Total de visualizações de página

2 de outubro de 2010

Como um dos Oceanos.

   Descobri esses dias que mesmo com a falta de tudo, tudo eu tenho dentro de meus próprios delírios causados por drogas que me matam em corpo e me libertam em pensamento: sentimentos. Eles saem de dentro de mim, vão em direção a todos os que percebem o que se passa, fazendo do claro fumaça. 
   Eu sei sorrir e não quero perguntas, nem palavras... quero gestos. Quero olhares... música ou talvez um abraço. Pode-se se dizer que nem sei ao menos o que quero, mas aqui ainda espero. Pra saber se algum dia poderá haver a soma de nada. Nada e mais nada. Somado a nada. 
   Digam-se elogios, palavras de conforto. Matam-se a carência em beijos mortos e em palavras que falam de algo sujo entre bocas com gosto de menta. Com cheiro e carne morta, não minto. O morto me atrai. Faz de mim um "feliz-triste" que chora e sabe que a felicidade existe. E coloco tudo pra fora em doses homeopáticas de risos, brincadeiras de dedo em ombro e nariz, besteiras, entorpecentes e muita poesia. Simplesmente porque a vida é linda e eu... bem, eu também.
   Diria eu que pontas feriram como espinhos, num repetitivo e conhecido saber e conhecer da dor. Sobre dor e para dor. Não digo o que diz mais nada além do que quer dizer: Não mais existe. Foi-se com passado, e quando voltar apenas vou sentir o cheiro, mas não o toque. Porque o passado não volta. 
   O mundo não acaba em ausência ou vácuo. Ele começa. Livre aqui estou, para começar..., para reaprender a amar e dizer que meus sonhos voltaram para meus braços, meu colo e meus cuidados. Tudo meu. Reconstruídos..., e tão lindos como penas de pavão ou um por-do-sol na linha vermelha do horizonte. Um sopro de outono rumando ao encontro do brilho esbranquiçado do inverno. Com agua salgada de mar. 
    Com a energia de uma tempestade, pretensioso faço de meu mundo um oceano. Revolto, inconstante, calmo, pacífico, gélido, índico, pulsante, quente. Abrigando geleiras, abrigando vulcões. Contendo partes desconhecidas e intocáveis.
    E para quem vê de fora, que se deliciem com a fúria de minhas ondas, que sintam-se encantados com a beleza do sol vindo de mim, se escondendo em mim. Da noite se encobrindo de estrelas em nuvens, me encostando com seu choro em chuva. Da lua buscando abrigo com seu reflexo sobre meu espelho d'água. Sem esquecer dos ignorantes que sujam o que é meu, com seu lixo e pedaços que não me fazem parte. O que me pertence está dentro, o que não quero já virou, vai virar: deserto.


E visto como um todo...


...lindo. Pretensioso por si só. Pois existe, cheio de vida.