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24 de maio de 2020

Uma Janela Particular de Sonhos

É quando a gente tá sozinho, no mundo infinito entre a cabeça e a vista da janela, no silêncio do quarto, da casa. É nessa hora que o corpo fica estranho, a cabeça agita e a gente vai atrás de qualquer lembrança de cheiro de mãe,  do primeiro gole de qualquer coisa em um dia que foi memorável. É quando a pele fica levemente grudada e se estica, o peito se enche e os olhos não transbordam. É quando a gente sente que tá domando aquilo que não tem nome e que só vivencia, quem se aventura pra dentro da própria historia. Desse emaranhado todo brota uma poesia que por si só faz um barulho tão ensurdecedor quanto um controle remoto caindo no chão, interrompendo o silêncio. Talvez quando se tem um mundo de coisas bonitas querendo sair - sem saber como, pra quem ou pra quê. Algo parecido com a vida transbordando através do tempo, tornando a noite inquieta e domando o silêncio sob o efeito de qualquer veneno entre a boca e o estômago, bem no meio do peito.