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14 de agosto de 2011

Ao Grabrica.

    Eu não tenho dúvidas de que esse olhar é construído em cima de uma via de estrelas em mão dupla. Talvez, daqui ha um tempo você se pergunte porque algumas fases da vida passam tão depressa. Parece injusto esse lance da dependência ter que acabar. Mas cara, eu ja tive um pai vivo. Sei como é. A entrega e o abraço parecem que não são suficientes nunca. E cada gesto de carinho e ternura ficam registrando um caleidoscópio de memórias sem tamanho. E enquanto as suas princesas vão crescendo, eu vou vendo com orgulho um cara que eu vi ainda sem cabelos debaixo do braço e feliz por ter dado o primeiro beijo, sendo o pai que ele sempre sonhou em ter por perto.
    Cara, eu amo você. Amo tudo o quê você representa e tudo o que a nossa amizade tem sido ao longo desses anos todos. Eu não sei qual vai ser o desfecho disso tudo e nem sei ainda, se há de ter um fim essa nossa história. Penso em tudo o quê meus filhos um dia vão poder aprender com as suas crias, os seus tesouros.  
    Gabriel..., hoje eu senti uma falta sem tamanho de um cara que pra mim foi o meu herói, o meu espelho. E só de ver você sendo esse vencedor que se tornou, abraçando e cuidando das suas filhas, sendo tudo o que meu pai é pra mim, eu fico com um sentimento de conforto enorme. Um sentimento que se confunde entre a melancolia das lembranças misturadas com o que sei do nosso passado. Do que foi crescer do jeito diferente e unido que crescemos. Lembro do quanto você e meu corôa brigavam e riam um do outro quando rolava um Flamengo e Vasco. Lembro de você me zoando quando te enchia o saco, falando igual ao meu pai quando era aporrinhado. Lembro das vezes que seu avô passava pela portaria do prédio aonde a gente aprendeu tanta coisa, buscando você pra subir e tomar banho ou mesmo, te dando 5 pratas pra torrar com fandangos e refrigerante. Maracanã, Clube, Mc Donald's, Méier...
   A gente colecionou Comandos em Ação, a gente gostava das mesmas meninas e a gente sem ter motivo, acabou escolhendo carregar essa coisa sem tamanho que eu chamo de fraternalidade. Fazer aniversário no mesmo dia e nascer na mesma hora, só podia ser mero acaso.
   Pouquíssimas pessoas, muito poucas mesmo, viram meu pai me defendendo na rua quando eu apanhava de um fanfarrão mais velho. Pouquíssimas pessoas, conviveram com ele dentro da minha casa e viram o tanto que ele foi meu demônio e o meu Deus, meu anjo, a minha esperança. Eu me lembro daquele sorriso todos os dias. Do jeito que ele te chamava de Grabrica e das vezes em que ele chegava da padaria com um pão a mais.
   Foi-se o tempo cara. Passou. E quem vive no passado são os anjos que nos tem amor em vida, carregando esse sentimento nobre de proteção. Mesmo estando eles, em algum lugar mais bonito, melhor. Meu pai cara..., meu pai e seu avô tomando um scotch 12 anos, na beira da praia olhando pela gente e dizendo: "lembra daqueles dois com aquelas pranchas pra la e pra ca??". Nós dois, que estamos com bem mais de 5 ou 6 anos, construindo hoje um caminho cheio de carinho pra um dia, os nossos filhos fazerem o mesmo. E o que mais da pra fazer? Bem, a gente guarda a saudade nos olhos e no peito vazio, sendo preenchido por boas e eternas lembranças.

Feliz dia dos pais. Sei lá..., você é pai todo dia. Mas acho que por conta da mídia, eu quis dizer isso hoje.

Beijo no coração.

Valeu...