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25 de julho de 2022

Sete Oceanos

   Buscando um pouco de luz e calma enquanto é noite e a lua não aparece, nessa hora em que o mundo sonha e eu tento transformar silêncio em calma. Enquanto o por enquanto transitório  é tudo que tenho, tento escutar a Palavra que me diz que a vida de Abraão foi uma lição de amor e fé. 
   Luz, luz para nossas noites. Luz para as margens do íntimo, aonde as estrelas são as constelações escritas com as nossas melhores lembranças onde meu cachorro me pede colo, quando sinto cheiro de mãe, escuto o barulho de mar, revivo o colo do meu pai e os cuidados da minha irmã, que assim vão guiando as velas de um barco sem remos, farol ou litoral em vista. Os sete oceanos são muita coisa para uma só vida.

27 de junho de 2021

Pedaços de Sonho

Se eu falasse um pouco mais
Sobre as coisas do meu peito,
Sobre como eu aprendi o amor

Você faria dos meus sonhos
Frases de um rascunho
Uma semente,
A chuva
O sol em flor

Uma gota de orvalho
Em forma de segredo
E os seus medos
Não me causam dor
As cores do teu céu 
Decorado com estrelas
Com a lua pra falar de amor

Nos versos simples que componho
Esperando pelo sol nascer
A vida que eu sonhei pra gente
Pode acontecer
Escrevo em um caderno de sonhos
Esperando pelo sol se pôr
Pintando as cores do seu rosto
Em uma canção de amor.

Te guardo nas memórias
A saudade de uma noite
Com a distância
E esse anseio aqui
Minha pele,
Meu sossego,
Meu libido
Meu abraço
A eternidade de um momento assim

Nos versos simples que componho
Esperando pelo sol nascer
A vida que eu sonhei pra gente
Pode acontecer
Escrevo em um caderno de sonhos
Esperando pelo sol se pôr
Pintando as cores do seu rosto
Em uma canção de amor.

25 de fevereiro de 2021

Momento Presente

 É um dia de chuva instensa e nossos amigos deixaram um certo eco no nosso apartamento. Piadas, rodizio de quem lavava a louça e vozes diferentes contando estórias de outros ventos. De alguma forma nosso ritmo diminuiu um pouco e ainda guardo o gosto de ter dormido na grama, dirigido em uma estrada em um clima sereno, em direção ao sol se pondo enquanto sua amiga babava no banco de trás. Nesse silêncio que durou a tarde toda enquanto eu tava aqui querendo fazer mágica com as nossas contas, me deparei com essa cena: você rodeada por essas caixas, vestida de quase nada, do jeito que eu mais gosto, mergulhada no seu mundo particular lixando as unhas. A nossa mudança ta chegando, os dias tem passado tão depressa e algumas saudades se tornaram lembranças. Parece que o tempo passa rápido demais quando a gente ta quebrando cabeça pra tocar nos próprios sonhos. No final das férias a primavera trouxe o sol, a neve e nossos amigos foram embora e nós dois ficamos aqui. Eu e você, desse jeito. Só eu sei o quanto eu depositei esperanças nos meus sonhos, desenhando, compondo versos, arranhando meus instrumentos, colecionando corações quebrados e refazendo castelos de areia até ficar de mal com mundo. Acreditar no amor e lutar por ele não é fácil, mas a recompensa vem em dias assim: quando me pego sorrindo por saber que você e o seu cheirinho de pele suada estão por perto.

24 de julho de 2020

What Toronto Humane Society Actually Does

"Dear Toronto Humane Society,

I'm not sure how to express it, since 'thank you' is not exactly the word to use here. It fills my heart, it makes me smile and even more: it gives me hope.
Please don't get me wrong, life is beatiful but since we've moved to Canada carring lots of dreams and opened minds we've found a terrible dark winter. Not referring to the amazing winter which allows any Canadian or turists to watch the snow from the window, enjoying a nice cup of tea and the marvelous views and landscapes. Instead, I'm talking about the dark side of humanity, that one which turn their hearts cold and nothing more. Side by side we've tried to take a walk around: from YorkVille, Church Wellsley, North York, Dundas West, Highpark, Duffreing, Yong and Eglinton,  Niagara Falls, Saint Paul and so and so.

