Sim, muitos vão querer o quê você tem. Pessoas dirigindo o próprio carro, postando foto "da viagem mara" da mesa do escritório naquela pausa pro café. Sim, eu sei de você. Sei que você levou a faculdade a sério, que foi a festas memoráveis e que, se formou no tempo certo. Sei que você tem compaixão pelo seu amigo proximo que não tá indo pros chops da galera porque tá faltando grana. Sei que você atura um monte de gente chata porque não tem escolha, porque sozinho dá medo - tá certo, você está fazendo e sempre fez tudo certo. Sei que você gosta de ficar levemente embriagado, de sentir o gosto da picanha e que tem vontade de socar o cara do trabalho que não cala a boca. Sei que todo Domingo antes de ir dormir você faz um monte de planos e revê a sua vida, soltando um suspiro, achando que tá sem fôlego. Sei que você pensa que as parcelas e as contas estão em dia, que a geladeira ta gorda e que sua vida está em ordem.
O quê de fato sei, é que essa sua infelicidade nunca vai embora e que você nunca vai encontrar "o quê te falta" enquanto não entender que o mundo tá doente porque as pessoas trazem chocolate do freeshop pra colegas de trabalho que não suportam, transam sem um mínimo de troca, escrevem poesias pra enaltecer ou curar o ego e não, pra espalhar emoção. Alguns doam até o próprio sangue e beijam os filhos na testa, antes de pensar na gostosa do Whatsapp e em trocar de carreira pra ficar mais em casa afinal, a esposa é parceria... não dá pra trair, né? Pensam ainda em perguntar como foi o dia do porteiro, dando bom dia pro caixa da padaria e abraçando os proprios pais mesmo sem reconhecer o cheiro da pele deles... parece um esforço, eu sei cara. Nada disso faz passar, né? Nada disso acalma o teu coração, nada disso te preenche. Você pensa em voltar a surfar, andar de bicicleta, fazer trilhas, correr maratonas, voltar a estudar. Ler o próximo livro sobre empreendedorismo e autoconhecimento, fazer Yoga, jiu jitsu. Fazendo uma força cada vez maior pra ser gentil, calmo e mandar aquele "faaaala, tudo certinho?" depois de socar a parede ou chorar escondido. Vai lá cara, continua. Você tá fazendo tudo certo.
Muitos vão querer até "o nada" que você tem. Mas poucos estão dispostos a pagar o preço.
Não procure nexo, constância, equilíbrio ou ciência neste espaço. Mesmo.
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21 de outubro de 2018
O Vazio da Classe Média
17 de outubro de 2018
Sunnybrook Hospital E Wing ale, Patient Records
Rising sun, scratching bones
Twilight dreams of broken songs
Sang me one, repeating twice
Took my chances by rolling dices
Fallen asleep while you can
Lost in dreams won't tell you when
Peace, love, disturbing horror and gore
Still pretending, who feels it sore?
They've put me aside
Not despite nor beside
Aside, nothing more
Time will tell stories 'bout hell
Lost breath, dingling bells
Screaming regrets, blowing in the wind
Traced lines, scarred skin
Cursed land had made me cold
In the hands of her
I've been saved by love.
16 de setembro de 2018
Setembro Amarelo, quase uma hepatite
Outubro é o mês do meu aniversário. Estando longe dos meus amigos e familia há mais de 1 ano e meio, faço uso das redes sociais porque geralmente lembro de algo engraçado e de alguma forma, bate saudade. Isso acontecia quase que diariamente, mas algo vem mudando. Eu saí do meu cercado achando que o quê me pertubava era a falta de perspectiva e que as pessoas, só não sabiam observar que a causa de tanta desgraça, é estrutural.
