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25 de maio de 2020

Filhos Da Classe Média

Se eu parasse pra falar de como isso me incomoda,
A maneira que me espreitam quanto tudo à minha volta.
Me deixa.
Me erra.
Não fode.
Todo mundo tem problema e toca a vida como pode.

Os amigos que me erguem dos olhares que me ferem,
Na consciência estou tranquilo, porque pra mim não faz sentido:
Vida, fingida, morrendo por dinheiro
No Instagram é "minha querida" e o dia a dia é no puteiro.

Como pode nos seus dias pregar sobre o evangelho,
Bater na própria esposa e trai-la sem critério.
A segurança de uma lar é sustentada em um contrato
Lambendo o chão do chefe, de gravata e de sapato
O seguro desemprego acarreta no divórcio
Esposa, amante, negócios...
...No clube dos covardes sempre cabe mais um sócio.

Castelos de areia, na beira de uma praia.
Fotos de comida, velhinhos de mãos dadas.
Vivendo a sua vida, pois a minha não tem graça,
Entre stories e curtidas eu me afogo na cachaça

A poltrona é o meu trono, a minha casa o meu domínio.
A pensão meu ganha-pão e o meu filho um inquilino.

Colégio de freiras, merenda e Danoninho.
Aos nove Disneylândia e aos dezoito meu carrinho.
No Facebook malvadão,
E pelas ruas eu me escondo
Das histórias sendo rei,
Quem conta o conto conta um ponto

Vida colorida, gastando sem desculpa
Praia todo dia e o futuro não preocupa
Assim vou me moldando em um perfeito cidadão:
Dou Grana pra polícia e quero o pobre no valão.
Não contesta, não quero, se afasta!
Minha vida preguiçosa não combina com gentalha.
Um retardado usando Tommy
Uma perua usando Prada
Não mete a mão na louça,
Não lava uma privada.
Selfie e TBT, de uma mentira enlatada
Escravizados pelo ego, e o afeto é coisa rara.

O minha casa, minha vida
Uma mentira mal contada
Mediocre pela herança
De um ser que não trabalha
Compra na shopee sentada na privada
E na volta de Miami
Eu não quero ser parada
Boyzinho Preguiçoso
Não trabalha por escolha
Mete um filho na empregada
Enquanto ela lava roupa
Fugindo pra praia
Com a sua namorada
Loirinha de família
E o namoro é de mãos dadas.
Conta pra mãe dela
Com a cara mais lavada
Que já tá pra se formar
E que a vida é uma batalha
Uma família de mendigos
É motivo de careta
7 mil num celular
Pra jogar e bater punheta
Volta pro teu quarto
Tua casa e teu trabalho
Sai do meu caminho

(pausa)

Seu aspirante de burguês safado.