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23 de agosto de 2011

O PSEUDO-roqueiro.

   Bom, já que o a palavra “pseudo” foi colocada em destaque, eu gostaria começar levantando a importância das diversas ramificações que sustentam esse mundo quase que fantasioso e idealizado chamado de cenário do rock.  É fácil poder dizer que a música definida como rock em todo o seu universo propõe revoluções, rompe barreiras e expõe idéias que são cantadas ou gritadas em palco. Seja também em estúdio e até mesmo em praça pública, através de estilos que aparecem em roupas, palavreados e nas paredes dos quartos/casas de cada um.
   Indiscutivelmente, podemos dizer que os tipos de som que nos atraem são os eleitos para habitar os nossos players portáteis e nossos HDs. Sendo assim, nós ouvimos dia após dia nossas músicas preferidas admirando o estilo, as roupas e todo o resto de nossos eleitos. Em algum momento, até carregamos as ideologias que em suas letras estão presentes.
   Talvez ainda, essas idéias que nos são passadas de música em música, de distorção em distorção, escalas e afinações nos deixem um tanto mais a vontade para interagir e socializar com pessoas que nos entendem. Pessoas que de alguma forma sabem o que significa ser parecido em algum ponto com aquilo tudo que uma banda pode significar. E quando algo bom sai disso, nos damos conta de que o lugar está bom, a música está boa e as pessoas estão no lugar certo.
    Como exemplo posso dizer que por minhas passagens nesses variados cenários (que se dividem em cerveja nos bares da Rua Ceará, shows no antigo Beco da Bohemia, Caxanga, Rock de Areia do Empório - Vicente, Deus o tenha.) sempre pude me deparar com situações perigosas, rodas memoráveis, bandas já extintas e gente estranha.
   Esse é o ponto: gente estranha. Não julgo pela aparência, pelo cabelo grande (que hoje não tenho porque infelizmente o trabalho exige cortado), pelas roupas escuras, calças rasgadas. Julgo pela falta de conhecimento. Pela falta de sensibilidade e até pela “forçação”.  Gente que finge “curtir” o som que eu e muitos admiramos. Gente que decora nomes de banda e seus respectivos álbuns e não sabe sequer o que a música que ele toca com sua banda cover realmente diz. Gente limitada.
   Não sei o quão é justo julgar pela falta de opinião. Porém acredito que muitos hoje fogem do que é chamado movimento POP sem se dar conta que Black Sabbath, Nirvana e mais alguns estão mais populares e banalizados que muitos Mcs fajutos. Uma música se torna POP quando ela é “da galera”, quando está no topo das paradas e não quando possui uma boa distorção e um baterista grosseiro.
    Muitas pessoas se dizem fãs fanáticos de Guns N Roses e não sabem sequer reconhecer uma música que não seja Welcome to the Jungle ou Sweet Child o’ Mine. Tudo bem: temos mais famosas como Paradise City, Dont’ Cry e Patiance. Pros muitos Fãs de Nirvana eu gostaria de perguntar o nome do baixista da banda (não vale olhar o Google) ou ainda dizer que muita gente não sabe que o baterista da banda hoje é vocalista do Foo Fighters.  São situações tão engraçadas quanto ver dois roqueiros de carteirinha na porta da saudosa Bunker 94 dizer que a música “Plush” do Stone Temple Pilots é de fato do Pearl Jam, ainda alegando ter o CD com a faixa.
    Um rótulo faz um pseudo-roqueiro ou mesmo um pseudo-cult. Então fica a dica: quando você disser que uma banda é legal, que uma música é irada, tenha certeza de não estar ouvindo alguém cantando “estupre-me, estupre-me, meu amigo”. Fica ridículo e desonesto com seu próprio ser e geralmente isso é consertado com anos de terapia. Algumas horas um simples “nossa que som maneiro, que banda é essa?” vai te deixar mais próximo de uma tribo “descolada”, ao invés de você fingir ser o cara que curte o som que geral se amarra.
   Nos dias de hoje é claro, observando esse estilo de comportamento e postura ao meio de tanto lutador e “playboy retardado”,é até engraçado pensar que em boa parte desse movimento os seres mais afeminados e “bem vestidos” nos anos 80, conseguiam mais atenção, fama e as mulheres mais gatas. Desse jeito fica fácil afirmar que a moda e o descolado mudam de figura e de década pra década, de ano pra ano.
   Pois bem, para os leitores que vivem nos anos 80 de forma saudosa (saudosa pelo fato de já fazerem 30 anos que não estamos mais nessa década), ao ponto de carregarem isso em sua postura de vida e todo o  resto que acompanha o indivíduo no dia-a-dia, eu pergunto: o quanto essa tribo de roqueiros "glan" seria descriminada por malandros que admiraram Noel Rosa na década de 60/50? Ou mesmo, quão careta pode ser considerado um senhor de meia idade vestido de Élvis? E ainda: como pode ser dito elegante um Idoso de terno azul, querendo ser parecido com Erásmo Carlos? Minha dica: pense um pouco mais antes de chamar alguém de alguma coisa.
   O quê acho importante deixar claro e explicado é que as gerações se divergem em diversos aspectos e níveis de entendimento. Sendo assim, quase que como em um tom religioso uma discussão pode ser iniciada: “o estilo que eu curto é melhor que o seu”, “eu sou bem vestido, você é brega”, “meu Deus é melhor que o seu”. E quando menos se espera, Bang! Matamos o romantismo presente na música, que é a liberdade de expressão em notas, e começamos uma guerra de tribos.
   Eu como observador posso até estar enganado, quando digo que esse tipo de desarmonia não se resume a playboys e roqueiros  como  também se estende às guerras entre tribos de grunges e metaleiros, satanistas e punks e até mesmo entre evangélicos e pagodeiros.
   Rótulos. Sim, são abomináveis não somente quando inibem o gosto de cada um, como também julgam o que no entendimento único de cada indivíduo se resume a uma escolha por afinidade e gosto.
E pra terminar meu recado deste dia de rock sem rótulos é: Viva o glan! Salve, salve a Jovem Guarda! Élvis não morreu! Cazuza está vivo e a bossa-nova é o Jazz brasileiro!