After a year, 6 grades at George Brown College took a lot of my time and unloading trucks, handling trash without a jacket or gloves, sleeping three hours per night - never were a problem. I simply missed to talk, to share, to be noted. I never wanted to be important, just accepted. Than perhaps, I would be able make friends. It was when depression almost took me away, deep down all around those Sunny Brook Hospital corridors.

That was when I heard about you: Toronto Humane Society.
'This name means something big', I wrongly thought. Wrongly since the work you guys do and the way you do, the passion in the eyes of every single member of your team, oh, dear Lord - it warmed my heart. 
From reception to checkout, we've adopted Toyota who followed us from laundry to bed, to parks, subway - and spring finally came for us. 
Toyota needed care, he used to shake in fear after a glass or bucket falling in the kitchen or, during the daily activities.
For that reason, he slept in our bed for one entire week......and became the best part of coming home. Even futther, after some investigation his serious health problems were 100% managed by your organization and health care plan: surgery, exams, rehab and even psicology support (aka empathy) telling us that everything would be ok.

Toyota made our lives better and woke up a shinning beautiful feeling in our hearts. Life was kind to us, allowing us to get back to our home in Brazil as a family and nowadays he goes to the beach, gardens, parks and loves to play with everyone around.
So, how? How could I only say 'thank you'? You rescued him, took care of him and you allowed me to learn how to do it too. This piece of happiness brought me back my smile and kept me alive, just because Toyota shows me a love that I had to put me on my knees to thank you from the bottom of my heart.
From the deepest feeling of gratitude, take this message, my tears and my warmed heart - as a hug."

22 de junho de 2020

104 Weeks not so Far Away from Hell

Fighting thoughts, overthinking like angels loosing their wings due to bloody scars. Voices all around, screens of fake hopes leading to promises of a better world. 'D I feel it within my face decorating the entire floor? The moon raises and that DreamWorks's kid would be perfect on it but somehow, even knowing the stars are at the same place, it seems to be shining in a different way. Mixed feelings of joy and silence, an polished guitar and desperate. Tic tac, pointers keep dancing, a song comes to my mind but my fingers don't move. Estando ainda com o peito apertado por nada, traçando guerras com os ponteiros que seguiam disparados, dançavam a velha guarda de algum samba de raiz, tateando notas mudas.

20 de junho de 2020

Inside my Inside

Voices of mine, inviting me to dance. Bring me the silent night where I can follow my thoughts in a deep dive upon the stars.
Voices of mine, sing me that song where I heal those scars, when the blues touch the moon and my pride vanishes in dust.
Voices of mine, taking care of my light, turn my nightmares into sweet dreams smelling like my father's beard.
Voices of mine, thank you for passing by bringing all those poems about love within my brain, deep in my heart, inside my inside

10 de junho de 2020

Orvalho

Sonhos compostos de emoção
Frases perdidas sem direção
O tom de meus medos me deixa ver
Sem ter evidências, já posso crer

Que certos pedaços de meu caminho
Eu sei, estive sozinho, sem ninguém pra me abraçar
Com ódio então eu me vi perdido, esqueci da minha libido
E com amor, pude matar.

Mesmo com sangue nas mãos, sorri;
Como alegria pude sentir?
Nem me pergunto por onde andavas
Porque sei que me olhavas
Mesmo sem saber rezar;

Porém o abandono é necessário
Dessa chuva eu sou orvalho
Livre arbítrio é o meu lar

Melodias em "lá menor" compús
Talvez a tristeza que me seduz
Faça meus olhos sempre brilhar
E mesmo amargo, lacrimejar.
Contente com essas coisas da vida
Vou curando mil feridas
Pra depois me arrebentar
Nem me pergunto por onde andavas
Porque sei que me olhavas
Mesmo sem saber rezar;

Porém o abandono é necessário
Dessa chuva eu sou orvalho
Livre arbítrio é o meu lar

Talvez eu queira mesmo tudo assim,
Mas meu medo é Você largar de mim
Sonhos compostos de emoção
Com ódio e amor no coração

Nem me pergunto por onde andavas
Porque sei que me olhavas
Mesmo sem saber rezar;

25 de maio de 2020

Filhos Da Classe Média

Se eu parasse pra falar de como isso me incomoda,
A maneira que me espreitam quanto tudo à minha volta.
Me deixa.
Me erra.
Não fode.
Todo mundo tem problema e toca a vida como pode.

