela que estava tudo bem, que a noite pra mim já tinha sido perfeita. Ela filmou o sol nascendo, tirou uma foto nossa e antes de se levantar pra mergulhar, tirou a calcinha e me deu pra gaurdar. Entrou no mar calmo, flutuou sob ondulações calmas no mar verde cristalino de um dia quente de verão.
  Ao sair, seus lábios tremiam, sua pele estava arrepiada e ela se encolhia tentando manter a postura de quem não estava incomodada com nada, como se estivesse no primeiro date com alguém que julgasse de alguma forma, especial. Tirei minha camisa e lhe vesti, colocando seus dois ombros no meio do meu peito, assoprando a suas costas com meu hálito quente e esfregando a base da lombar até a nuca, na tentativa de esquentar-lhe.
 Seus pelos loiros da coxa já estavam secos, refletindo na luz dourada. Parei por alguns segundos que pareciam horas - eu sabia: meu cérebro tinha guardado cada detalhe daquela catarse.
  Nos abraçamos, levantando depois de um beijo longo e caminhamos pro calçadão. Depois pra rua, depois pro último beijo, depois pra sensação de que a paz emerge do caos. Passei-lhe a mão no rosto e me despedi daquele que foi um memorável dia de carnaval carioca.

7 de julho de 2023

Sede


Pele macia
Língua molhada.
Lençóis sujos de prazer.
Noite de medo,
Aceitações e mudanças.
Perdidos em esperanças
De não ser esquecido,
como um distante velho amigo.
Que pelas ruas perdido
Descobriu o corpo-querer,
pois na solidão foi se satisfazer.
Sexo suado.
Prazer em dois 
Cabelos, nuca e chão.
Horas depois
Um pedido de perdão.
 Perdão pra si mesmo
Por viver bem sem par.
Seu temor é que seja
Um simples desistir de amar.
Tanto faz, não custa tentar.
Já lhe levaram o chão
Só lhe resta esquecer
Da culpa que carrega
Por ainda querer o quê não se pode ter.
Deixar livre e deixar o agora,
Ser tudo aquilo que pode ser.
Pecado bruto em corpo suado.
Em braços cruzados,
pernas enroscadas.
Gotas de sorriso em olhos
Com bocas de libido salgadas.
É só o corpo pedindo.
É o imaginar agindo.
É matar a ânsia presente em pesares
Com a falta de outro verso punindo.
Punição cruel
Pois não manda nos sonhos
Quando acaba dormindo.
Quando o "bom sentir" vai embora.
Lhe carregando o desejo
Trazendo o elemento cruel
Chamado de "tempo agora".
Tempo de viver sozinho.
Chora.
Chora.
Mais nada porém.
Chora.

16 de junho de 2023

Carnaval Fora de Época

Máscaras de um Pierrot, papel marchê.
Um gole, e um suspiro inspira um trago.
Em pensamentos deito, me viro
Não me suporto, não me inspiro.
Me limito.
Sei que estou, sei que quero
Sei que posso, sei que consigo
Mas desdenho, estou vivo.
Delírios em sementes de angústia
Noites de calor em céu estrelado e lua.
Mais um gole, e agora um trago.
Em homenagem ao bêbado,
Em homenagem  ao desagrado.
Quase um desgraçado.
Menino-homem  em abandono
Largado ao vento de mudanças,
Colombina? Sem esperanças.
Pierrot escolhe o bloco
Vestindo-se em um palhaço.
Um gole.
Mais um, só mais um e depois outro.
Outro trago, seguido de mais 1/4.
Um escarro de veneno
Um carro
Um estrago
Um puta estrago
Um carro sem puta e amasso
O quê de um palhaço foi tirado, aprisiona.
Prende em um recanto que há muito fora abandonado.
Um pedaço de chão e riso de criança sem calor de pai
Esculpidos em descasos dentre laços maternos.
Em afagos e cuidados memoráveis.
Compostos de sangue sem par, fraternos.
Um templo solitário que os medos traz à tona
O limite do horizonte, que em recantos de versos simplórios dormia
Se pôs em  linha tênue, entre a razão e a melancolia.
A fronteira frágil que trouxe o palhaço, àquilo que não queria.
Ele, ele mesmo e o Espelho, como João Nogueira dizia
Se sentiu pequeno, se fez grande.
Gritou, bateu, apanhou e se desfez.
Se entregou a dor pra morrer sem demora
E não percebeu que o amor sobrevivia
Do crepúsculo à aurora.
Renascendo em um pedaço de chão-sozinho
Pelas ruas abarrotadas, seguiu chorando
Seguiu sorrindo.
Em um sopro de poesia esquecido
Em lírios cantando versos sofridos
Em um campo infindado de sonhos quebrados,
Cuidadosamente esculpidos
Desgarrados, quase desgraçado.
Pierrot e Colombina
Eles, um mito.
Ele, um grito.
Ela, sorriso.
Separados, ora pois.
É a história.
Triste pra um.
Talvez, só talvez - triste pra dois.
Mesmo que Arlequim não haja, ora bolas.
Há lágrima por dentro em um.
Há saudade presente em dois.
Sorrir, sorrindo, sorria.
O palhaço veste a fantasia.
É mesmo sem ser, carnaval sem luz do dia.
Viver sem o egoísmo de trocar, ora pois
O sofrimento só de um, pelo fracasso de dois.
Prosas em preces, minha velha amiga, 
Estou sofrendo, todos sabem!
Está claro com o dia, 
Nos lençóis da intimidade
Era o seu nome que eu dizia
Pois disseram que a falta do riso em chuva 
O Pierrot sabe bem reconhecer.
Transformando dia em noite
E noite em dia,
Gritou pedindo ao povo da rua 
Implorando pra lhe dizer,
Desejou toda a felicidade do mundo a você.
E pediu pelo direito de em paz, conseguir sofrer.