Eu estava errado. Acho que 100% errado, visto que ser capaz, inteligente e esforçado te leva a qualquer lugar. De fato estava fugindo de algo que me fazia muito mal e acho, que quando parei para observar me assustei com o quanto tinha deixado de lado o meu corpo, meus habitos e minha saúde como um todo. Não gostei, não gosto do quê vi e vejo no espelho. Veja bem, eu não me odeio, acho que sou até soberbo na hora de olhar para as minhas qualidades. Na minha psiquè isso funciona como algo que tem a ver com desperdício, já que nos melhores colégios eu era o aluno que dava trabalho, que só queria brincar. Eu gostava tanto de ir pro colégio... eram amigos da minha idade e as brincadeiras eram as melhores - eu comecei a aprender informatica em 1988. O colégio era referência, parecia um castelo, tinha uma tamarindeiro, piscinas, coreto e a menina mais bonita e popular era filha de político, claro.
Na minha cabeça era tudo uma brincadeira, um grande Facebook da vida real onde havia zero compromentimento com responsabilidades: pilhas e pilhas de deveres de casa não feitos, advertências, suspensões. Eu só entendi como a vida funcionava anos depois com tanta reviravolta, indo pro colégio no nono ano do Ensino Fundamental e usando uniforme, encontrando um amigo que tava na faculdade e sentindo vergonha. Cerca de uns 8 meses depois namorei uma menina da minha idade, familia margarina de Ipanema, fazia arquitetura na Santa Ursula, tava tirando carteira de motorista e o computador aonde ela fazia os trabalhos de faculdade era mais caro do quê o meu quarto inteiro. Obvio que menti a minha idade, falei que tava quase me formando no ensino medio e que, queria fazer desenho industrial. Eu menti de todas as formas até que ela me viu na porta do colégio, em uma das suas voltas pra casa.
Alí, alguma coisa clareou na minha maneira de entender o mundo: a gente tem que sobreviver, tem que sobreviver o tempo todo. O colégio caro, o tamarindeiro, a praia, os presentes e festinhas megalomaníacas de aniversário, as surras... eram artifícios pra me preparar, pra me tornar forte o bastante e conseguir me virar, sobreviver sozinho.
Seguindo esse plano eu aprendi piano, bateria, violão, surf, a montar/consertar computadores, mexer nas raizes de sistemas operacionais, aprendi desenho tecnico, historia da arte, lavar louça, empacotar comida chinesa, artes marciais, cozinhar, carregar malas, capinar, a fazer serviços de marcenaria, desenhar gente nua, serviços basicos de mecânica, pintura e hidráulica, aprendi a dirigir, aprendi a escrever queries básicas de SQL, mexer em GDSs, aprendi 2 linguas diferentes da minha, fui professor de redação pra crianças carentes, barman, fui em boca de fumo pedir pra traficante poupar amigo viciado, ensinei senhorinhas a dançar bolero, tcha tcha tcha e forró, mexi com portfolios de milhares de dólares diariamente, participei de negociações envolvendo milhões, tirei foto de sushi e do cafezinho com creme até perceber que quanto mais você sobe na vida, mais soberbo você (petri)fica. Cheguei aos 35 com os skills (sic) mais variados, com um diploma de bacharel sem comprar monografia, e sabendo construir uma casa de pau-apique (é sério). Mas infelizmente, sou incapaz de oferecer constância ou equilibrio na hora de seguir o plano "da mão invisível" do mercado.
Puxa, logo eu? O menino que tudo teve, o menino que nada construiu porque se nega a seguir o protocolo, o menino que nunca vai encontrar paz no meio dos modelos que a sociedade (vulgo, você que lê a esse texto) têm pra me oferecer. O menino de quase quarenta que lê textos lindos sobre o setembro amarelo e se pergunta: "será que eu conto que a vontade de morrer brota desse tipo de fingimento? Será que a fé é algo tão tateável ao ponto de tirarmos selfie com a imagem de uma santa e fechar o vidro do carro pra não sermos incomodados?" Falar sobre o desejo de um mundo melhor, todo mundo fala... posta, escreve, desenha, pinta - enfia o pincel no cú.