Os amigos que me erguem dos olhares que me ferem,
Na consciência estou tranquilo, porque pra mim não faz sentido:
Vida, fingida, morrendo por dinheiro
No Instagram é "minha querida" e o dia a dia é no puteiro.

Como pode nos seus dias pregar sobre o evangelho,
Bater na própria esposa e trai-la sem critério.
A segurança de uma lar é sustentada em um contrato
Lambendo o chão do chefe, de gravata e de sapato
O seguro desemprego acarreta no divórcio
Esposa, amante, negócios...
...No clube dos covardes sempre cabe mais um sócio.

Castelos de areia, na beira de uma praia.
Fotos de comida, velhinhos de mãos dadas.
Vivendo a sua vida, pois a minha não tem graça,
Entre stories e curtidas eu me afogo na cachaça

A poltrona é o meu trono, a minha casa o meu domínio.
A pensão meu ganha-pão e o meu filho um inquilino.

Colégio de freiras, merenda e Danoninho.
Aos nove Disneylândia e aos dezoito meu carrinho.
No Facebook malvadão,
E pelas ruas eu me escondo
Das histórias sendo rei,
Quem conta o conto conta um ponto

Vida colorida, gastando sem desculpa
Praia todo dia e o futuro não preocupa
Assim vou me moldando em um perfeito cidadão:
Dou Grana pra polícia e quero o pobre no valão.
Não contesta, não quero, se afasta!
Minha vida preguiçosa não combina com gentalha.
Um retardado usando Tommy
Uma perua usando Prada
Não mete a mão na louça,
Não lava uma privada.
Selfie e TBT, de uma mentira enlatada
Escravizados pelo ego, e o afeto é coisa rara.

O minha casa, minha vida
Uma mentira mal contada
Mediocre pela herança
De um ser que não trabalha
Compra na shopee sentada na privada
E na volta de Miami
Eu não quero ser parada
Boyzinho Preguiçoso
Não trabalha por escolha
Mete um filho na empregada
Enquanto ela lava roupa
Fugindo pra praia
Com a sua namorada
Loirinha de família
E o namoro é de mãos dadas.
Conta pra mãe dela
Com a cara mais lavada
Que já tá pra se formar
E que a vida é uma batalha
Uma família de mendigos
É motivo de careta
7 mil num celular
Pra jogar e bater punheta
Volta pro teu quarto
Tua casa e teu trabalho
Sai do meu caminho

(pausa)

Seu aspirante de burguês safado.

24 de maio de 2020

Uma Janela Particular de Sonhos

É quando a gente tá sozinho, no mundo infinito entre a cabeça e a vista da janela, no silêncio do quarto, da casa. É nessa hora que o corpo fica estranho, a cabeça agita e a gente vai atrás de qualquer lembrança de cheiro de mãe,  do primeiro gole de qualquer coisa em um dia que foi memorável. É quando a pele fica levemente grudada e se estica, o peito se enche e os olhos não transbordam. É quando a gente sente que tá domando aquilo que não tem nome e que só vivencia, quem se aventura pra dentro da própria historia. Desse emaranhado todo brota uma poesia que por si só faz um barulho tão ensurdecedor quanto um controle remoto caindo no chão, interrompendo o silêncio. Talvez quando se tem um mundo de coisas bonitas querendo sair - sem saber como, pra quem ou pra quê. Algo parecido com a vida transbordando através do tempo, tornando a noite inquieta e domando o silêncio sob o efeito de qualquer veneno entre a boca e o estômago, bem no meio do peito.

