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10 de agosto de 2011

Eu prefiro somar as alegrias. Porque ninguém precisa me completar.

   Há tanto tempo havia sentido, que até então, há pouco tempo me vi sorrindo. De novo e não sei por quanto tempo, mas hoje me vejo feliz. Mãos se tocando, dedos entrelaçados e passos distribuídos em um tapete de conchas abandonadas pelo mar. Passo a passo na direção de uma ponta de praia. Uma ponta de sonhos que ali eram plantados despretensiosamente, assim como faziam de maneira sutil, as ondas que beijavam os pés de um par composto de dois corpos, de dois corações.
    
   Subi o olhar ao mapa do Brasil em forma de nuvem no azul de Angra e, pensando em ganhar o mundo, deixei o emaranhado de idéias ir até o infinito pra buscar o que em outros tempos menos coloridos, eram até ali resumidos à capacidade duvidosa de não mais amar.

   Outrora, minhas neuras, meu pensar. Noites em que escrevi a raiva com sangue em cicatrizes, distribuindo o meu medo em murros de rebeldia e desgosto em cada beco escuro por onde passei, por onde escolhi me perder. Pelos buracos em que não caí, e que sim, me joguei. Em parcelas morri: cuspi no chão e no chão sujo me deitei. Meu gosto era o do desgosto, e minha missão era esquecer. E foi assim que quase esqueci que sou feito de emoção, que música é o chão.
    
   E dos céus e pelo espaço-tempo, voltei de uma viagem ao passado de outros dias sofridos, onde meu coração foi arranhado e ferido. E naquele momento me vi tão mais homem, tão menos menino e agora - naquela hora, pisava no lugar onde muitos sonhariam estar: nas areias de uma praia, pisando sobre conchas esculpidas pelo mar. Segurando as mãos do meu destino, da minha chance de ser feliz como o homem que sou, e não como um menino que por vinte e quase-nove anos fui. Somando e não sugando. Caminhando lado a lado, jamais sendo carregado.
   
   A vida havia parado de se arrastar e meu sorriso se fez independente, contente. Pronto para de novo acreditar nos bons frutos que se pode colher, ao se cultivar o “amar”.  E assim, depois de re-aprender a rezar, me veio enviado dos céus um anjo caído: de cinta-liga e chicote em punhos. Olhando no fundo dos meus sonhos de amor puro, safado, puto e risonho. Jogando em meu abraço um presente de valor sem tamanho: o coração da mulher que faz as minhas cores serem mais vivas, fazendo o mundo ser escrito em realidades que não se acabam em feridas. Em amor selado com afago, tato, carinho e saliva. Quase um demônio apaixonado... e sim: meu lado humano grita pro horizonte ansioso pelo lado bruto e selvagem das paixões.
   
   Dos amores ideais, eu fico com aquele que faz a realidade estar abaixo do meu caminhar, compondo um mundo de sonhos em brisa e maresia. Eu cuido do que é meu porque estou completo, e ela..., bem, ela apenas soma com alegria na minha vida.