Passei a entender que eu sou um menino de pés sujos, suado e querendo brincar de pique-cola-americano porque faltam 20 minutos pra ir jantar, estando em um playground lotado de crianças limpas, emburradas e brincando sozinhas, cada uma com um brinquedo mais legal que o outro.
Quem são as suas referências?! Eu olho em volta e me sinto sem chão, sem um norte visto que todo mundo tá infeliz tendo a certeza de que está fazendo tudo certo. Em Copacabana, em Portugal ou no Canadá: parece mentira mas algumas vezes, o mundo dentro das nossas cabeças preserva aquilo que nunca de fato existiu no mundo físico. Não sei se essa é a única maneira de sobreviver: catando lixo no Canadá, lembrando do tamarindeiro, se convencendo todos os dias de que vale a pena acordar e encarar a minha dose diária de veneno, chamada "sociedade". Mas e aí? Ninguém me ensinou o caminho por onde eu vou praticar tanto conhecimento sem ser sugado, explorado, cozinhado e descartado.
Setembro amarelo, né? Tá certo. Sigam-se as eleições e que venha o Outubro Rosa.
29 de agosto de 2018
Disseonário do Vômito
Há uns 23 anos eu era um skatista cabeludo que escrevia sobre aurora, crepúsculo, amanhecer, eclipse, coisa e tal. Era algo meio a ver com reflexões envolvendo ciclos da vida, filosofias associadas ao surf e tudo mais. Tudo isso em um período em que o carioca era dominado pelo Bonde do Tigrão. Meu nome é Nemer. "Nemer" significa "tigre" em árabe e como é de se imaginar, era algo que escondia na época. Mais tarde, uns 10 anos depois veio o mala do Felipe Dylon (já ensaiamos juntos hahaha) e a Musa do Verão, que me fizeram perder completamente o interesse pelo o surf, e retirando da internet vários textos que até então havia escrito. Já em 2009 uma série de livros se tornou popular e eu (ainda na imaturidade de querer me preservar autêntico) reescrevi, retirei e adaptei vários textos que compartilhava - de novo. Ora, não dava pra resumir os meus delírios de adolescente de 15 anos a vampiros porpurina e lobisomens peito depilado. Que dirá ser associado a cultura do surf aonde as referências eram marginais "wanna be" locais do Arpoador.
No meio desses processos, escondi as minhas letras, minhas músicas e tudo mais. Por que eu iria dividir as minhas idealizações de mundo com uma sociedade que preferia brigar pra ver se no Canecão iria ter Lulu Santos ou eventos culturais da UFRJ? Minha terapeuta diz que meu lado que gostava de artes e música foi ofuscado pela minha vontade de ser aceito socialmente e, nas palavras dela: "virou um mito e deveria ser mais explorado." Sabe como é, né? Minha cabeça é meio diferente e depois que ela falou a palavra "mito" eu não ouvi mais nada. Fiquei cego... agora mais uma palavra virou um problema na minha cabeça confusa. Crepúsculo, vampiros, lobisomens, surf, cultura pop dos anos 80... cara, quanta coisa bacana jogada, tacada como um pedaço se carniça no meio de um monte de iena gorda. Agora a palavra "mito" e devirados "mitada", "mitou" e "mitação" fazem parte do meu dicionário do vômito. Juntamente com a calça da Gang, carnaval em Cabo Frio, sanduíche de mortadela, lavajato e tudo o quê ela representa. Enquanto vocês se matam pra ter razão e acalmar o ego tirando selfie e comentando as eleições, tem gente querendo ver e ouvir idéias, aprender sobre o sexo dos anjos e trabalhar pra conquistar as coisas, é claro. Mas com o foco em trocar de forma saudável, crescendo e construindo durante o processo. E não sugando, parasitando, separando, brigando e "mitando".
O "Mito"... daqui a pouco passa, tipo a Eguinha Pocotó, o Bonde do Tigrão e o Planeta Xuxa. O mais triste é que acaba sofrendo o efeito "bigodinho de Hitler" - eu prefiro não usar pra não fazer apologia.