5 de maio de 2020

Uma Crônica Sobre Nós Três.

...até que pensei: "que bom seria, se meus dias começassem na praia. Dando bom dia pro porteiro noturno acordando, antes das barracas chegarem, chegando na areia na hora em que abre o metrô, dando um mergulho não importando o tempo, prestando atenção no sal secando na minha pele. Antes dos idiotas começarem a brigar por espaço no trânsito, antes da minha cabeça dar nó, antes de começar a pensar demais." O sol tava começando a esquentar a areia ainda fria nos meus pés e o vento de sudoeste, ajeitou as ondulações, anunciando o swell que chegaria na sexta feira. Você me olhava calada, de um jeito que me fez lembrar de como eu recortava as nossas fotos, rindo pra lente, rindo pra fora. Nessa hora, alí diante de todo esse emaranhado de idéias, percebi que há meses eu apenas fazia planos, vestindo sobrancelhas franzidas e mergulhado em um monte de contas. Quantas vezes pedimos comida nas últimas semanas? Quantas vezes havíamos ido ao cinema, quantas vezes fizemos algum programa que não fosse comer ou encontrar pessoas para beber e comer? Éramos nós três, antes mesmo do Toy, éramos três: eu, você e nós dois. Fazia tempo que o "nós dois" estava no quarto sozinho, sem receber atenção. Bem, já fazia um tempo eu havia feito uma promessa de cuidar de nós três e o medo dessa mesma promessa ser tudo o quê poderia me restar, me fez perder o sono, andar apressado sem destino, me fez traçar esboços, acordar cedo, e dormir tarde, e acordar cedo e não dormir e dormir e acordar cedo. Até que nesse vai e vem de introspecção em um mundo de comida por aplicativo, serviço de streaming, bolsa de valores e vídeo game - eu desisti de deixar você dormir, enchi o pneu da bicicleta e te puxei pra praia as 6h da matina. Você continuava sorrindo do mesmo jeito, se mexia da mesma forma e com toda a meiguice pela qual me apaixonei há quase 4 anos. Naquela hora meu coração disse que sentia falta da inquietude da paixão presente no suor de um abraço em um lugar insuportável de quente, de um beijo de lingua que ignora a sede da garganta seca - como quem quer estar perto, porque ficar longe faz coçar e dói. Olhei pra você e acalmei um monte de coisas, incluindo meu coração.

15 de dezembro de 2018

Bem vindo a 2014, Platão.

...até que em algum momento esqueci da minha ideia louca de ir pra Bahia tentar voltar a surfar e vimos uma lhama comendo capim. Equanto ela tirava fotos, senti que minhas pernas doíam de um jeito que os treinos de jiu jitsu jamais tinham alcançado. Minha calça jeans era 48, as sociais, 52. Eu não lembrava quando tinha transado pela ultima vez mas lembrava do símbolo platinum nos meus cartões de crédito, e olhando aquelas ruínas de civilização pensei que não tinha dinheiro o suficiente pra chegar mais alto. Olhei o céu azul, olhei as núvens e por algum breve momento voltei alguns anos lá pra praia na Vinícius, pro quarto bagunçado do Gebê, pro skate. Foi quando que sem perceber, contemplei aquele breve silêncio até ser interrompido pelas vozes de um casal de turistas. Meu Galaxy Note 3 não tinha nada de novo além de conversas vazias, um Facebook cheio de mentiras e o Whatsapp onde só se falavam da Copa do Mundo que ia ser no Brasil. Os turistas pareciam se divertir conversando e eu passei a pensar no quanto eu não aguentava mais ir pra bar ouvir o mesmo papo corporativo de sempre, enchendo a cara de gordura e chop. Abrí o instagram e nem sabia usar hashtag, #tbt não existia e eu tava no topo do mundo: usando algemas de 9 mil reais, gordo, deitado, espalhado na grama de 600 anos bem cuidada e verde, em um dia de céu aberto,  reclamando e pensando no quão alto eu poderia chegar abdicando da minha natureza, das minhas essências. Bem, eu queria ir pro Nordeste mas eu não sabia sonhar alto. Peguei um avião, trem, onibus e trem. E onibus e trem e onibus. Fui parar em Machu Picchu e tirei fotos que fariam minha vida parecer perfeita, enquanto cerrava chifre e conversava pela milésima vez sobre divórcio entre uma briga e outra. Eu ví a falta daquilo tudo que era parte da minha carne se transformarar em uma espécie de agonia, que me fazia gritar em silêncio todas as noites de sexta. Não me reconhecia, e mesmo lá de cima não me admirava, não olhava pra aquele céu com esperança e sim, quase que em tom de prece. Primeio tiraram minha voz, depois a autoestima. E enquanto os buracos  cresciam, minhas estrias tatuaram minha pele antes mesmo de eu reconhecer o monstro que tinha me tornado, morando na Caverna, em um Banquete inspirado por Platão. 