15 de junho de 2023

O simples direito de não mentir em meu sentir.

Vontade de faltar
Vontade de não ter
Vontade de quebrar.
Ser sem me querer
Enfraquece o meu existir
Me fortalece o ego e chão
E me tiram a solidão
De pedaço em pedaço
Um poetinha vagabundo
Aos poucos rouba meu espaço
Sendo o que é,
Fazendo o que seu jeito manda.
Ele apenas existe entre mim
E a mulher que não me ama.
Eu distorço minha forma de olhar
Para essa mulher que não me tem mais querer
Eu me ponho entre o casal e o mundo
Pois só sou aquilo que sei ser
Se não posso assim cativar
A mulher que não me quer mais
A menina de meio sorriso
Que se faz inteiro nos pelos
Do rosto de outro rapaz
Sim faz, meu pranto cair
Minha revolta crescer
E meu amor morrer.
Olho, entendo, percebo
Enfrento de frente e sem medo
Pois sei que esse sentimento apodrece
Por mais que a paixão seja linda
Ele, em cada farelo não a merece
Eu berro,
Meu grito em imagens de terror e sangue
Funcionando como prece
Que acalma o coração, querendo a dor
De esquecer no agora
A quem jamais se esquece.
Faça-se a vontade divina
A vontade que não é minha
Deixar de querer sem deixar de amar
Mesmo com sexo
Meu amor não haverá de se esgotar
Eu a chamo de puta
Sabendo que puta ela não é
Eu o quero amputado
Pedaço em pedaço
Membros, pênis e braço
Apenas por tocar com prazer
O meu tesouro mais bonito
Que ele não ama
Mas penetra com querer.
Não me engano
Esse rancor deve cessar
Pois sei que amo
E esse amor vai me matar
Em punhado de lágrimas
Escondidas em sorrisos
Vou calar.
Porque o quê fora guardado
Não há de ressuscitar.
Ela está suja
Meu tesouro tocado
Meu jardim que o inverno estragou
Meu refúgio que o abrigo a mim recusou
Minha dor que jamais esquecerei
Uma mulher que em meus braços dormiu
De um jeito que de novo não dormirei.
Saia do meu pensar
Saia agora.
Eu te ordeno,
Não te desdenho
Mas não te quero em meu querer
Eu te condeno no meu prazer
Jamais será igual
Não importando quanto tempo se passe
Não importando o quanto de seu amor ficasse
Você sujou sem querer
Com a vontade de não me ter
E cabendo a um outro em seu posto de prazer.
Não me encoste em tato
Apenas guarde meu cheiro.
Pois será esse o mais próximo que chegarás.
Me ver passando longe
Com máscaras de sorriso em rosto
Com um abraço em direção ao teu conforto
Vestindo o puro ódio por trás.
Não porque deverias me amar para sempre
Mas porque meu amor foi desprezado
Como um dia tantos ja fizeram,
Como  hoje você faz.
Como não irei aceitar.
Como?
Não sei, porém sei
Não mais.
Nunca.
Nunca.
Nunca mais.