1 de julho de 2018
Seja bem vindo, tem lugar sobrando.
A parte mais inquietante seria que nós aprendemos a guardar o sorriso dentro de casa, em um lugar bem seguro. Simplesmente porque quando um adulto sozinho, de mãos vazias e sem fones de ouvido mostra um sorriso enquanto aguarda o metrô cheio de gente apressada - as bocas tortas, os olhos revirando agem como anticorpos. Se caso ao acaso, o seu sorriso continuar estampado na sua cara, mesmo estando rodeado por tantos fantasmas, os meus parabéns: você ocupa um lugar de louco na sociedade.
6 de dezembro de 2017
Saiba Valorizar a sua Liberdade - Utilizando screenshots.
- Pessoas podem ter vergonha de andar de ônibus, trem, receber carona em carro velho, podem pisar em quem tem menos poder e quando não, é claro, ficam contando na mesa de bar quantos bens teria a nova parceria amorosa. Ok, nenhuma novidade. Mas o interessante seria que essas pessoas estão SEMPRE andando de trem, não possuem condições de comprar carro e o mais assustador: ficam contando moedinha e pagando meio pastel na hora de dividir a conta do bar. - no Leblon, claro.
- As pessoas podem ter um medo doentio de serem traídas e muitas vezes, tem um ego enoóóóóóóóóóóóóórme disfarçado de sentimento de posse, que apenas denuncia o quanto elas não suportariam serem insuficientes em uma relação a dois - algo como ter medo de ser chamado de corno e não de ter o coração partido. Ok, eu sei: sem novidades - mas sabia que essas pessoas geralmente são as que mais exigem fidelidade? Sabia, né? E pasme: são as mais passiveis de cometer violência! AAAaaah, sabia mesmo? Sabe aquele amor de pessoa que todo mundo adora e é um exemplo na empresa, no bar e no prédio? Haha isso! Isso mesmo! Geralmente são esses seres humanos!
- Outro determinado tipo de pessoa, se comporta como "migo tinhãmo". Adoram você e seus conselhos logo depois de 5 minutos de terem te conhecido. De cara perguntam sobre a sua vida, sobre como estão as coisas, riem de qualquer piada. Te pedem carona, grana na vaquinha da internet e até emprego! Te perseguem no Instagram curtindo tudo e comentando "top" em cada post seu. Esse, vai ser o ser humano que vai aprender a costurar só pra fazer a sua boneca de vodoo, torcendo pela sua infelicidade, imitando suas fotos no Instagram espalhando veneno em tudo e em todos no seu entorno - felicidade alheia causa dor e não espere um "obrigado" por ter doado dinheiro, tempo e em alguns casos até agradeça de estar vivo.
- Pessoas responsáveis e comprometidas com o trabalho tendem a odiar maconha e cigarro com todas as suas forcas, fazem ativismo nas redes sociais, comem barrinha vegana no lanche, odeiam esse ou aquele partido, tem família exemplar (risos)! Mas a cocaína e o álcool no trabalho, a prostituta na hora do almoço e "aquela trip top pro Loola" não podia ficar sem bala, doce, MD, gota - porque claro, são coisas extremamente normais e de gente não drogada, totalmente aceitáveis naquele #tbt de quinta feira que só brasileiro estilo #quevidalindaeutenho acha descolado e cool. Claro, padrões da normalidade estilo vamos emagrecer saboreando remédios tarja preta.
- Pessoas dão opinião sobre você, copiam as suas fotos e roubam seu conteudo e infernizam a sua vida da mesma forma que um pombo joga merda na sua cabeça: sem te perguntar nada, sem te conhecer, sem te respeitar e sem te dar bom-dia.