27 de novembro de 2018

Redenção


Se eu te falasse do meu mundo colorido
O seu sorriso, o meu sentir e nada mais
A testa baixa, um olho roxo e minha libido
O sol nascendo e o meu mundo se desfaz.
Se eu te falasse dos meus sonhos de menino
Se eu te falasse do meu filho que se foi
Recompondo alguns dos versos mais antigos
Meio inquieto eu deixo o sono pra depois
Os meus fantasmas me perseguem em pensamento
Broto de sonhos que morreu, se decompôs
O silencio anunciando uma tormenta
A madrugada deixa o choro pra depois
Verso por verso, eu te procuro aqui dentro
Jogo pro vento a vontade de te ter
Aqui comigo, acalmando o meu "por dentro",
Teu cheiro em mim é tão dificil de esquecer

Se eu pudesse abraçaria as coisas lindas
Desenho flores sobre a tumba do meu pai
Minha mãe chorando procurando margaridas
Podando magoas pra deixar tudo lá atrás.

Seu te falasse que um dia ja fui rei,
Se eu te falasse que um dia tive paz.
Te contaria sobre o tapa que levei
E da mulher que hoje é mãe e não quis mais
Eu lembro dela, de um aborto e tantas outras
Sonhos de um, "o meu amor não é pra nós."
Quantos anos você teria hoje?
Quem eu seria sem a marca de nós dois?

Se eu te falasse que amei o sol e a lua
E que escrevi canções  tão belas sobre amor
Se eu falasse que esqueci da minha saúde
Cruzando mares, ruas pra fugir da dor  
Talvez se eu algum dia eu resolvesse perguntar
Deus me diria ou alguém viria me contar
Sobre a saudade que insiste em sussurrar
Palavras doces, sobre o belo, sobre amar

Vem aqui, me abraça forte
Me dá teu cheiro, e ensina a me doar
Pra entender que eu posso amar, que mundo é lindo
Pra entender que não preciso me matar

Verso por verso, essa agonia me atenta
Quebrei a casa e engoli meu coração
O silencio anunciando a morte lenta
Sobrevivi, deixando manchas no colchão
Todas as noites, como eu faço pra dormir?
Deus me perdoe, pois tentei, nao consegui.
A praia, o mar, o verde e o céu azul anil
Um poeta aprendendo a ser gentil

O peito dói, mas não só porque amei
O peito dói pelos sonhos que matei
O peito dói, mas não só porque amei
O peito dói pelos sonhos que matei

