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5 de maio de 2020

Uma Crônica Sobre Nós Três.

...até que pensei: "que bom seria, se meus dias começassem na praia. Dando bom dia pro porteiro noturno acordando, antes das barracas chegarem, chegando na areia na hora em que abre o metrô, dando um mergulho não importando o tempo, prestando atenção no sal secando na minha pele. Antes dos idiotas começarem a brigar por espaço no trânsito, antes da minha cabeça dar nó, antes de começar a pensar demais." O sol tava começando a esquentar a areia ainda fria nos meus pés e o vento de sudoeste, ajeitou as ondulações, anunciando o swell que chegaria na sexta feira. Você me olhava calada, de um jeito que me fez lembrar de como eu recortava as nossas fotos, rindo pra lente, rindo pra fora. Nessa hora, alí diante de todo esse emaranhado de idéias, percebi que há meses eu apenas fazia planos, vestindo sobrancelhas franzidas e mergulhado em um monte de contas. Quantas vezes pedimos comida nas últimas semanas? Quantas vezes havíamos ido ao cinema, quantas vezes fizemos algum programa que não fosse comer ou encontrar pessoas para beber e comer? Éramos nós três, antes mesmo do Toy, éramos três: eu, você e nós dois. Fazia tempo que o "nós dois" estava no quarto sozinho, sem receber atenção. Bem, já fazia um tempo eu havia feito uma promessa de cuidar de nós três e o medo dessa mesma promessa ser tudo o quê poderia me restar, me fez perder o sono, andar apressado sem destino, me fez traçar esboços, acordar cedo, e dormir tarde, e acordar cedo e não dormir e dormir e acordar cedo. Até que nesse vai e vem de introspecção em um mundo de comida por aplicativo, serviço de streaming, bolsa de valores e vídeo game - eu desisti de deixar você dormir, enchi o pneu da bicicleta e te puxei pra praia as 6h da matina. Você continuava sorrindo do mesmo jeito, se mexia da mesma forma e com toda a meiguice pela qual me apaixonei há quase 4 anos. Naquela hora meu coração disse que sentia falta da inquietude da paixão presente no suor de um abraço em um lugar insuportável de quente, de um beijo de lingua que ignora a sede da garganta seca - como quem quer estar perto, porque ficar longe faz coçar e dói. Olhei pra você e acalmei um monte de coisas, incluindo meu coração.

29 de outubro de 2010

"Um Lugar só de Mim" em um bilhete.

   Você sentiu o gosto amargo que um tanto de esforço jogado fora deixou na boca. E como o pressuposto, olhou para a linha do horizonte sorrindo, antes mesmo que uma gota de lágrima salgasse-lhe os lábios. Um dia estava nascendo, como talvez há 2(3)8 anos. Como talvez dos dias em que você se reinventou para curar o lado doente, que consigo levava um sentimento de revolta pelos ralos de tantas privadas sujas de vômito seco, dentre uma ou outra noite gasta em caminhos escuros.
   O cara é bom nisso. Ele se maltrata, ele se coloca em pedaços, junta tudo e taca na parede com força. Explosões de impulso em atos, gritos, afagos e carinho. O cara é bom nisso, contente com essas coisas que ele próprio se impõe em vida, curando mil feridas, só para ter o prazer de depois se arrebentar. A queda, a ida em direção ao choque traz a sensação de estar vivo. O impacto, o osso quebrado e o amor de vidro. Isso tudo o faz acreditar que pode segurar tudo, suportar tudo de apenas um jeito: superando, se adentrando, inquieto.
   O Super-Homem em quadrinhos, era seu sonho de menino. O homem de aço sempre dava um jeito. Assim como John Rambo, que travou guerras e mais guerras, sozinho contra seus fantasmas e mais de 200 homens bem armados ou talvez, o Rocky Balboa que apanhou de todos os grandalhões, segurando socos, indo à lona e levantando. Sempre pronto para mais um round.
   No chão se sente sujo, incapaz. Sobre as próprias pernas inseguro e poderoso. Por dentro, pisando em núvens, por fora confuso. Vai com tudo cara, chegou a sua hora de ser. E se alguém quiser lhe perguntar o porquê de tanta intensidade, diga que não é drama. Diga que esse é o seu único jeito de não desistir. Se matando, renascendo, reinventando o amor em cada rosto, gosto e abraço. Manda pra longe aqueles que te querem por perto pelo egoísmo de saber do quê você é feito e do quanto é capaz de se doar. Se alguém quer ser cercado de vida, que seja pela vida em si e por si só, dividindo o ar que vive, não por uma energia que seja a sua - "...e nem a de outro!", ele diz. Lá todo mundo é feliz enquanto aqui, é e sempre pra sempre será apenas, aqui : "um lugar só de mim."
   Que te tenham por perto aqueles que te têm apreço e não, apego. Que te tenham por perto os que te desejam bem, mesmo que você a eles não faça bem, porque bem, somos todos bons e maus buscando o mesmo bem, através de bens. Que te tenham por perto aqueles que por você são amados. E quanto ao resto, bem: o resto é o resto. E que esse pedaço de gente nem se dê o trabalho de deixar, ao menos um recado. Porque será lido e rasgado. Talvez depois, de um jeito grosseiro seja colado e junto a troféus de solidão, guardado. Assim como em uma colcha de retalhos rasgada em pedaços, feridas em abraços. Forte abraço, que você enfrente as suas derrotas e que não perca pelo cansaço mas sim, pela vontade de querer melhor - nada demais ou de menos, apenas melhor.