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25 de julho de 2022

Sete Oceanos

   Buscando um pouco de luz e calma enquanto é noite e a lua não aparece, nessa hora em que o mundo sonha e eu tento transformar silêncio em calma. Enquanto o por enquanto transitório  é tudo que tenho, tento escutar a Palavra que me diz que a vida de Abraão foi uma lição de amor e fé. 
   Luz, luz para nossas noites. Luz para as margens do íntimo, aonde as estrelas são as constelações escritas com as nossas melhores lembranças onde meu cachorro me pede colo, quando sinto cheiro de mãe, escuto o barulho de mar, revivo o colo do meu pai e os cuidados da minha irmã, que assim vão guiando as velas de um barco sem remos, farol ou litoral em vista. Os sete oceanos são muita coisa para uma só vida.

15 de maio de 2022

Enquanto te Via Dormir

Meus sentidos. Meu senso, minha paixão e meu abrigo. Olhei ao redor e me perdi em rostos sem nome, em pedaços de histórias começando e terminando como em um roteiro de romance meia-boca.  Senti no gosto do copo, a saudade de algo que ainda me entranha o corpo e grita por mais. Suspirei engolindo seco a leviandade de um afago despretensioso de quem pôs mira aos olhos de um outro e foi pego no pulo, admirando a beleza das possibilidades.

Incertezas na melodia escrita em cigarros com gosto de drinks quase-amargos, embalando um corpo jovem despido que entre lençóis se contorcendo, me fazendo sentir o medo de um adolescente descobrindo o amor. Ser querido me faz ser, procurando na loucura do meu viver um jeito de perdurar o amor mais sereno e sem  gosto de veneno, que torna o sofrimento apenas um olhar distorcido de quem se perdeu em uma ponta de libido, que fora abandonado em esquecimento nos sonhos daquela que se deitou sozinha de noite e desejou meu cheiro.

Pernas em laços perfeitos, contornos esculpidos em afetos que separam teu corpo suado do meu, me expulsando os pés, as pernas e a alma de um lençol com cheiro de roupa limpa, onde a face tua encosta na minha língua e nariz, confundindo meu ar com o desejo, de antes de você acordar. Simplesmente para dizer que estava eu a sonhar com o orvalho da paixão que não quer saciar. Eu te peço, deita sobre mim. Respira no meu pescoço e me enche os sonhos de ternura com a maciez da pele tua, semi-desnuda de pudor e abraçando meu tronco com força, me grita com os olhos de amor: "bom dia, sonhei que era você e só você."

Que dos dias fiquem os sorrisos, as juras perdidas em dois corpos que ainda com vontade no abraço se lembram dos menores momentos em par. Amo, novamente amo. Com medo da dor que já conheço, com os riscos de talvez ter de pagar o preço maior: o esquecimento daquilo que hoje é o meu pedaço mais bonito de um mundo construído em nuvens brancas de paz. Essa que é, tirada quando vejo o brilho da tua quase-inocência apontando meus olhos sonhadores, me espantando os temores e me fazendo te querer. Do lado e não para mim, comigo e por dentro te tenho em cores simplórias de um desenho que reflete o desejo de que o fim jamais um dia chegue.
 
   E se chegar enfim, que tenhas a certeza que estarei escrito em ti assim como estás em mim. Fazendo parte de algo que não se acaba, que apenas se transforma, assim como a morte que leva embora a carne e transmuta em energia tudo aquilo que do resto sobra. Eternizando na beleza da existência do quê de mais formoso eu pude sentir: seu corpo no meu enquanto te via dormir.