-Por fim: pouquíssimas pessoas (tipo pouquíssimas mesmo!!!) desconfiguram o computador sem acessar pornografia e pirataria (amando a frase "bandido bom blá blá blá") - e tudo bem, isso não seria vergonha! A indignidade reside no fato do ser humano colocar a culpa no filho, no irmão e pasmem: tem gente que culpa a própria mãe na hora em que o diagnostico vem: "o vírus tava no arquivo "cutebabe14yearsxxx.mp4". Algo como você ser contra cotas, odiar mimimi de racismo e feminismo e se você ouvir piada de gordo, chorar por discriminação - nesse caso, a policia ta investigando mesmo.
Para concluir, entenda que salvar screenshots pode te ensinar muito sobre o seu passado e sobre como a sua vida empaca quando você se rodeia de EGOísmo. Esteja grato se ao acaso essas pessoas estiverem ao menos longe da sua vida cotidiana. A liberdade que gastamos apenas pra provar que estamos certos, seria na verdade, uma prisão solitária e angustiante.
"pra cada lição, um screenshot."
11 de novembro de 2016
Eu, morador de Copacabana, 34 anos, adolescente e falido.
Sim..., e aqui está ele, o meu maior patrimônio conseguido com ajuda de todos os direitos trabalhistas que a esquerda conseguiu me garantir nesse mundo sangue-suga capitalista: meu quarto com ar condicionado e banheiro (parece um pinico, mas é banheiro).
Meu quarto fica aqui é em Copacabana na casa da minha mãe que vive de pensão e me amamentava na hora do almoço. Aqui e eu sou totalmente livre pra usar da forma que eu quiser, posso até pendurar quadro e dormir até tarde - menos às sextas, quando a diarista vem e eu não posso dormir até meio dia porque, né? Minha mãe fica chateada se ela não limpa meu quarto.
Infelizmente isso não é engraçado. Por isso que hoje em dia convivemos com muito adulto pseudo intelectual de barba lamber achando que o mercado de trabalho e a economia estão impossíveis, enquanto estuda pra concurso, pedindo o mestrado de presente pros pais pra poder ganhar mais em alguns anos mamando na teta do governo odiado.
A geração Y ganhou um mundo de possibilidades nas mãos - mas ninguém ensinou a usar. Eu entendo que é difícil empreender através da real meritocracia e ainda educar um ser humano totalmente diferente sem ninguém ter te dado uma pista além do chinelo. O nossos pais fizeram o melhor que puderam, mas adivinha: nossos pais estão de saco cheio e com medo por nos ver em casa. Alguns até nos querem perto e nos querem bem, mas inegavelmente estão com vergonha de falar pros amigos deles que ganhamos 2 mil reais pra poder pagar parcela do carro, tomar chop na Nelson Mandela em Botafogo e pagar um picolé Magnum na piscina condomínio do amigo emergente que mora em Curicica e fala que é Barra. Por que, né? Nascemos em uma família que tinha Chevette 80 e depois Monza, Santana Quantum e Astra 99, frequentamos Anglo Americano, Notre Dame, Colégio São Paulo e todos aquelas escolas com nome de santo em Botafogo, quando na nossa infância. Nós hoje viajamos de Groupon com milhas pra Buenos Aires e não queremos pegar trem (sick), mas tiramos selfie na cobertura da amiga no LeBron e vamos pra casa de ônibus troncal. Nosso Instagram é de dar inveja, tem muita "força foco e fé" enfeitando o mundo dos sonhos dos finais de semana em Búzios de qualquer adulto vazio.
Leitor, fale aos seus amigos da Zona Sul carioca que somos em maioria acomodados na casa de nossas famílias porque ninguém quer sair de perto da praia esperando o almoço sair assistindo Canal Off, pra viver com os próprios recursos em Água Santa ou na Baixada e ter que conhecer o mundo real. A causa dessa geração ter dado errado: não fizemos esforço porque sempre vivemos como filhos de alguém que fazia algo importante pra outro alguém que de fato era importante. Hoje as multinacionais só funcionam porque essa galera que pega trem e mora longe dessa nojeira, ta lá querendo subir pra comer batata Pringles no saguão do aeroporto. Enquanto isso, os filhos da classe média dos anos 90 que não são atropelados por gente que aprendeu na marra a se virar, tão gerenciando qualquer processo, se perguntando o quê deu de errado e, se alguém pode dar uma força com o bebê porque a babá também tem vida e foi embora. Se perguntando por que é tão difícil crescer no Brasil e porque a sensação de insegurança não vai embora. Salvo quando não são demitidos e vão pro Canadá e Austrália trabalhar arrumando casa... opa, foi mal, ser Housekeeper.
