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18 de março de 2011

Só mais um dia.

É fácil lembrar
Tão difícil esquecer.
Espero dia após dia
A coragem me suprir
Para conseguir fazer
Aquilo que me faz temer
Temer por não mais sentir
Temer por não mais ser
Mas talvez assim me faça cessar
A vontade  de chorar
A vontade de gritar
De assim por sua vez fizer
O vazio se calar.
Assim me calo, por certo
Em meu futuro porém incerto
Não vejo as cores do sol.
Banho meu mundo de preto
Em um personagem vestindo sorriso e medo
E indo de contra tudo aquilo 
Que não se compra com dinheiro
Conseguir ser feliz.
Conseguir ser sozinho.
Conseguir se bastar.
E no agora, apenas sou
Capaz eu, que sou de pensar
Estou infeliz 
Sou menino
Não vou morrer
Vou me mat...
...deixa pra lá.
É melhor não rimar.
Vamos beber
Vamos trepar
Vamos fumar
Se arrastar em viver
Para talvez assim
Fazer isso passar.
Ir embora de mim
Pois não consigo aguentar
Minha face no espelho
Refletindo meu desejo
De dar a ela meu todo amar.
Calma porra!
Vai passar!
Não pensa!
Não faça desgraça!
Esqueça a cachaça.
Porque o diabo atenta,
E no teu ouvido te fala
"Desiste, se rende!"
Mas tente!
E do seu pensar assim, sai fumaça
Se faça feliz, se faça contente!
E a carne?
Bem, a carne é fraca.
Só por hoje, não pense
Não tome cachaça.
Não faça desgraça.
Tente aguentar.

17 de março de 2011

Esquecer de esquecer de amar.

Esqueço do tempo em um minuto
Em um segundo,
Em pedaços de solidão escassa.
Faz de mim um homem,
Faz de mim criança com a carne fraca.
Coloca meu chão a prova
Com remédios, com cachaça.
Me coloco em tremores
Aumentando os horrores
De graça.
Sendo assim sei, que o entorpecer
Acalma o pensar
Faz ir embora o querer
Faz esquecer.
Esquecer de amar.
Só por hoje
Não hei de chorar.
Amanhã chegando
Me dou o trabalho de lembrar.
Que amei, que sorri.
Que sangrei, que morri.
Que quero tudo de novo
Em um outro rosto
Em um outro corpo e gosto
Até não haver mais o querer
Esquecer de sofrer.
Até saber que sou feliz 
Até saber que vou continuar a ser
Até o fim dos tempos.
Até meu corpo envelhecer.

10 de março de 2011

Choro mimado.

Vou pedir pra você ir embora
Vou pedir pra você ficar
Vou bater
Vou chorar
Vou xingar
Vou tentar odiar
Vou desistir de conseguir
Vou deixar o tempo passar
Vou matar ele pra ele não me matar
Vou beber
Vou tragar amargo
Vou tentar o descaso
Vou me sentir desolado.
Vou crescer pequeno
Calado.
Vou ficar calejado
Vou parar de olhar pra trás
Vou olhar para os lados
E se do meu lado alguém não estiver
Será esse o meu sonho alcançado.
Amar e ser amado em um.
Um sozinho em sí.
Sem me sentir descartado.
Substituível.
Sem ser indesejado por mim.
Pois ao ser, serei eu mesmo
O meu príncipe encantado.
O ex-namorado do sonho quebrado.
Pois o fato dela se importar
Não a faz querer tentar,
Assim não me fazendo falar de amor.
E isso não faz meu choro cessar
Tão pouco ameniza a dor.
Vai apenas me fazer pensar
Que a amo e não quero
Que a amo e não quero
Deus, como não quero!
Não quero,
Mas amo.
Com tudo o quê posso
Com tudo o quê tenho.
Mas hei de deixar.
Não de viver
Não de lembrar,
Mas sim de sofrer
Sofrer por amar.
Amar a quem já não diz que me ama.
Amar a quem me quer longe,
Amar a quem expulso chamando o nome.
Beija outras bocas por escolha
E diz que o encaixe não é o meu
Mas a cada passo dado
No rumo do lado-a-lado
Me faz crescer pavor.
Me faz querer deixar de querer.
Pois ela dizia o amor
E não está mais do meu lado.
Moleque mimado sem brilho?
Com amigos do lado e opaco?
Menino-homem sozinho hei de ser
Fazendo de palavras espinhos
Buscando esquecer.
Pois sei que ela vai,
E ela sabe também
Acalmar a dor não nos braços do seu amor,
Mas nos braços de outro alguém.
Do meu maior medo uso a fobia
Quase como anti-terapia,
Estou entregue como refém.
E nada pode acalmar isso.
Apenas ela.
Talvez eu.
Só ela.
Ela.
E mais ninguém.