25 de julho de 2022

Sete Oceanos

   Buscando um pouco de luz e calma enquanto é noite e a lua não aparece, nessa hora em que o mundo sonha e eu tento transformar silêncio em calma. Enquanto o por enquanto transitório  é tudo que tenho, tento escutar a Palavra que me diz que a vida de Abraão foi uma lição de amor e fé. 
   Luz, luz para nossas noites. Luz para as margens do íntimo, aonde as estrelas são as constelações escritas com as nossas melhores lembranças onde meu cachorro me pede colo, quando sinto cheiro de mãe, escuto o barulho de mar, revivo o colo do meu pai e os cuidados da minha irmã, que assim vão guiando as velas de um barco sem remos, farol ou litoral em vista. Os sete oceanos são muita coisa para uma só vida.

15 de maio de 2022

Enquanto te Via Dormir

Meus sentidos. Meu senso, minha paixão e meu abrigo. Olhei ao redor e me perdi em rostos sem nome, em pedaços de histórias começando e terminando como em um roteiro de romance meia-boca.  Senti no gosto do copo, a saudade de algo que ainda me entranha o corpo e grita por mais. Suspirei engolindo seco a leviandade de um afago despretensioso de quem pôs mira aos olhos de um outro e foi pego no pulo, admirando a beleza das possibilidades.

Incertezas na melodia escrita em cigarros com gosto de drinks quase-amargos, embalando um corpo jovem despido que entre lençóis se contorcendo, me fazendo sentir o medo de um adolescente descobrindo o amor. Ser querido me faz ser, procurando na loucura do meu viver um jeito de perdurar o amor mais sereno e sem  gosto de veneno, que torna o sofrimento apenas um olhar distorcido de quem se perdeu em uma ponta de libido, que fora abandonado em esquecimento nos sonhos daquela que se deitou sozinha de noite e desejou meu cheiro.

Pernas em laços perfeitos, contornos esculpidos em afetos que separam teu corpo suado do meu, me expulsando os pés, as pernas e a alma de um lençol com cheiro de roupa limpa, onde a face tua encosta na minha língua e nariz, confundindo meu ar com o desejo, de antes de você acordar. Simplesmente para dizer que estava eu a sonhar com o orvalho da paixão que não quer saciar. Eu te peço, deita sobre mim. Respira no meu pescoço e me enche os sonhos de ternura com a maciez da pele tua, semi-desnuda de pudor e abraçando meu tronco com força, me grita com os olhos de amor: "bom dia, sonhei que era você e só você."

Que dos dias fiquem os sorrisos, as juras perdidas em dois corpos que ainda com vontade no abraço se lembram dos menores momentos em par. Amo, novamente amo. Com medo da dor que já conheço, com os riscos de talvez ter de pagar o preço maior: o esquecimento daquilo que hoje é o meu pedaço mais bonito de um mundo construído em nuvens brancas de paz. Essa que é, tirada quando vejo o brilho da tua quase-inocência apontando meus olhos sonhadores, me espantando os temores e me fazendo te querer. Do lado e não para mim, comigo e por dentro te tenho em cores simplórias de um desenho que reflete o desejo de que o fim jamais um dia chegue.
 
   E se chegar enfim, que tenhas a certeza que estarei escrito em ti assim como estás em mim. Fazendo parte de algo que não se acaba, que apenas se transforma, assim como a morte que leva embora a carne e transmuta em energia tudo aquilo que do resto sobra. Eternizando na beleza da existência do quê de mais formoso eu pude sentir: seu corpo no meu enquanto te via dormir.

27 de junho de 2021

Pedaços de Sonho

Se eu falasse um pouco mais
Sobre as coisas do meu peito,
Sobre como eu aprendi o amor

Você faria dos meus sonhos
Frases de um rascunho
Uma semente,
A chuva
O sol em flor

Uma gota de orvalho
Em forma de segredo
E os seus medos
Não me causam dor
As cores do teu céu 
Decorado com estrelas
Com a lua pra falar de amor

Nos versos simples que componho
Esperando pelo sol nascer
A vida que eu sonhei pra gente
Pode acontecer
Escrevo em um caderno de sonhos
Esperando pelo sol se pôr
Pintando as cores do seu rosto
Em uma canção de amor.

Te guardo nas memórias
A saudade de uma noite
Com a distância
E esse anseio aqui
Minha pele,
Meu sossego,
Meu libido
Meu abraço
A eternidade de um momento assim

Nos versos simples que componho
Esperando pelo sol nascer
A vida que eu sonhei pra gente
Pode acontecer
Escrevo em um caderno de sonhos
Esperando pelo sol se pôr
Pintando as cores do seu rosto
Em uma canção de amor.