Esse dias completei 34 anos e acordei pro Matrix sem tomar a pílula azul de Rivotril. Na sequência resolvi pedir licença e desculpas pra sociedade, visto que ainda não achei meu lugar nessa estrutura e embaralhado social. E ainda digo que pode ser que eu demore pra ser menos amargo, me descontaminando de tanto comportamento mimado, sem causa e cheio de agressividade todas as vezes em que esbarro com um ego inflado chegando de Uber no bar. Solidão é triste, mas estar sozinho e se adentrar é algo precioso e ensina muito a enxergar melhor alguns processos. Vamos tentar fazer algo útil com um mundo de conhecimentos sujos de frustração movido a sonhos servidos com sangue frio de acompanhamento, temperados de FGTS pra beber com seguro desemprego. O mundo é maior do qualquer modelo de estrutura social que nos são oferecidas, logo acho justo que façamos disso uma porta aberta para um mundo de outras possibilidades fora de nossos quartos.
Fui tentar me encontrar e o triste é que "o bom filho, sempre à casa torna."
19 de fevereiro de 2016
Ta Tudo Errado.
12 de fevereiro de 2016
O meu eu.
Cada bar uma cerveja, cada sorriso um gosto. E de ponta em ponta o ego alimentado se via cada vez mais carente e vaidoso. Perigoso. Fugia, corria, com cada palha do fogo de energia gastada, virava uma briga armada, uma garrafa quebrada, uma galera reunida e um tanto de vontade de se sentir menino de novo.
Nesses dias, se viu sorrindo: de tempo em tempo isso acontece. O contexto muda e as fotos tiradas ficam na lembrança. Ao mesmo tempo em que a saudade do que se vai perturba o sono. Não pelo fato de ser lembrança, mas pelo fato de não mais existir.
O espaço ocupado, se vê vazio. O vazio abre espaço. Espaço para ser o que se busca, para aprender a se movimentar de outras formas. De outros jeitos. Sejam esses em lençóis, ou em mesa de bar.
Cheiro de novo. De novo, o novo. E uma nova paixão disso irá surgir, não com ganho de peso em corpo e desgaste, não com abraços de amor e noites tranquilas. Indo pra frente, pensando no hoje para chegar-se bem ao amanhã. Sem esforços, sem força.
Deixar-se livre. O egoísmo vem antes da morte, e se acaso eu encontrá-la porta a porta, lado a lado em cama, escondida na vida boêmia, eu confesso: já terei meu novo amor.
15 de julho de 2015
O monstro de 7 cabeças e de um só sentir.
Vai lá, me chama de monstro. Fala que eu sou um cara sem afeto e sem respeito pelo corpo e pelos sentimentos alheios, porque depois de um sexo casual eu escolho dar um beijo na testa e um “até logo” acompanhado de um belo sorriso. Ao invés de um pé na bunda e descaso. Não ache que descaso é pra todo mundo, mas não ache que meu amor e meu sentir sejam pra qualquer história bonitinha de 2 semanas ou 3 meses. No meu ver, mulheres são gente, são pessoas sonhadoras que querem um pau grande ou um principe encantado. Mas todas elas, querem sem dúvidas ser bem tratadas. E antes de me julgar, saiba que eu não sou bem dotado e nem tenho cavalo branco, sou meio ríspido as vezes e cheio de defeitos. Mas eu faço o meu melhor pra tratar bem quem ta do meu lado. Pelo tempo que for.
