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9 de outubro de 2010

Doces Bárbaros, Chico, Caetano, Urina. E por debaixo de caracóis de pensamentos, uma estória pra contar.

   Como em um nascer do sol, onde as estrelas se escondem pouco em pouco no céu com tons leves de rosa e azul-anil. Como das vezes em que me sinto vivo apenas por ser, em paz por estar e pertencer. Os olhos brilhando procuram, vagam, sentem. E antes mesmo que um suspiro se torne em um grito de felicidade, é possível saber que um sonho se fez de flor ainda em botão. Quase a flor da pele.
   
   Cinco de cada um deles. Ouviu dizer que assim, uma outra alguém queria. E da maneira mais sensata se perguntou por que a felicidade apenas era esperada de algo que ele possuía, mas não daria. Sorriu com brilho, sol e vento. Alegria, alegria! Cantou o blues de seu coração em uma conversa de pensamento e consciência, concordando. Porém de um jeito simples-quase-terno, não disse que para o ano ser feliz apenas era preciso um de cada dois. E não uma vez por semana, mas sim uma vez por cada eternidade.
    
   Sorriu daquela vez como se fosse a última, e com seu passo tímido pôs-se em prova que a maior prova de que um conto escrito em prosa chegava ao fim, era o fato de ser visto pelos olhos de seu desejo como alguém que já era percebido diferente.  Foi chamado de menino em um olhar de desencanto que cortava feito faca amolada. Irene sorrindo e encantada com o mundo devolveu-me o chão no fim de uma queda. E foi quando meu coração finalmente quebrou-se em pedaços. Espatifou-se.
  
  Gargalhadas, risos, devaneios, urina e lágrima. Nesse instante foi quando parou pra descansar como se fosse sábado, tropeçando no céu como se fosse um bêbado às quase-oito horas da manhã. Se percebeu na construção de um castelo de areia banhado pela fúria de uma poesia de Caetano, fazendo com quê da maneira mais doce, o seu lado rústico e bárbaro aflorasse. Assim, eu vi pelo retrovisor do carro indo na direção contrária do vento, sem lenço e sem documento que o mundo me esperava. E que como Peninha cantava, eu faria o mesmo do meu jeito: sozinho.

  Sorte dos que sentiriam a falta, porque nesse momento fez-se o dia. E mesmo depois de quase morrer na contra-mão atrapalhando o tráfego, o primeiro que foi ele, portando um broche de ametista, como quem chegou do bar a chamando de perdida. Percebeu que não havia muito tempo que o coração da luz das acácias tinha sido por ele partido. Sentiu-se perdido e sem escolha, pois o terceiro a ela chegaria, e nada perguntaria. Chegaria sorrateiro, deitaria em sua cama e colocaria fim nas esperanças do homem lindo que se acaso a sina fosse continuar a amá-la, assim o faria. Enquanto outro a chamaria de mulher.

   Como em um eclipse oculto, surge um soluço e uma vontade de ficar mais um instante. Por toda a eternidade e em cada pôr-do-sol, que na areia branca como seus pés, nunca irá tocar. Janelas e portas se abririam para ver ela chegar, jamais chegaria. E assim, se sentindo em casa, sorrindo irá chorar. Apenas por na memória guardar histórias pra contar de um mundo tão distante.

Nesse dia, respirando poesia, eu desacreditado afirmei: um sonho morreu.