A boemia e o terror do coração quebrado.

Possíveis caminhos
Adentrando entre rosas e espinhos
Pele riscada, 
Alma nua e solitária
Encontra paz naquilo que não lembra
Atenta para o amanhã, atenta!
Amanhã será bonito 
Carnaval sem chuva
Dias com sol
Com riso.
Nada de pesares passados
Nada de emoções em atrito
Tudo para provar e beber
Tudo para contemplar.
Tudo pela frente e de frente viver
Nada de lembrar e doer.
Meu pensar
Meu íntimo calado
Que grita desesperado
Aclama por paz.
De maneira nada eficaz
Surta em um pulo sagaz
Que finda em um quê de qualquer
Chance de se estar mais perto
Daquilo que não alcança
Abraços, troca de afeto
Ser sozinho, se bastar.
Sem perder o medo e a esperança.
Ainda criança, engatinha
Com marcas de vivência íntima
Colecionando emoções tão lindas
Perdidas no passado.
Se perguntando a razão do porquê 
De tudo ter que um ciclo encerrar.
Já é de manhã
Hora de dormir
Hora do ciúme calar.
Hora de esquecer do pensar.
Pois o medo sim, deita ao lado 
Medo de ser abandonado
Por quem ja se foi.
Por quem só deixou uma pulga 
Ao lado de lembranças em retrato
Que em plena manhã fica encubido
Pelas ruas com drogas e libido
Acabando em mais sofrer.
Sofrer por ainda não saber
O que deve ser feito.
Talvez esquecer.
Talvez se deixar envelhecer.
Talvez, só talvez
Por mais uma vez
Uma certeza única.
Continuar a viver.
Do jeito que der 
Do jeito que der pra ser.

6 de março de 2011

Metade de 2 é 1. E 1, é sozinho.

Compostos de um,
Espelho em metade de mim.
Pingos de chuva em chão
Arrasta, lava, impõe a lama.
Sozinho, “fala sério”.
Por carona.
O feito de dois virando um
Fez-se a escolha de não ter soma
“Um”, é sozinho. “Pode crer”.
Perde a cor, perde o brilho.
Perde amor.
Vais pra longe amanhecer
Pois quando chegas me arruínas
Pois quando vens começa o dia
Que somente por si mesmo termina.
O inteiro de dois
Torna-se em metades.
Divisões de lugares
Em um mundo
Onde tudo é longe,
Lado a lado.
Tal distância se faz fardo,
Brotando em abismos
Sementes de descaso.
Flores de condeno
Por seres quem és.
Mas nada fizeste
Além de concordar em viver
Sem piso e com pés.
Do “tudo” ao “nada”.
E nada, deixaram de nada.
Nada.
Um tapa na cara,
Com jeito de afago.
Nada somado a nada.
Resultando em um.
Composto de um.
Espelho em metade de mim.
Metades de dois em balança
Lado a lado.
E a distância se faz fardo,
Brotando em abismos
Sementes de descaso.
Descaso afagado.

3 de março de 2011

Bloco do Eu-quase-sozinho

Não lembrar
Não saber
Não sonhar
Apenas sentir.
A falta de um todo
Um todo só de mim.
Vem do vazio, vem do pensar
Vem frio, do cansaço de amar.
Me calo, me mato. Me arranco um pedaço.
Silêncio! A banda está a passar.
E minha loucura sente a presença
De um rosto esculpido em faces mil
A falta de dois, sofrida por um
Há chuva escura nas praias, há seca no Rio.
Uma luz, uma mão para guia
O chão sujo das ruas, é carnaval.
Apenas o vento.
Não me lembro aonde ia.
Esqueci de esquecer,
De como era não ter.
O tempo morre em minha mão
Assassinato sob a luz do dia.
Bares, drogas e sujeira
Brigas,
Minha vez na fila.
Mascaram a vida que mais temia
A vida de ser livre, de ser solto
A vida de gostos todos
A vida de um carnaval
Nas cores de uma tarde vazia.
Lágrimas de euforia
Enquanto eu bebia.
Não posso chamar de alegria.
Não posso gritar tristezas.
Só posso cair na folia.
Sorria, é carnaval.
Sorria.