21 de novembro de 2018

Arroto e Elis

'Caía a tarde feito um viaduto,
Azar a esperança equilibrista', calma.
Não pula estrofe,
Verso por verso
Escrevo, rezo.
Violão e TOC
Nada de toque,
Não me toque.
Não pense em respirar, deixa sair.
Pega fôlego, o mar ta grande.
Pega andando, mas pega esse bonde.
Não da pra acompanhar,
Não pode seguir.
Perguntar aonde foi,
Explicar o tamanho.
Homem que é homem não prova
Não toca, se entoca
E uma vez na toca,
Chora.
Curando, o bordão vira jargão
E o jargão uma piada,
Uma piada de mal gosto.
Cansado,
Calado.
Era uma vez, mais uma vez
Um poeta falido
Aguardando a sua vez
De consertar o coração partido
De redescobrir caminhos
Sempre apontando
As ruínas da terra prometida.
O sonho americano
E um punhal afiado com carinho me perfura
Meu bucho, meu coração
Bruto.
Brutus, até tu.
Desde o primeiro dia esperei,
Não me assusto
E ainda disposto, me deito.
Vai dar jeito,
As linhas tortas das tantas areias
'Por onde andei vestido de cetim'
Queria eu, 'por onde for, ser seu par'.
Despido, fugiu da encruzilhada
O anjo caído
Já não queria acordos e almas
Ou mesmo, consolo.
Seus olhos e pele gritavam por amor.
Por paz.
E o som que se ouvia distante,
Era um arroto.
Via-se pela via, ainda morno, em trilha.
O sorriso blasé
O sangramento escondia.

21 de outubro de 2018

O Vazio da Classe Média

   Sim, muitos vão querer o quê você tem. Pessoas dirigindo o próprio carro, postando foto "da viagem mara" da mesa do escritório naquela pausa pro café. Sim, eu sei de você. Sei que você levou a faculdade a sério, que foi a festas memoráveis e que, se formou no tempo certo. Sei que você tem compaixão pelo seu amigo proximo que não tá indo pros chops da galera porque tá faltando grana. Sei que você atura um monte de gente chata porque não tem escolha, porque sozinho dá medo - tá certo, você está fazendo e sempre fez tudo certo. Sei que você gosta de ficar levemente embriagado, de sentir o gosto da picanha e que tem vontade de socar o cara do trabalho que não cala a boca. Sei que todo Domingo antes de ir dormir você faz um monte de planos e revê a sua vida, soltando um suspiro, achando que tá sem fôlego. Sei que você pensa que as parcelas e as contas estão em dia, que a geladeira ta gorda e que sua vida está em ordem.
   O quê de fato sei, é que essa sua infelicidade nunca vai embora e que você nunca vai encontrar "o quê te falta" enquanto não entender que o mundo tá doente porque as pessoas trazem chocolate do freeshop pra colegas de trabalho que não suportam, transam sem um mínimo de troca, escrevem poesias pra enaltecer ou curar o ego e não, pra espalhar emoção. Alguns doam até o próprio sangue e beijam os filhos na testa, antes de pensar na gostosa do Whatsapp e em trocar de carreira pra ficar mais em casa afinal, a esposa é parceria... não dá pra trair, né? Pensam ainda em perguntar como foi o dia do porteiro, dando bom dia pro caixa da padaria e abraçando os proprios pais mesmo sem reconhecer o cheiro da pele deles... parece um esforço, eu sei cara. Nada disso faz passar, né? Nada disso acalma o teu coração, nada disso te preenche. Você pensa em voltar a surfar, andar de bicicleta, fazer trilhas, correr maratonas, voltar a estudar. Ler o próximo livro sobre empreendedorismo e autoconhecimento, fazer Yoga, jiu jitsu. Fazendo uma força cada vez maior pra ser gentil, calmo e mandar aquele "faaaala, tudo certinho?" depois de socar a parede ou chorar escondido. Vai lá cara, continua. Você tá fazendo tudo certo.
   Muitos vão querer até "o nada" que você tem. Mas poucos estão dispostos a pagar o preço.

17 de outubro de 2018

Sunnybrook Hospital E Wing ale, Patient Records

Rising sun, scratching bones
Twilight dreams of broken songs
Sang me one, repeating twice
Took my chances by rolling dices
Fallen asleep while you can
Lost in dreams won't tell you when
Peace, love, disturbing horror and gore
Still pretending, who feels it sore?
They've put me aside
Not despite nor beside
Aside, nothing more
Time will tell stories 'bout hell
Lost breath, dingling bells
Screaming regrets, blowing in the wind
Traced lines, scarred skin
Cursed land had made me cold
In the hands of her
I've been saved by love.