25 de fevereiro de 2021

Momento Presente

 É um dia de chuva instensa e nossos amigos deixaram um certo eco no nosso apartamento. Piadas, rodizio de quem lavava a louça e vozes diferentes contando estórias de outros ventos. De alguma forma nosso ritmo diminuiu um pouco e ainda guardo o gosto de ter dormido na grama, dirigido em uma estrada em um clima sereno, em direção ao sol se pondo enquanto sua amiga babava no banco de trás. Nesse silêncio que durou a tarde toda enquanto eu tava aqui querendo fazer mágica com as nossas contas, me deparei com essa cena: você rodeada por essas caixas, vestida de quase nada, do jeito que eu mais gosto, mergulhada no seu mundo particular lixando as unhas. A nossa mudança ta chegando, os dias tem passado tão depressa e algumas saudades se tornaram lembranças. Parece que o tempo passa rápido demais quando a gente ta quebrando cabeça pra tocar nos próprios sonhos. No final das férias a primavera trouxe o sol, a neve e nossos amigos foram embora e nós dois ficamos aqui. Eu e você, desse jeito. Só eu sei o quanto eu depositei esperanças nos meus sonhos, desenhando, compondo versos, arranhando meus instrumentos, colecionando corações quebrados e refazendo castelos de areia até ficar de mal com mundo. Acreditar no amor e lutar por ele não é fácil, mas a recompensa vem em dias assim: quando me pego sorrindo por saber que você e o seu cheirinho de pele suada estão por perto.

24 de julho de 2020

What Toronto Humane Society Actually Does

"Dear Toronto Humane Society,

I'm not sure how to express it, since 'thank you' is not exactly the word to use here. It fills my heart, it makes me smile and even more: it gives me hope.
Please don't get me wrong, life is beatiful but since we've moved to Canada carring lots of dreams and opened minds we've found a terrible dark winter. Not referring to the amazing winter which allows any Canadian or turists to watch the snow from the window, enjoying a nice cup of tea and the marvelous views and landscapes. Instead, I'm talking about the dark side of humanity, that one which turn their hearts cold and nothing more. Side by side we've tried to take a walk around: from YorkVille, Church Wellsley, North York, Dundas West, Highpark, Duffreing, Yong and Eglinton,  Niagara Falls, Saint Paul and so and so.

After a year, 6 grades at George Brown College took a lot of my time and unloading trucks, handling trash without a jacket or gloves, sleeping three hours per night - never were a problem. I simply missed to talk, to share, to be noted. I never wanted to be important, just accepted. Than perhaps, I would be able make friends. It was when depression almost took me away, deep down all around those Sunny Brook Hospital corridors.

That was when I heard about you: Toronto Humane Society.
'This name means something big', I wrongly thought. Wrongly since the work you guys do and the way you do, the passion in the eyes of every single member of your team, oh, dear Lord - it warmed my heart. 
From reception to checkout, we've adopted Toyota who followed us from laundry to bed, to parks, subway - and spring finally came for us. 
Toyota needed care, he used to shake in fear after a glass or bucket falling in the kitchen or, during the daily activities.
For that reason, he slept in our bed for one entire week......and became the best part of coming home. Even futther, after some investigation his serious health problems were 100% managed by your organization and health care plan: surgery, exams, rehab and even psicology support (aka empathy) telling us that everything would be ok.

Toyota made our lives better and woke up a shinning beautiful feeling in our hearts. Life was kind to us, allowing us to get back to our home in Brazil as a family and nowadays he goes to the beach, gardens, parks and loves to play with everyone around.
So, how? How could I only say 'thank you'? You rescued him, took care of him and you allowed me to learn how to do it too. This piece of happiness brought me back my smile and kept me alive, just because Toyota shows me a love that I had to put me on my knees to thank you from the bottom of my heart.
From the deepest feeling of gratitude, take this message, my tears and my warmed heart - as a hug."

22 de junho de 2020

104 Weeks not so Far Away from Hell

Fighting thoughts, overthinking like angels loosing their wings due to bloody scars. Voices all around, screens of fake hopes leading to promises of a better world. 'D I feel it within my face decorating the entire floor? The moon raises and that DreamWorks's kid would be perfect on it but somehow, even knowing the stars are at the same place, it seems to be shining in a different way. Mixed feelings of joy and silence, an polished guitar and desperate. Tic tac, pointers keep dancing, a song comes to my mind but my fingers don't move. Estando ainda com o peito apertado por nada, traçando guerras com os ponteiros que seguiam disparados, dançavam a velha guarda de algum samba de raiz, tateando notas mudas.