O monstro. Aquele que olha você nos olhos, aquele que não te engana, aquele que gosta de falar de sonhos, aquele que teme a solidão e é viciado em cheiro de pele. Em gosto de perfume feminino num pescoço babado. Eu pergunto dos sonhos e delírios, eu coleciono sorrisos... eu beijo bocas e me esfrego em amassos, que quem já trocou comigo, sabe que não é algo que faço de qualquer jeito. Eu sou intenso. Sou vivo..., agarro com vontade e nem por isso, trato uma mulher como lixo. Eu não quero só o toque, eu quero a troca e quero pensamentos. Mas nunca pago paixão pra conseguir ir pra cama ou pra brincar com as pessoas.
E se algo escondido nas entrelinhas dos meus traços de razão e paixão, misturados com olho roxo e dentes quebrados pelas ruas e bares, sair... que seja amor. Poucas mulheres me viram amando. Poucas mulheres me entraram na cabeça e me fizeram pensar em parar em um só gosto e corpo pra sempre. Uma me tirou um filho, a outra me tirou meus sonhos. E se hoje o amor que eu ainda quero construir em mim existe, é porque EU me dou esperança de continuar a acreditar que um dia eu serei pai e uma peça importante numa casa cheia de calor humano.
Eu quero que as palavras que me descrevem sejam muitas. Que sejam todas... que eu seja um monstro pra todos os corações que parti. Que eu seja um cara incrível pra todas as mulheres que eu me envolvi, que eu seja um perdido e escroto pra todas as mulheres com quem dormi e mais nada quis, mesmo sem nunca mentir.
Dobre a sua boca pra falar de quem você não conhece a história, de quem se esconde em um rosto de pivete e roupas largadas. Em bocas beijadas e porradas distribuídas. Eu sou feito de vida. Eu sou puro
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Meu lado bicho. Meu lado gente... meu lado menino, meu lado humano. Julga... me chama de monstro. Prova do meu sexo, e joga fora meu amor. Prova do meu amor e joga fora meu sexo. Joga fora os dois. Guarde nas lembranças... Fala que eu não valho nada além de uma boa trepada. Fala que eu fujo do compromisso, fala que eu como e fodo um monte de mulheres e depois me dou sumiço. Olha pra sua vida e tenta pensar como, alguém como eu é capaz de amar... impossível. Simplesmente.
Um cara como eu nunca olharia pras estrelas e pediria um amor pra toda vida. Onde existisse um cuidado mútuo em palavras doces de orvalho em primavera. Eu jamais choraria ao ver um casal de velhos andando de mãos dadas pelas praças e ruas. Como um amor idealizdo. Eu? Eu não acredito nisso, mesmo em tons de sarcasmo.
Meu sexo, eu quero que engulam meu corpo com boca, coxas e vagina. Eu quero cada gota de suor escorregando dentre mãos, pelos e braços.
Meu amor, eu quero que chegue sutíl, que venha como um grão e que se torne uma pérola azul, escondida na concha mais fechada de um oceano sem fundo, esperando pra ser achada ao acaso. Que me toque em alma, que me entranhe, que me traga filhos e que nunca se vá.
E se ao acaso você quiser saber, eu quero mais é que você me julgue...
...mas que saiba que eu tenho um coração cheio de amor, tentando me livrar das doses de ódio que vez ou outra me entranham. De trevas e dos sentimentos mais lindos. Comigo misturados e expelidos em cada palavra que eu possa vir a proferir, seja com meus caninos, com meus sorrisos indecisos ou mesmo com meu olhar. Em todo o meu expressar corporal.

Me julga... se coloca na minha pele e me julga.
Depois disso, eu recebo qualquer tapa na cara, lido com silêncio e indeferença, ou beijo na testa. Se quiser, me cospe. Se quiser me beija.
Mesmo eu que sempre vou preferir, um abraço, seja ele como for. Só porque a dor me vem não só na hora em que eu apanho, mas também na hora em que eu bato de volta.
Só porque uma troca vale mais do quê qualquer repulsa causada por desgosto.