20 de junho de 2020

Inside my Inside

Voices of mine, inviting me to dance. Bring me the silent night where I can follow my thoughts in a deep dive upon the stars.
Voices of mine, sing me that song where I heal those scars, when the blues touch the moon and my pride vanishes in dust.
Voices of mine, taking care of my light, turn my nightmares into sweet dreams smelling like my father's beard.
Voices of mine, thank you for passing by bringing all those poems about love within my brain, deep in my heart, inside my inside

10 de junho de 2020

Orvalho

Sonhos compostos de emoção
Frases perdidas sem direção
O tom de meus medos me deixa ver
Sem ter evidências, já posso crer

Que certos pedaços de meu caminho
Eu sei, estive sozinho, sem ninguém pra me abraçar
Com ódio então eu me vi perdido, esqueci da minha libido
E com amor, pude matar.

Mesmo com sangue nas mãos, sorri;
Como alegria pude sentir?
Nem me pergunto por onde andavas
Porque sei que me olhavas
Mesmo sem saber rezar;

Porém o abandono é necessário
Dessa chuva eu sou orvalho
Livre arbítrio é o meu lar

Melodias em "lá menor" compús
Talvez a tristeza que me seduz
Faça meus olhos sempre brilhar
E mesmo amargo, lacrimejar.
Contente com essas coisas da vida
Vou curando mil feridas
Pra depois me arrebentar
Nem me pergunto por onde andavas
Porque sei que me olhavas
Mesmo sem saber rezar;

Porém o abandono é necessário
Dessa chuva eu sou orvalho
Livre arbítrio é o meu lar

Talvez eu queira mesmo tudo assim,
Mas meu medo é Você largar de mim
Sonhos compostos de emoção
Com ódio e amor no coração

Nem me pergunto por onde andavas
Porque sei que me olhavas
Mesmo sem saber rezar;

25 de maio de 2020

Filhos Da Classe Média

Se eu parasse pra falar de como isso me incomoda,
A maneira que me espreitam quanto tudo à minha volta.
Me deixa.
Me erra.
Não fode.
Todo mundo tem problema e toca a vida como pode.

Os amigos que me erguem dos olhares que me ferem,
Na consciência estou tranquilo, porque pra mim não faz sentido:
Vida, fingida, morrendo por dinheiro
No Instagram é "minha querida" e o dia a dia é no puteiro.

Como pode nos seus dias pregar sobre o evangelho,
Bater na própria esposa e trai-la sem critério.
A segurança de uma lar é sustentada em um contrato
Lambendo o chão do chefe, de gravata e de sapato
O seguro desemprego acarreta no divórcio
Esposa, amante, negócios...
...No clube dos covardes sempre cabe mais um sócio.

Castelos de areia, na beira de uma praia.
Fotos de comida, velhinhos de mãos dadas.
Vivendo a sua vida, pois a minha não tem graça,
Entre stories e curtidas eu me afogo na cachaça

A poltrona é o meu trono, a minha casa o meu domínio.
A pensão meu ganha-pão e o meu filho um inquilino.

Colégio de freiras, merenda e Danoninho.
Aos nove Disneylândia e aos dezoito meu carrinho.
No Facebook malvadão,
E pelas ruas eu me escondo
Das histórias sendo rei,
Quem conta o conto conta um ponto

Vida colorida, gastando sem desculpa
Praia todo dia e o futuro não preocupa
Assim vou me moldando em um perfeito cidadão:
Dou Grana pra polícia e quero o pobre no valão.
Não contesta, não quero, se afasta!
Minha vida preguiçosa não combina com gentalha.
Um retardado usando Tommy
Uma perua usando Prada
Não mete a mão na louça,
Não lava uma privada.
Selfie e TBT, de uma mentira enlatada
Escravizados pelo ego, e o afeto é coisa rara.

O minha casa, minha vida
Uma mentira mal contada
Mediocre pela herança
De um ser que não trabalha
Compra na shopee sentada na privada
E na volta de Miami
Eu não quero ser parada
Boyzinho Preguiçoso
Não trabalha por escolha
Mete um filho na empregada
Enquanto ela lava roupa
Fugindo pra praia
Com a sua namorada
Loirinha de família
E o namoro é de mãos dadas.
Conta pra mãe dela
Com a cara mais lavada
Que já tá pra se formar
E que a vida é uma batalha
Uma família de mendigos
É motivo de careta
7 mil num celular
Pra jogar e bater punheta
Volta pro teu quarto
Tua casa e teu trabalho
Sai do meu caminho

(pausa)

Seu aspirante de burguês safado.