8 de junho de 2015
To the top.
De homem pra homem.
Por tempos mulheres que no dia a dia se esforçam pra manter o equilíbrio, despejando a instabilidade emocional em doses homeopáticas de TPM e encheção de saco no convívio diário, se mostram muito mais saudáveis na hora de começar do zero, na hora de arriscar o novo e buscar novos caminhos.
Homens tendem a remoer, a se autodestruir, a ficar com o ego ferido e a auto estima destruída e munidos de desespero, pulam de bar em bar e adoencem provando de seu proprío veneno, até se reerguerem e encontrar outra princesa pra tocar um novo projeto de relacionamento sangue suga.
5 de junho de 2015
Lembranças - F#m
Eu pintaria os tons escuros de azul,
Buscando mil palavras entendo,
E lembrando de te olhar bem nos olhos,
Eu distorço a minha forma de olhar
Não sabendo como é lindo te amar,
Você não sabe a falta que faz,
Eu fico aqui e quando olho pra trás,
E eu sei que tudo ja se foi e assim,
Sempre que eu faço algo não é pra mim,
você na frente e eu só venho depois.
Eu digo coisas que eu não posso entender,
Com todos os meus sonhos estou
Cantando lágrimas falando de amor
A minha vida se resume assim:
Eu singo em frente sem você aqui
Me falando seus segredos no ouvido
Eu me arrepio de somente lembrar
Do quantoé lindo receber teu carinho
Choro baixinho pra ninguém escutar
Rezando alto aguardando a sua volta
Não acredito mas preciso esperar
Pra ter certeza que seus olhos mudaram
E que você não é capaz de me amar
Eu desabafo em um simples sussurro,
E a minha vida eu terei de seguir.
E por mais que a lua não conheça o seu nome,
Por mais que a lua não conheça o seu nome,
2 de junho de 2015
Esperar
Faltava um pedaço no meu coração.
E o cheiro da manhã me trouxe na lembrança
O abraço mais gostoso que eu ganhei de ti.
A cama, o nosso quarto e as vozes da esperança
Junto da certeza do teu cheiro em mim.
Não sei mais o quê eu faço pra te ter comigo
Meus sonhos estão cinzas e eu fiquei sem chão
Você não vê a dor pois hoje estou sozinho,
O meu sorriso quebra e eu me calo então,
Diz pra mim,
Como eu faço pra falar de amor?
Poque eu te quero aqui,
Te olhar no olhos e esquecer da dor.
Diz pra mim,
Como é que eu faço pra falar de amor,
Porque eu te quero aqui,
Te olhar nos olhos e esquecer da dor.
O vento eleva o meu tormento aos céus
Como uma oração que tenta me acalmar.
Os anjos la de cima não me cantam versos,
O silêncio se arrasta e me faz esperar,
Na solidão que hoje é meu castigo,
Que pune pelo dia em que eu pedi sua mão,
A cama, o nosso quarto e as vozes da esperança
Meus sonhos estão cinzas, eu fiquei sem chão.
Me tira o sono, a voz e acaba comigo
A minha sanidade contra o coração
Diz pra mim,
Como eu faço pra falar de amor?
Poque eu te quero aqui,
Te olhar no olhos e esquecer da dor.
Diz pra mim.
29 de maio de 2015
Dear Reader – Elephant (Hearter)
You couldn't stand under the weight I put on you
I understand, now it is true
I can see that there was nothing you could do
with a sorrow so loud
If I could I'd open up and let you in
but the door has no handles and
it would seem that I by now have worn you thin
My heart is so hard
Oh, the sorrow's too loud
Oh, and my heart is too hard
I only wish that you would return home to be
And I could bathe in your familiarity
But I realise this is a hopeless dream
We have traveled too far
I also wish that I might never read again
the same narrative under a different pen
But I fear this is a circle I am in
for my heart is so hard
We have traveled too far
And this heart is so hard
The sorrow's too loud
We have traveled too far
And this heart is so hard